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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

12
Out08

SOMOS MESMO BONS, PÁ, OS OUTROS É QUE NOS ATRAPALHAM

shark

Basta uma vista de olhos pelos comentários deixados nesta notícia para justificar a necessidade de manifestações contra a xenofobia, uma tentação para quem precisa de bodes expiatórios para sacudir do capote toda a água que nos últimos anos se meteu.

Essa culpa que morre solteira, a das gerações que permitiram (ou fomentaram) os desequilíbrios que antes mandavam portugueses para os mais variados destinos e hoje nos tocam em sentido inverso pela capa de riqueza que a Europa representa, expurga-se nos desabafos dos que se acreditam superiores apenas por não precisarem de sair do seu país.
 
Existem, de facto, estrangeiros indesejáveis em Portugal como o são no seu próprio país. Como existem portugueses indesejáveis nos países dos outros, daqueles que choca ver expulsos pelos norte-americanos para a terra de origem da qual nem a língua lograram aprender.
Também há gente estúpida de todas as cores e nacionalidades, pois o teor dos comentários à notícia que destaco repete-se quando o assunto é abordado sob outras linguagens ou bandeiras.
Ou seja, é bem provável que num jornal qualquer da Roménia surjam comentários xenófobos contra a comunidade ucraniana residente naquele país. E que num qualquer jornal ucraniano se possam ler os desabafos contra as hordas de chechenos que lhes invadem os estaleiros de construção civil de onde desertaram os indígenas para Portugal ou assim.
 
Ou seja, quando as coisas correm mal toda a gente aponta o dedo à ameaça estrangeira e de repente as pessoas passam a ser medidas pela bitola do BI. Ou pela da cor da pele, esse certificado de estrangeirismo que nem aos nascidos na mesma pátria concede uma nacionalidade comum. Pelo menos na percepção dos broncos que fingem não reparar que a esmagadora maioria dos mânfios que nos intimidam chamam-se João ou José e não possuem sotaque africano, brasileiro ou eslavo e preferem erguer a sua voz contra a parte mais fraca do seu tecido social em desagregação.
Soa cobarde, para além de injusta, esta forma enviesada de descartar para os gajos, os pretos e os moldavos das obras, a preguiça que leva portugas de gema a preferirem o subsídio de desemprego (que paga quem trabalha) e a deixarem para os de fora (aqueles que querem mandar embora) os empregos ligados aos baldes de argamassa e ao assentamento de tijolos nos edifícios como cogumelos que depois ninguém consegue comprar.
 
A culpa é toda dos estrangeiros que cá estão, claro está, e se não fossem eles isto seria uma maravilha de país onde as jovens lusitanas abraçariam a carreira da limpeza doméstica de onde sairiam as malandras das russas e georgianas, uma nação de trolhas brilhantes e orgulhosos do seu ofício agora interdito pela presença massiva de brasileiros, cabo-verdianos e engenheiros civis do Azerbaijão.
E mais, as mulheres portuguesas sem arte nem talento para cativarem os seus homens poderiam finalmente exibir os seus dotes depois de livres da concorrência das brasileiras que os enlouquecem de Bragança até Castro Marim.
 
Por isso é realmente anti-patriótico promoverem manifestações contra a xenofobia que tanto contribui para o desenvolvimento nacional, para o crescimento do PIB e para a resolução de tudo quanto de mau podemos encontrar e que facilmente percebemos associado à presença indesejável de pessoas de outros planetas neste paraíso chamado Portugal.
 
Vale-nos a sabedoria desta fracção de povo com raça pura e sangue isento de influências perniciosas, mais o seu empenho em ocupar os postos de trabalho roubados pela estranja e em desempenharem com garbo o papel que lhes tem sido vedado na construção de um país que seria, com a sua intervenção e livre dos maus que são todos os outros, muuiiito melhor.

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