Acho admirável a pachorra dos portugueses para com os seus líderes ou responsáveis por qualquer sector. Podem até dizer cobras e lagartos de quem os chefia ou apenas assenta no topo da pirâmide de uma organização qualquer, mas deixamos a coisa correr mesmo quando é evidente o erro de casting.
Vejo esse fenómeno espelhado na insistência do Sporting numa dupla de cretinos, presidente e treinador, que estão a escavacar o popular clube lisboeta. Mas ainda o vejo mais nítido na forma como o PSD atura os desmandos da sua Manuela tonta.
É que se num clube desportivo, sabendo todos aquilo que está em causa, não chovem os candidatos à liderança, no maior partido da oposição seria no mínimo confrangedor chegarem à conclusão que têm mesmo que amparar uma líder manca.
Das várias e cada vez mais infelizes declarações daquela que parecia ser uma promessa adiada dos laranjas, a de ontem (a que fiz alusão numa posta mais abaixo) foi a mais grave de todas.
E isso não passa apenas pelo teor desastrado (descarado?) da intervenção de Manuela Ferreira Leite, embora isso já constitua um péssimo augúrio para o acto eleitoral que se aproxima.
Do ponto de vista político, a calinada da líder do PSD constitui um revés igualmente na forma como o protagonismo de MFL abafou por completo a oportunidade que as declarações do Banco de Portugal a propósito da situação real da economia (que desmentem de forma flagrante as previsões “optimistas” com que o Governo se escuda aos efeitos secundários da crise financeira global) constituíam para poderem finalmente fazer oposição a sério.
Nesta perspectiva, a líder do PSD não se limitou a dar um tiro no próprio pé. Atirou também para o ar a distracção perfeita para a secundarização do que verdadeiramente interessava ao seu partido em termos de estratégia político-partidária.
E se eu não percebo como é que os adeptos leoninos assistem impávidos à desagregação do seu clube às mãos dos lorpas, ainda menos consigo entender a reacção amorfa das gentes do maior partido da oposição num país subordinado a uma maioria absoluta perante os desvelos da sua péssima escolha.
Sobretudo jamais lhes perdoarei se permitirem a recandidatura à Câmara de Lisboa por parte do imbecil que privou a minha filha e a mim próprio da Feira Popular que tanta falta nos faz.
Essa afronta já não entra naquilo que se pode esperar no domínio natural de um grupo passivo de alimárias capazes de engolirem em seco tanta tolice, entra directamente no que entendo por prejudicial aos interesses na Nação no seu todo pelo que está em causa.
O preço a pagar, nas urnas, poderá ser o prenúncio do funeral social-democrata em matéria eleitoral por vários anos.
E se ao Sporting agito com um fantasma chamado Boavista, ao PSD aceno com uma nova ASDI mas muito mais desmobilizadora e certamente bem mais apetrechada de argumentos e de pessoas.