E de facto chega a um ponto em que parece estar tudo dito e que nada de novo pode acontecer para desmentir essa percepção.
Pura preguiça, afinal, ou apenas um pretexto para disfarçar a cobardia que fica tão mal quando exposta na fractura da desistência. Terrível de assumir, a fraqueza que embaraça num mundo habituado a celebrar a força aparente dos outros como que a louvar a sua, por comparação.
Parece, mas não é.
A realidade não é imutável e muito menos imóvel porque o tempo corre e acontece a evolução que precisa de ser contada. Tudo diferente há um minuto atrás, esquecida a maior parte do que antes aconteceu.
Importa o que se passa agora, no momento de preparação do que acontecerá depois. O muito de novo por dizer que desmente a desculpa esfarrapada para a falsa partida que derrota alguém antes mesmo de competir. Por si mesma ou apenas para não ceder à pressão dos que buscam os maus exemplos para não fazerem má figura no boneco onde se comparam de forma fútil e leviana os valores, a valia pela bitola de um mau momento que alegadamente deita tudo a perder.
Futilidade adornada com a análise mais profunda a uma superfície envernizada pela ambição que nem sempre revela pernas para andar e tropeça na corrida ao topo da cadeia alimentar, seja ela qual for, apenas pelo medo de enfrentar a derrota e consequentes fenómenos de rejeição por parte dos simulacros de vencedores.
Cagufa, travestida em bicos de pés pelo discurso que desdenha os que perdem na balança adulterada dos que se colocam num dos pratos, toneladas, e pesam os outros à luz desse resultado obtido na conclusão inevitável de uma subjectiva introspecção.
A colagem descarada aos mais bem sucedidos na projecção de um ideal a que nem correspondem, a versão adulta dos mais populares no grande liceu. A farsa dos que enfatizam os méritos para afastarem os olhos das suas limitações, iguais a todos os outros no essencial e nos pontos fracos também, adulados pela claque cujas palavras e acções se equivalem aos coloridos pompons.
E o público na bancada a aplaudir, a construir os estatutos forjados na falsa noção transmitida pelos que se pintam melhor. Os termos de comparação que abafam as veleidades dos que queiram assumir grandezas e misérias, as pessoas mais sérias que se tornam enfadonhas pelo barulho das luzes que acontece em qualquer rebanho ou multidão.
As pessoas que acreditam, corajosas, persistentes, que sempre existirá algo de novo e de interessante para pensar, sentir e dizer.
Nem que seja apenas para dizerem que não.