Muitos cidadãos europeus, o meu caso concreto, não perdoaram a Bush o facto de não ter assinado o Protocolo de Quioto com base nos seus critérios economicistas que prevaleceram sobre as dramáticas questões ambientais em causa.
Agora, sob pressão do Governo alemão a braços com a indústria automóvel que tenta salvar a todo o custo, a União Europeia acaba de atraiçoar a sua população com um importante retrocesso nas medidas anteriormente acordadas para diminuir a carga poluente das viaturas fabricadas.
De acordo com o Público, as alterações agora aprovadas implicam um adiamento de dez anos na aplicação das regras anteriormente definidas.
Mal por mal, prefiro atitudes frontais e inequívocas como as que Bush protagonizou.
Qual é a mensagem que os Governos desta Europa refém do poder financeiro transmitem a países como a Índia ou a China com este vergonhoso recuo?
E a que ponto já chegou a passividade dos cidadãos deste Velho Continente que dessa velhice não aproveita a sabedoria e hipoteca de forma descarada a sobrevivência de todo um planeta em prol da (tentativa de) salvação de empresas que, às tantas, poderiam ruir para dos seus escombros nascerem outras devidamente preparadas para fazer face aos problemas que nos ameaçam, para que isto possa acontecer sem sinal de protesto por parte de quem irá suportar a factura desta gestão imediatista, eleitoralista e irresponsável?
Nunca fui um entusiasta desta União Europeia concebida por políticos e desenhada à medida da sua forma de pensar e de agir, em boa medida à revelia das opiniões dos cidadãos. Sobretudo na sua componente pró-federalista que se evidencia neste tipo de panelinha entre iguais para abafarem com paninhos quentes as consequências da trampa que fizeram ou permitiram, numa exibição de inépcia que vai certamente custar-nos mais cara do que qualquer das repercussões da crise financeira ou mesmo económica.
E distancio-me cada vez mais desta realidade política que me enoja na sua falta de vergonha e de pudor, adivinhando sem dificuldade o preço no futuro da minha filha e da sua eventual descendência desta fase negra da liderança paupérrima que as democracias europeias (a nossa também) conseguem produzir.