Ora vamos lá ver…
Empatar ou mesmo perder um jogo de futebol, mesmo que o adversário seja o Arrifanense das selecções, não é vergonha para ninguém.
Mas o seleccionador passar o tempo a mandar vir por tudo e por nada, a despropósito, o capitão da equipa fazer caretas para o público por causa dos (mais do que merecidos) assobios, o presidente da Federação Portuguesa de Futebol abandonar a bancada vários minutos antes do final da partida e ninguém aparecer para falar com os jornalistas, se tudo isto não é vergonha podemos pelo menos considerar um nadinha embaraçoso.
Isto, claro, se continuarmos a partir do princípio de que os futebolistas que envergam as cores nacionais nos representam em campo enquanto nação e não assumirmos que o excesso de mimo e de protagonismo os leva a representarem-se apenas a si próprios…
Quero com isto dizer, e apesar da minha indisfarçável irritação pela trampa de exibição dos astros do futebol milionário dos clubes que, sob a égide das quinas, parecem fazer gala da preguiça que está a deitar tudo a perder no que concerne à qualificação.
Pior ainda, esta geração de platina (que a de ouro foi o que se viu) está a desenhar no horizonte um retrocesso que nos transporta de novo ao tempo em que partíamos a tola a fazer contas. Se a equipa A perder com a C e a B não ganhar por mais de não sei quantos golos e a D empatar dois jogos seguidos vamos lá.
Isto, claro, se ganharmos alguns desafios entretanto. Uma tarefa que se revela quase impossível em face do que hoje se passou.
Nem vale a pena falarmos de futebol, esse desporto rei que vai nu, ou de cada uma das (fracas) figuras que hoje envergaram uma camisola que é uma bandeira e por isso justifica que dêem o litro com muito mais gana do que o fazem nos jogos de treta das taças disto e daquilo contra o Paços de Ferreira ou o Leixões.
A selecção nacional jogou contra um dos mais débeis adversários que lhe podem calhar, metade do jogo em superioridade numérica, e não ganhou e, pior ainda, não fez por merecer essa vitória que no caso em apreço seria quase uma obrigação.
O empenho nota-se, como os fraquitos albaneses demonstraram (enfatizando ainda mais a ronha preguiçosa das vedetas a quem o povo glorifica sem nexo algum).
Estou desiludido, naturalmente, mas estou acima de tudo saturado de investir tempo e emoção num conjunto de palermas incapazes de perceberem que a sua glória dura meia dúzia de anos e é esse o tempo em que podem provar-se à altura.
À altura de um povo que, em boa parte, ainda não ganhou coragem para tirar das varandas e janelas as bandeiras esfarrapadas que pelo Euro 2004 quase toda a gente instalou.