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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

29
Ago08

A POSTA NO UMBIGO DE HOJE PORQUE NÃO O TENHO POR GARANTIDO PARA AMANHÃ

shark

Muito (quase tudo) do que fazemos ou deixamos por fazer é fruto do mero acaso.

A coincidência no cruzamento dos caminhos, a sorte e o azar, a vontade e a disponibilidade muitas vezes criada a custo, contra uma série de obstáculos potenciais, que se deixa por concretizar.
“Fazer planos” é uma expressão ininteligível para mim. Porque pressupõe a existência de um amanhã que não está garantido seja para quem for, porque adia a concretização de algo que era para ser feito hoje, agora, e nunca depois. E porque um plano dificilmente passa de uma declaração de intenções, tão vulnerável se prova perante as inúmeras circunstâncias que o podem alterar ou mesmo excluir.
 
Nisto não se presuma o livre arbítrio a comandar o início de cada novo dia, a versão “extremista”, mas apenas a racionalização do facto de ser ambiciosa mas irrealista (quase arrogante) a fé no dado adquirido que boa parte das vezes se converte numa desnecessária desilusão.
O destino, ou Deus, ou acaso, ou aquilo que quisermos chamar à gigantesca incógnita que qualquer futuro representa, transcendem-nos com o seu poder e ditam as regras a toda a hora, mesmo que queiramos conceder-nos o benefício da dúvida na responsabilidade por uma realização qualquer.
Só depois de feito, só depois de acontecer, o plano pode revelar-se coincidente com o desfecho que arriscámos na previsão. Mas pode verificar-se precisamente o contrário e nem me parece que a estatística beneficie a versão optimista dos que traçam com rigor os passos que não sabem se efectivamente darão amanhã.
 
Considero mais cautelosa e frutífera a noção de que hoje, agora, podemos ter como garantida qualquer das nossas acções, qualquer das nossas contrapartidas pelos momentos menos bons que possamos acautelar quando são viáveis, certas. Adiar implica arriscar o fracasso enquanto fazer só acarreta a possibilidade de resultar menos bem e de ser necessário repetir para fazer melhor ou ter que viver com a mácula. Varia consoante a pessoa.
 
Há muito deixei de acreditar, e não se leia nisso qualquer espécie de frustração, no planeamento para o futuro-interrogação que me deixa à mercê do tal mero acaso tão hábil em trocar-nos as voltas. A cada esquina (do tempo) pode surgir sem aviso o desmentido formal da tal certeza no cagar de tudo aquilo que logo se vê amanhã.
Por isso forço muitas vezes a antecipação daquilo que desejo aconteça e com isso incorro no excesso de pressa que intimida muitos daqueles que lidam comigo em qualquer das minhas dimensões.
Por isso baralho tanto o rigor das previsões e das certezas de quem calha partilhar comigo de forma mais próxima o tempo que tenho, o tempo que tive ou o tempo que me resta por gastar.
 
É a minha forma de estar na vida, assumida nos seus benefícios e devidamente punida pelas suas contradições. Decidida ao sabor das contigências a que sou alheio, vivida de acordo com a estrutura primordial do homem que sou, tantas vezes em rota de colisão com formas diferentes da minha, algumas tão do agrado de quem comigo se cruza agora, cruzou no passado ou, quem sabe, acabará por partilhar comigo um lapso de tempo do seu.
É aleatória, instável, garantida apenas pelo desenrolar de cada dia e por aquilo que ele revelar. À minha imagem e semelhança, tamanha a imprevisibilidade das minhas respostas aos estímulos e da natureza das minhas reacções.
 

O melhor de mim próprio quando tal é possível não é um favor que faço seja a quem for, é o mínimo que me merece quem corra o risco que represento para quem se aproxima demais.

29
Ago08

CHAMEM-LHE TRIBUTO OU OUTRA COISA QUALQUER

shark

Gosto da forma como se movem, graciosas, usam as mãos como o vento que faz bailar as folhas secas no Outono.

Também gosto da sua voz, melódica, sensual, que ecoa na minha mente como o som dos pássaros na floresta quando recebem os primeiros sinais da Primavera a chegar.
A pele, agradável, sensível como papel de arroz, tem a textura ideal e transforma cada toque num arrepio interior. A pele emana calor como o da terra banhada pelos raios do sol de Verão.
E ainda reúnem todo um conjunto de características só suas, variáveis, imprevisíveis, que marca a sua intervenção na vida com um colorido tão forte que não existe Inverno onde a sua presença se faça sentir.
 
