Se todos os empresários afectados pela crise em qualquer das suas vertentes optassem pela solução encontrada pelas transportadoras, e que teve início à meia-noite, a dita crise transformar-se-ia no mais absoluto caos.
Qualquer forma de protesto susceptível de prejudicar os interesses dos cidadãos alheios à luta desta ou de qualquer outra classe profissional ou empresarial, ou pior, de colocar em risco a sua segurança (marcha lenta equivale a multiplicação de ultrapassagens a veículos pesados) soa descaradamente a chantagem pura e dura.
De resto, o simples facto de o protesto dos camionistas (das empresas de camionagem) não partir da ANTRAM entrega a respectiva organização ao livre arbítrio dos desesperos financeiros de cada interveniente. Na prática, o bom senso fica entregue à turba e em Aveiras, de acordo com a SIC Notícias, parece ter dado origem a escaramuças.
E esse pode ser um episódio esporádico como poderá constituir o prenúncio do que estes protestos por “geração espontânea” podem gerar no contexto de um boicote sem regras claramente definidas e com uma organização necessariamente ineficaz no controlo dos excessos que se possam verificar.
A roçar a desobediência civil, dado existir uma associação representativa do sector em plena negociação com o Governo (que até tem dado sinais de capacidade nessa matéria, como a recente desmobilização dos pescadores – dos armadores? – comprova), esta tomada de posição dos camionistas (dos patrões) reúne os ingredientes necessários para se transformar num gigantesco paiol de problemas com detonadores disseminados pelas estradas do país (onde circulam famílias em gozo de férias e da ponte) que amanhã poderão transformar-se em campos de minas que em caso de bronca séria ninguém saberá como desactivar.
Nesta ordem de ideias, e apesar de reconhecer o direito ao protesto por parte de quem se sente lesado, não posso senão manifestar-me em completo desacordo com esta “paralisação”, como a pintam os respectivos organizadores.
E coloco-me do lado do Governo e das autoridades competentes mesmo que a sua actuação tenha que endurecer para pôr cobro a este rastilho de estupidez sobre rodas.