Às vezes é como uma corda que se lança, alimentando uma secreta esperança de que alguém se predisponha a agarrá-la por conseguir percebê-la nessa condição.
Uma espécie de tábua de salvação para não nos afogarmos nas águas revoltas das nossas incertezas, de algum estranho remoinho interior que um gajo não consegue sozinho combater.
Coisas que não podemos partilhar senão com quem não as sinta como uma ameaça, que não desminta aquilo que verdadeiramente se passa sob o medo ou a fúria tão susceptíveis de conduzir a más interpretações.
Outras vezes é como um momento de descontracção à mesa de uma esplanada virtual, um tema de conversa que se arrisca nessa constante busca de atenção que nos destaque da multidão que prefere assistir em silêncio, discreta, àquilo que os outros tenham para dizer.
Coisas que possam interessar a quem se vista destinatário com o clique aleatório numa espécie de campainha do portão de quem se assuma anfitrião de um espaço vocacionado para oferecer um tempo de qualidade, uma porção de realidade pintada em html.
Palavras que saibam a mel ou ideias disparatadas que despertem o sentido de humor.
Palavras que falem de amor, ou de tristeza, ou apenas reflictam a ligeireza com que encaramos algum fait divers.
Palavras acerca de alguém que se quer ou antes pelo contrário, a disputa inócua com um adversário de circunstância que nos tomou de ponta ou apenas serviu de alvo para a mira técnica da nossa embirração por se revelar hostil.
Às vezes é como um grito para marcar a nossa presença, para vincar a nossa insistência em garantir um lugar que sempre alguém insiste em contestar no merecimento.
A teimosia de quem se acredita com algum talento para cumprir determinada função.
Coisas que até podem nem passar de uma ilusão publicada, uma tentativa frustrada de provar a nós próprios e aos outros que no mínimo conseguimos manter, doa a quem doer, um ritmo acelerado, aqui e além mais conseguido e capaz de nos angariar o reconhecimento mais o prazer da comunicação com gente especial.
Outras vezes é como um pontapé no vazio, um acto falhado que se vê divulgado pela nossa própria falta de lucidez, sempre que embarcamos na insensatez de avançar sem primeiro avaliar com prudência, sem termos a paciência de vestirmos a pele de quem nos escolhe para preencher uma parte do tempo a investir nos outros e que só por isso nos merece o melhor.
Coisas que nos saem sem pensar, como as calinadas na vida “lá fora”, coisas que mandam embora as pessoas sem paciência nem motivação para nos aturar.
Palavras que podem defraudar as expectativas ou ideias que são causas perdidas lançadas a público sem medir as consequências e as repercussões de algumas das nossas reacções mal ponderadas.
Palavras que se sentem como chicotadas e talvez até pudessem não conhecer a luz do dia recriada por um monitor onde acabamos por expor bem mais do que tencionamos, de cada vez que enfrentamos o momento de o animar com algo que nos desenhe com maior definição. O esboço de uma emoção proibida ou a caricatura de um aspecto da vida que nos desagrada, retalhos capazes de facultarem pistas para a essência que nos queiram absorver.
Nas palavras que precisamos dizer para que a liberdade expressão aconteça, para que cada um de nós a mereça e aprendamos uns com os outros, sem pressas, aos poucos, a usufrui-la de forma criativa na vertente proactiva que um blogue representa quando o alimentamos da verdade como a entendemos ou simplesmente com a beleza que sejamos capazes de reproduzir.