Gosto de as ver, de as pensar e de as ouvir. Há um brilho especial em cada um dos seus olhares, a alma aos gritos por detrás, intensas, complexas, capazes de alternarem a doçura de um beija-flor quando fazem amor e a bravura desmedida de uma leoa mãe.
São excelentes conversadoras também, interessantes, interessadas, sempre muito empenhadas em sentirem cada porção do seu tempo bem vivida.
Acolhedoras à chegada como generosas à partida. Beijam sempre com a emoção de uma última vez, mas olham com a esperança de quem acredita que nada no mundo acabará amanhã ou depois.
 
São capazes de dar tudo numa relação a dois, abnegadas. E são fortes, determinadas, independentes se necessário na gestão de uma vida unifamiliar. É a elas que se confiam os filhos para criar quando a decisão se impõe. Mulher, profissional e mãe, num corpo de aparência frágil mas animado por uma mente que só aceita a palavra vencer.
Também são capazes de sofrer as muitas dores que a Natureza, a condição ou os outros (as características só suas, o ciúme, o instinto de posse, o desgoverno do amor e da paixão) impõem e eu admiro-lhes a tenacidade, a resistência, a capacidade de encontrarem paciência e motivação para nunca desistirem do papel que sentem como predestinado. Da mesma forma, transcendem-se enquanto protagonistas de recurso numa existência quase sempre marcada pelas variações impostas de fora ou aquelas que promovem para buscarem uma vida melhor.
 
Gosto muito de as sentir, na cama ou fora dela.
Gosto de as mimar com gestos, palavras ou com qualquer dos meios de que na minha mente e no meu corpo posso dispor.
Adoro a sua forma dramática de experimentarem o amor que cultivam, que agarram, que as faz explodirem como papoilas vermelhas num campo qualquer ou como bandos de aves que de repente parecem fazer vibrar o próprio céu.
 
Assumo sem reservas que são elas a minha felicidade, o meu destino, a fonte de praticamente tudo quanto me move nesta vida que só me interessa se me souber capaz de lhes agradar.
Sou capaz de definhar perante a sua falta, pesadelo, e a sorte, generosa, não me falha nesse domínio e até a pessoa mais importante de todas para mim nasceu mulher.
 
Gostava de as compreender para ser perfeito na sua avaliação, moldável como plasticina às expectativas e necessidades de cada uma das que ao longo da minha vida tenha a sorte de poder conhecer melhor.
Sou-lhes grato e quero sempre agradecer o seu impacto em quase todas as minhas realizações.
 
Como esta que vos ofereço, reconhecido, por tudo quanto nestes 43 anos recebi de bom.
Não me importa que escarneçam o tom ou questionem hipotéticas motivações.
Sou aquilo de que sou capaz, sou aquilo que a vida me faz e aceito as respectivas consequências, o bem ou o mal.
 

Mas sou e serei, ninguém conteste, até ao fim dos meus dias, um homem que no balanço de uma existência e das suas melhores recordações colocará as mulheres no topo do seu mais alto pedestal.

28
Ago08

NUM ESPAÇO ENTRE ESTRELAS

shark

nascituro

Foto: Shark

 

O momento de silêncio instalou-se entre ambos e deslocou o centro das suas atenções para os olhares.
E naquele instante ela sonhou-se felina, arrojada, disponível para o receber. Ele, atordoado, imaginou-se transformado em vento ou mesmo num manto quente de nevoeiro de Verão, capaz de a envolver por completo num abraço interminável, de mergulhar no seu regaço em busca dos pontos mais recônditos para explorar.
 
Construíram sem pressa uma ponte naquele olhar intenso.
Mas atravessariam a nado a curta distância que os separava, agitando a cada braçada o leito sereno do rio imaginário para uma enxurrada que explodiu nas suas bocas onde as palavras, arrastadas pela força da torrente, se converteram em sons que flutuaram à deriva ao sabor da brisa pelo silêncio da noite mágica que os acolheu no seu reservatório de memórias perdidas no tempo, num espaço entre estrelas.
 

Muito perto de um ponto no horizonte onde o sol não tardaria a nascer.

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