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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

23
Set08

É MESMO DE CHORAR SOBRE ESTE LEITE DERRAMADO

shark

Fico possesso quando me deparo com as imagens televisivas da hedionda versão de boicote que um bando de rufiões (aparentemente agricultores espanhóis) escolheram, abrindo perante as câmaras de televisão as torneiras de um camião cisterna português carregado com 25 mil litros de leite em perfeitas condições.

Imagino tais imagens a circularem o mundo até chegarem aos olhos de mães a quem morrem os filhos no colo por inanição, ou pelo menos ao conhecimento dos poucos de entre nós, o rebanho de carpideiras de sofá, que lutam no terreno para salvarem o máximo possível de vidas no lado negro deste mundo onde a insanidade parece ter sempre a razão.
 
Repugnam-me os sorrisos na cara dos imbecis que assim marcaram a sua posição, enquanto já se afiam as naifas da vingança do lado de cá da fronteira, preparando mais um banho branco no asfalto que traça os caminhos da estupidez de quem se comporta desta forma vil.
Sinto-me insultado. Tanto ou mais do que perante as culpas chinesas do leite bom e balato que já envenenou a saúde de mais de 50 mil crianças e, tudo indica, não ficará por aí na contagem.
A cidadãos desta Europa tão civilizada nas manias e cristã nas teorias não se perdoam gestos tão egoístas e levianos quanto cruéis, com aqueles sorrisos imbecis a pedirem estalada à beira daquela estrada que entenderam conspurcar com a sua brilhante iniciativa.
 
Gozamos com o resto do mundo nestas exibições grotescas que nos denunciam a postura hipócrita de falsos preocupados com a condição seja de quem for.
Cuspimos nos rostos famintos estas imagens boçais do desperdício que representamos, da culpa que assim nos veste por esbanjarmos tudo aquilo que faz falta a outros seres humanos que assim percebem o quanto não os entendemos como nossos iguais.
E somos todos culpados por permitirmos a impunidade de quem alegadamente luta pelos seus direitos na quota desta merda de mercado que se acredita importante ao ponto de agirem assim e acreditarem legítima a actuação os seus protagonistas ou figurões.
Figurinhas tristes, afinal.
 
E eu preferia poupar-vos à maçada deste desconforto que sinto, mas não consigo conter o silêncio. Por respeito a todos aqueles a quem faria muita falta aquele leite estragado cuja visão, garanto-vos, muito me azedou.

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