Nunca como nos últimos seis meses tomei contacto com tanto desencanto relativamente a nós homens, generalizando, por parte das piquenas (generalizando outra vez).
Tenho visto, lido e ouvido as acusações e os desabafos mais sentidos, claras manifestações de uma desilusão que se multiplica a um ritmo no mínimo preocupante e que denunciam uma inépcia masculina nos mais variados domínios que à maioria das mulheres interessam.
Mesmo relegando para um prudente segundo plano os clássicos do queixume que atravessam gerações, as peúgas no chão, a tampa da sanita, a falta de pachorra para as compras e similares, o rol de mágoas é imenso e traduz uma insatisfação que urge combater, companheiros, sob pena de qualquer dia inventarem mesmo a pila artificial perfeita que nos (vos) deixará um porradão de tempo disponível para as cenas que nos (vos) ocupam agora enquanto elas morrem de tédio e começam a olhar em volta à procura de algo ou alguém que lhes prenda a atenção.
Os homens são desinteressantes, ponto. Ponto porque as coisas são postas mesmo assim, sem comiseração pelas minorias.
Esta é uma acusação terrível nas implicações. Como é que um homem desinteressante à mesa do café ou do restaurante pode convencer alguém de que é uma caixinha de surpresas na cama? Safam-se talvez os mais bonitos, os mais esculturais. E mesmo esses talvez se safem apenas pelo desespero de causa das pequenas que se vêem sem alternativas melhores.
E eu fico abismado com o facto de os homens se permitirem um rótulo assim.
Que um gajo não seja um atleta, um Adónis, ainda se desculpa. Mas desinteressante só pode equivaler a um de dois factores: ou se é um asno, ou se é estupidamente preguiçoso. Ou não se gosta da fruta e assim já são três.
Os homens são uns labregos, a maioria. Tocam a pele feminina com menos suavidade do que acariciam a pintura metalizada do seu estimado automóvel que, de resto, ajuda a criar o ambiente ideal para uma conversa de bate-chapas das que encaixam no parágrafo anterior. Que imbecil acredita que a fêmea encantadora (são sempre encantadoras) à sua frente fica extasiada perante o aumento de potência obtido a partir de um escape xpto? Arranjem amigos, pá. Uma cambota, uma biela ou os pistões jogam bem com uns tremoços e umas imperiais com a rapaziada mas não estimulam senão engenheiras mecânicas e mesmo essas encerram o expediente antes do jantar romântico ou pelo menos animado pela nossa (vossa) companhia. Onde é que está a dúvida?
Os homens são uns frouxos, cada vez mais. E elas avançam com explicações que não passam só pela falta de firmeza na hora da verdade (que dizem ser o minuto da verdade, tamanha a pressa…). Elas falam da forma como nós (vocês) reagimos de forma cobarde aos seus avanços mais arrojados, como a malta se reparte entre o fetiche marado e o pudor desmedido, falam da insatisfação que lhes provocam os momentos em que se disponibilizam para o prazer.
Algumas já admitem renunciar ao amor, pela soma de tudo quanto já referi com o aspecto seguinte, aquele que considero mais dramático e perigoso para a classe no seu todo.
Os homens não se comportam como cavalheiros (com base no fraco pretexto da igualdade dos géneros, como se alhos e bugalhos se misturassem assim) e negligenciam o romance.
Ou seja, entram à bruta pela porta barrando a entrada à sua acompanhante (roçando o labrego) que deveria ter prioridade em qualquer acesso e o seu conceito de romance consiste no envio de uma foto de flores por email ou mms nas efemérides importantes ou no culto dos estereótipos para cumprir calendário (as velas, os violinos, a papinha toda feita para não terem que puxar muito pela imaginação ou apenas se esforçarem para conhecerem de facto os pequenos detalhes da sua parceira. Surpresa, elas não gostam todas do mesmo feito sempre da mesma maneira…).
Um cenário terrível, convenhamos, quando estão em causa os valores mais importantes da vida de um gajo como deve ser e que são naturalmente todos os valores directa ou indirectamente relacionados com as mulheres que constituem razão bastante para ser maravilhoso viver.
E por isso exorto a rapaziada a inverter este estado das coisas, a investir um pouco mais de si na satisfação do crescente nível de exigência inerente à espantosa melhoria estética, mental e de atitude desse bouquet que a existência nos oferece num jardim paradisíaco do qual temos de nos sentir merecedores.
O melhor guardei para o fim, que isto não são só más notícias.
Quando a gente se esforça elas notam a diferença.
E os resultados ficam à vista…