Gosto da forma como se movem, graciosas, usam as mãos como o vento que faz bailar as folhas secas no Outono.
Também gosto da sua voz, melódica, sensual, que ecoa na minha mente como o som dos pássaros na floresta quando recebem os primeiros sinais da Primavera a chegar.
A pele, agradável, sensível como papel de arroz, tem a textura ideal e transforma cada toque num arrepio interior. A pele emana calor como o da terra banhada pelos raios do sol de Verão.
E ainda reúnem todo um conjunto de características só suas, variáveis, imprevisíveis, que marca a sua intervenção na vida com um colorido tão forte que não existe Inverno onde a sua presença se faça sentir.
Gosto de as ver, de as pensar e de as ouvir. Há um brilho especial em cada um dos seus olhares, a alma aos gritos por detrás, intensas, complexas, capazes de alternarem a doçura de um beija-flor quando fazem amor e a bravura desmedida de uma leoa mãe.
São excelentes conversadoras também, interessantes, interessadas, sempre muito empenhadas em sentirem cada porção do seu tempo bem vivida.
Acolhedoras à chegada como generosas à partida. Beijam sempre com a emoção de uma última vez, mas olham com a esperança de quem acredita que nada no mundo acabará amanhã ou depois.
São capazes de dar tudo numa relação a dois, abnegadas. E são fortes, determinadas, independentes se necessário na gestão de uma vida unifamiliar. É a elas que se confiam os filhos para criar quando a decisão se impõe. Mulher, profissional e mãe, num corpo de aparência frágil mas animado por uma mente que só aceita a palavra vencer.
Também são capazes de sofrer as muitas dores que a Natureza, a condição ou os outros (as características só suas, o ciúme, o instinto de posse, o desgoverno do amor e da paixão) impõem e eu admiro-lhes a tenacidade, a resistência, a capacidade de encontrarem paciência e motivação para nunca desistirem do papel que sentem como predestinado. Da mesma forma, transcendem-se enquanto protagonistas de recurso numa existência quase sempre marcada pelas variações impostas de fora ou aquelas que promovem para buscarem uma vida melhor.
Gosto muito de as sentir, na cama ou fora dela.
Gosto de as mimar com gestos, palavras ou com qualquer dos meios de que na minha mente e no meu corpo posso dispor.
Adoro a sua forma dramática de experimentarem o amor que cultivam, que agarram, que as faz explodirem como papoilas vermelhas num campo qualquer ou como bandos de aves que de repente parecem fazer vibrar o próprio céu.
Assumo sem reservas que são elas a minha felicidade, o meu destino, a fonte de praticamente tudo quanto me move nesta vida que só me interessa se me souber capaz de lhes agradar.
Sou capaz de definhar perante a sua falta, pesadelo, e a sorte, generosa, não me falha nesse domínio e até a pessoa mais importante de todas para mim nasceu mulher.
Gostava de as compreender para ser perfeito na sua avaliação, moldável como plasticina às expectativas e necessidades de cada uma das que ao longo da minha vida tenha a sorte de poder conhecer melhor.
Sou-lhes grato e quero sempre agradecer o seu impacto em quase todas as minhas realizações.
Como esta que vos ofereço, reconhecido, por tudo quanto nestes 43 anos recebi de bom.
Não me importa que escarneçam o tom ou questionem hipotéticas motivações.
Sou aquilo de que sou capaz, sou aquilo que a vida me faz e aceito as respectivas consequências, o bem ou o mal.
Mas sou e serei, ninguém conteste, até ao fim dos meus dias, um homem que no balanço de uma existência e das suas melhores recordações colocará as mulheres no topo do seu mais alto pedestal.