Numa altura em que a crise se faz sentir no meu negócio como em qualquer outro e até na publicidade de seguradoras de vão de escada se dão ao luxo de debochar com o estatuto do mediador (intermediário) para justificarem os preços de saldo, devem imaginar como me sinto quando alguma das companhias que represento se revela incapaz de servir as pessoas com o brio e a dignidade que merecem.
Acontece em qualquer ramo de actividade, neste país de preguiçosos e de amadores, pelo que não é de estranhar que se repercutam no meu ofício as mesmas mazelas que já por aqui desabafei quanto a outros tipos de bem ou serviço.
Mas dá-me cabo do dia, esta sensação de impotência depois de um bom pedaço do meu tempo investido em tentar chamar as pessoas à razão que melhor serve os meus clientes e, no caso concreto, melhor serviria os interesses (nomeadamente a imagem) da própria empresa em causa.
Dá-me cabo do dia, da motivação e da esperança no futuro da minha actividade nesta terra de gente sem noção de que o progresso invariavelmente acaba por banir os menos capazes, nem que seja porque o maior acesso à informação permite a comparação fácil que só a preguiça das pessoas na leitura dos contratos que assinam evita assinar-lhes a guia de marcha para a reengenharia forçada.
Ou para um destino equivalente ao que têm sofrido diversas organizações devidamente penalizadas pela sua desadequação aos tempos que correm: a integração em grupos mais poderosos ou em multinacionais.
Na prática, o seu fim.