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Dez08
AMÁLIA E ZECA
shark
É verdade. Nestes dias especiais para a portugalidade de que não abdico ouço sempre estas duas vozes que mais personificam o meu sentir portuga.
E pela própria simbologia desta dupla de ícones redescubro em mim uma Pátria que não é de esquerda nem de direita mas sim de todos os que a constroem única, nossa.
Choro, sim. Choro quando ouço qualquer um destes dois portugueses de que me orgulho e cujo talento e emoção transcendem as peles mesquinhas que lhes colamos quando os distinguimos pela “cor” que, de resto, nenhum assumiu em emblemas ou afins.
Foram acima de tudo portugueses, daqueles que explicam o porquê de ter valido a pena o que aconteceu em 1640 e hoje celebramos. Sim, tenho orgulho no meu país. Imenso, porque uma Nação vale pelo conjunto da sua História e nunca pelos desgostos nascidos de uma fase infeliz. E sim, acredito que uma liderança em condições faria renascer na boa em cada um de nós a alma que nos levou a enfrentar o mar e os inefáveis castelhanos que nunca nos largaram a porta.
Já nada me move contra os espanhóis de cujo jugo formal nos libertámos no dia que esta efeméride comemora, desde que me garantam que desistiram em definitivo de beliscar sequer esta Nação independente como a exijo e não hesitaria defender pelas armas nessa condição.
Ser nacionalista não obriga de todo a hostilizar seja quem for que não ameace a existência de tudo quanto faz desta terra o Portugal que amo muito mais do que a Deus.
Obriga apenas a respeitar os que nos antecederam na luta pela preservação disto que somos e me repugna, a qualquer pretexto, ver renegar.
Choro, sim. Choro quando me sinto parte de tudo quanto a Amália e o Zeca imortalizaram com as suas vozes e as suas emoções, as suas almas portugas com as quais me identifico muito para lá das ideologias políticas ou de outros pormenores irrelevantes que em nada me desviam do essencial.
Tenho orgulho em ser português e obrigo-me a transmiti-lo à minha filha da mesma forma que o bebi, de lágrimas no olhos e o coração descompassado pelo arrebatamento da emoção com que vos escrevo esta posta.
E por isso não hesito em gritar o amor pela minha Pátria sem admitir qualquer tipo de conotação com as posturas ditas nacionalistas mas que estão para Portugal como as claques estão para os clubes com que se pintam.
O amor não se explica. Tal como não se presta a qualquer tipo de contestação.