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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

07
Jul08

EU SEI QUE TAMBÉM JÁ SABIAM...

shark

O amor e a amizade têm como principal ameaça uma inimiga natural chamada desconfiança. Em ambos os casos, eliminadas as hipóteses de essa dúvida (ilegítima, no contexto das duas emoções em causa) se instalar de alguma forma numa relação tudo o resto torna-se tão simples como a essência dessas manifestações tão positivas entre as pessoas.

 
A desconfiança inquina qualquer relação de amor ou de amizade por um motivo óbvio: trata-se de um sentimento inevitavelmente negativo e por isso mesmo incompatível, aberrante, infeccioso ao ponto de reagirmos com os anticorpos mais hostis. E essa é a segunda traição a que submetemos uma relação saudável, pois as reacções destemperadas e/ou agressivas constituem outro corpo estranho na substância isenta de mácula que um sentimento tão forte como os que estão em causa constitui.
 
Só o compromisso com a verdade vacina as relações contra esse veneno que as pode aniquilar sem apelo e esse é um desafio que poucos de nós conseguimos mais do que verbalizar. Quando tal acontece a desconfiança desaparece e o risco a correr passa a ser sentido como algo que vale a pena, até porque não estando em causa a veracidade das emoções declaradas ficamos apenas dependentes da tolerância recíproca às fraquezas (chamemos-lhes assim) que se possam revelar.
Esse risco torna-se proporcionalmente mais irrelevante na medida da força e da solidez daquilo que nos liga a alguém.
 
É por isso que não percebo porque nos deixamos cair, amigos e amantes, na armadilha com que a desconfiança nos seduz ao ponto de nos expor perante uma insegurança que em nada abona a nosso favor. Por vezes parece que a cultivamos, inventando pretextos ou agarrando com as duas mãos aqueles que a vida nos dá. Por vezes parece que nos sentimos mais motivados para esse caminho pior, aproveitando seja o que for para alimentar essa erva daninha que no final apenas nos afasta daquilo e daqueles que mais precisamos quando equacionamos a nossa percepção de uma existência feliz.
 
Confesso-me tão culpado dessa tendência como qualquer das pessoas que ao longo da minha vida o exibiram perante mim. Tão estúpido assim, este contra senso ao que a lucidez explica na boa e tantas falsas questões levanta entre pessoas genuínas, aquilo que chamo pessoas de bem. São essas as capazes de amar ou dedicar uma amizade a quem se cruza nos seus caminhos e acabam por ser igualmente as maiores vítimas de algo que só deveria atormentar os crápulas e jamais aproximar perigosamente os que não o são dos comportamentos que os definem enquanto tal.
 
A injustiça salta à vista no final do parágrafo anterior e soma-se a todas as derrotas que enunciei mais aquelas que cada um de nós identifica no seu percurso pessoal. O arrependimento surge quase sempre tarde demais, tal como o esclarecimento do quanto seriam infundados os medos e as suspeições que nos deitaram a perder algo que não surge com a frequência desejável ou que seria de esperar.
Equívocos, malentendidos, desencontros, coincidências impensáveis mas possíveis de verificar. São tudo sinais que lemos, analfabetos, à revelia das emoções instintivas ou mesmo já cimentadas por tudo aquilo que o tempo fornece para consolidar (ou desmentir) as expectativas criadas em torno de quem nos importa preservar.
São tudo perigosas e escusadas especulações.
 
E sem aceitarmos apostar ou mesmo arriscar nas pessoas não poderemos experimentar, por incapacidade de as entender, as mais sublimes emoções.
07
Jul08

E MAIS NÃO DIGO

shark

Hoje abraço um novo e talvez determinante desafio, daqueles que podem mudar o destino de uma pessoa.

Sempre entendi que pouco podemos fazer para alterar o rumo que a maioria das coisas tomam sem que tenhamos intervenção directa, embora reconheça que também é verdadeira a premissa de que mesmo de forma inconsciente podemos tomar decisões (boas ou más) que decidam tudo a nosso favor ou antes pelo contrário.

 

Somos em boa medida autênticas marionetas à mercê do acaso e do que ele nos possa reservar. E essa é uma constatação que só pode servir um propósito: o de nos incentivar a tomar as rédeas do destino nas poucas coisas em que conseguimos de facto controlar a trajectória, mesmo arriscando os fracassos que a própria sorte pode influenciar.

Mas nem o azar deslustra a coragem e a determinação necessárias para qualquer um/a de nós forçar uma viragem, de enviar os cupões para a tômbola da vida para pelo menos ficarmos habilitados a uma reviravolta que se impõe e garantidos no plano da satisfação pessoal de termos tentado obter aquilo que outros não logram apenas porque se conformam sob uma teia de pretextos e de justificações.

 

As derrotas estão garantidas ao virar da esquina, pelos tais imprevistos que nos evidenciam tão frágeis perante os desígnios da fortuna, ou de Deus, ou daquilo que quisermos chamar aos factores arbitrários que nos intimidam e podem determinar o nosso caminho de forma radical.

 

Contudo, as vitórias também nos espreitam.

E para as sentirmos concretizadas talvez baste na maioria dos casos o troféu que nos concedemos, orgulho e outros dividendos similares, pelo simples facto de decidirmos que vale sempre a pena tentar.

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