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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

17
Nov08

A POSTA NO DESABAFO LAMPIÃO

shark

A glória de um clube desportivo mede-se pelo brilhantismo das suas conquistas, do número de troféus alcançado. Mas a sua grandeza depende em muito do calibre da sua massa associativa, dos adeptos que enchem estádios e estimulam os seus atletas com a força de uma voz em uníssono e com o peso dos milhões que a sua atenção aos feitos do clube geram em torno, acima de tudo, de uma modalidade específica.

O futebol acaba por se sobrepor a tudo o resto e nenhuma glória alcança a notoriedade de uma obtida naquele que se assume como o desporto rei.
E os dirigentes de qualquer clube tornam-se reféns do circo montado, obrigados a fomentá-lo a todo o custo e a engolirem (ou a obrigarem outros a fazê-lo) sapos do tamanho de uma claque “institucional”.
 
Eu frequentei estádios sobrelotados, nomeadamente o da Luz, onde o entusiasmo se fazia sentir muito mais do que hoje e em nada dependia de qualquer claque organizada. Era assim, a malta gostava e a malta apoiava e mesmo quando as coisas não corriam tão bem no balanço de uma época, ganhavam outros, a glória saía um nadinha beliscada mas a grandeza era reforçada, por exemplo, pelo ruído de fundo do saudoso Terceiro Anel.
 
Nos anos recentes tenho sofrido, como qualquer benfiquista, o desalento de sucessivos fracassos que ameaçam fossilizar as glórias que no passado o meu Glorioso conheceu. Em nada esmoreceu o meu benfiquismo, mesmo quando me apercebi do rumo desastroso que as Direcções do clube estavam a traçar e começaram a surgir a lume as broncas financeiras que explicaram os desaires desportivos e os tornaram quase inevitáveis no contexto daquilo a que alguém baptizou de o “sistema”.
 
Contudo, não existe sistema capaz de ameaçar a grandeza de um clube desportivo. Nem mesmo quando a derrocada de um clube atinge o ponto de o retirar do principal palco do futebol, a Primeira Divisão que hoje chamam a Liga. Exemplos não faltam, como o da Académica, do Leixões ou mesmo do Belenenses, agremiações que penaram em dado momento da sua história e viram ofuscada a sua glória mas nunca perderam a grandeza que lhes está associada.
Curiosamente, ou talvez não, as claques destes clubes não costumam surgir associadas aos desacatos cada vez mais frequentes nas parangonas.
 
As claques são indissociáveis do clube que apoiam e a recíproca é verdadeira. Por isso mesmo, sempre que os elementos de uma claque assumem o papel de desordeiros é inevitável uma associação de ideias que jamais poderá beneficiar a imagem seja de que clube for. Em menos palavras, as claques como as vemos hoje prejudicam claramente um clube naquilo que mais o sustenta: a sua grandeza.
Porquê? Porque vulgarizam a colectividade, porque afastam pessoas decentes dos estádios, porque criam uma falsa percepção de que o seu clube é um antro de rufiões.
Este é o paradoxo com que os dirigentes desportivos se confrontam, a sua pescadinha-de-rabo-na-boca: se hostilizam as claques, para além de terem que as enfrentar no lado menos simpático arriscam-se a ver ainda mais clareiras nos estádios que as claques muito ajudam a esvaziar. E se as apoiam acabam por criar as condições para que estas se tornem cada vez mais importantes para a manutenção da tal grandeza que os números nas bancadas também representam.
 
Mas qual é a dimensão de um clube representado por grupos organizados de gente violenta, capaz de protagonizar os acontecimentos que ainda hoje as televisões divulgaram? Como pode qualquer benfiquista acreditar que estas imagens beneficiam o clube de alguma forma?
Claro, o fenómeno não é exclusivo do meu Benfica. Nem sequer se trata de um exclusivo nacional. Mas com os males dos outros podemos nós, lampiões, que teremos sempre vaidade numa claque capaz de pintar as bancadas de vermelho, mesmo quando a equipa perde, mas nunca poderemos vangloriar-nos de termos connosco os melhores incendiários de autocarros, vândalos de bombas de gasolina ou agressores de jornalistas.
 
É que não existe glória possível nessas ignomínias.

E a grandeza do clube esboroa-se um pouco de cada vez que são estas as chamadas de capa associadas ao seu emblema.

17
Nov08

E PARA TERMINAR A TRILOGIA: UM TIRO NO PORTA-AVIÕES

shark
17
Nov08

NÃO FAZ DE CONTA

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