Pode ser impressão minha, pois já não circulo tanto pelos blogues de topo, ou da moda, ou como lhes queiramos chamar, mas parece estar a renascer o espírito trauliteiro nos posts e nas caixas de comentários. Curiosamente, esta onda dos recados postados e dos insultos cifrados faz-se sentir mais entre aqueles que olham para blogueiros como eu e lhes atribuem o rótulo de small blogger (uma expressão que me arrepiou no próprio dia em que a encontrei, provinda de um geek ou lá como os chamam).
Eu presumo que small blogger não tenha a ver com o tamanho da pessoa que bloga ou mesmo com o do seu QI mas sim com a dimensão dos números nos contadores, o que ainda torna mais arrepiante a tal expressão vinda da boca de gajos que percebem muito do xpto desta cena e até conseguem o milagre da multiplicação dos cliques mas ou escrevem com os pés ou são tão desinteressantes como as pedras da calçada que com eles pisam.
Mas isto é só a minha opinião, irrelevante nesse contexto da menoridade atribuída pelos “big bloggers” como o Pacheco Pereira e mais um grupelho de colegas que queriam ser como ele quando forem grandes, pelo menos no número de visitas e na notoriedade.
Certo é que mesmo os blogues tidos por mais inteligentes (ou feitos por pessoas com essa reputação, o que vai dar quase o mesmo mas não necessariamente) desdobram-se em invectivas contra os seus pares e entramos na tal pescadinha de rabo na boca em que toda a gente opina acerca das opiniões dos outros e de original pouco ou nada se produz.
E essa onda foleira contagia mesmo os melhores de entre nós, esses dez por cento que agora já estão reduzidos a apenas um (um por cento e um abrupto), tudo servindo de pretexto para se engalfinharem aqui e além (isoladamente ou em grupo) mesmo quando o assunto é a própria blogosfera e a sua (re)definição à medida da evolução do tempo e das reacções alérgicas de alguns poderes instalados.
Pode ser impressão minha, mas estas vagas de hostilidade verbal diminuem de alguma forma o interesse que um blogue pode despertar nos “de fora”, nas pessoas que buscam sites nos motores e vêm parar aos espaços desta comunidade que formamos (quase) sem elos de ligação que não os da traulitada recíproca. São tantos e tão empenhados em inventariar os defeitos e as lacunas, como é típico da atoarda mais ou menos personalizada (honra seja feita aos que pelo menos lincam os bois que querem mesmo chamar pelos nomes) que dantes era apanágio de zé-ninguéns como eu e agora chegou aos notáveis da cena, são tantas as palavras e o esforço intelectual investidos nesse terreno pantanoso que acabam por ficar de fora muitos dos argumentos que sustentam a validade da blogosfera enquanto veículo de opinião séria e de informação não filtrada.
Ou seja, um desperdício que nos desprestigia enquanto pessoas capazes de pensar (sentir) bem e comunicar melhor como é suposto acontecer na blogosfera mais crescidinha.
Que, de resto, não é a minha.
Mas vistos cá de baixo, convenhamos que os grandes deste nosso mundo aparte soam e parecem cada vez mais chavalos.
E alguns se calhar só vão parecer tão crescidos até ao dia em que já não aguentarem as dores por ficarem tanto tempo em bicos de pés.