Quem escreve esta posta sou eu, um blogueiro identificado por um nick mas que dá a cara e não teme fornecer qualquer dado que lhe diga respeito. E não temo porque não devo, como se comprova pelo facto de nem hesitar em chamá-lo ignorante com as letras todas.
A palavra exprime um conceito universal e é esse precisamente o que aplico às declarações do senhor Moita Flores, no decorrer de um noticiário da SIC que há pouco terminou.
A ignorância do senhor Moita Flores, que eu cito pelo nome para que o máximo possível de colegas de blogosfera tenham acesso às alarvidades proferidas pelo indivíduo em questão e que, de resto, tendo já currículo político e estatuto de figura pública é tão responsável como eu por aquilo que afirma do alto da sua pose de iluminado que intervenções como estas cobrem de uma insidiosa escuridão.
O senhor Moita Flores é apologista de um controlo apertado da Internet, argumentando com o lado mais negro da mesma (precisamente aquele que todos gostaríamos de ver erradicado). E assume-se como uma espécie de profeta da desgraça que a blogosfera poderá acarretar, referindo que tanto nos pode levar ao céu como ao inferno (precisamente aquele que muitos políticos e defensores do Estado policial reconhecem na livre circulação das ideias e das verdades incómodas para qualquer tipo de poder).
A ignorância de que acuso o senhor Moita Flores ilustro-a com duas das suas afirmações em directo na televisão.
Solitários profundos e narcisistas, pedófilos e terroristas
A primeira passa pela tipologia utilizada pelo senhor MF para caracterizar quem bloga: ou são pessoas que sofrem de profunda solidão ou pessoas muito narcisistas. Os rótulos em questão dizem bem da imagem que o senhor MF, na sua abençoada ignorância, criou de uma realidade que desconhece.
A segunda, mais grave e muito absurda, consistiu na afirmação que a SIC passou em rodapé e que passo a citar: o mais grave é a utilização de blogues por terroristas.
De acordo com a sumidade, os terroristas (e os pedófilos, teve o cuidado de acrescentar) recorrem a blogues(!) para comunicarem por intermédio de mensagens cifradas.
Nesse caso ou estamos a falar de terroristas ainda mais ignorantes na matéria do que o senhor MF e que ignoram a existência das vias de comunicação privadas, colocando ao alcance de milhões de olhares as suas cifras e arriscando a respectiva descodificação ou, em inevitável alternativa, o senhor MF falou para uma plateia de gente tão mal informada (ignorante) como ele e acenou um papão dos maiores para consubstanciar a sua opinião e assim conspurcar por tabela a blogosfera no seu todo.
Ou seja, a sua inteligência rara e fontes de conhecimento que não passam certamente pelo próprio objecto de estudo bastam-lhe para afirmar na televisão aquilo que me confere o direito de o chamar ignorante (nesta área específica, não se melindre) pois é esse o nome que aplicamos a quem fala acerca do que não sabe e tem o azar de escolher a versão mais disparatada para o fazer.
Gente de bem, na maioria, como tantos anos e pessoas comprovam
A blogosfera é feita por todo o tipo de gente, ignorantes também. Mas tal como nem todos os comentadores da SIC são criaturas ultrapassadas e armadas ao pingarelho para não darem parte de fracas, nem todos os cidadãos que usufruem da liberdade que o senhor MF gostaria de limitar encaixam no perfil do perigoso potencial que o senhor MF se habituou a traçar (esperemos que com maior rigor) nos tempos idos da sua passagem pela Polícia Judiciária.
Nada do que aqui publico acerca do senhor Moita Flores é falso, pelo que calúnia não será. Nem o difamo, pois apenas dou conta daquilo que vi como alguns milhares de cidadãos e limito-me a definir a coisa chamando-a pelo nome que melhor se aplica a tudo o que citei.
Mas tenha o senhor Moita Flores a certeza de que a sua apetência pelo controlo político da blogosfera por interposto braço (o longo, da Lei), porque é disso que se trata, será uma causa perdida enquanto a Democracia que sustenta a nossa liberdade de expressão tiver algum significado em Portugal.
Agora processe-me, que eu posso ser um perigoso narcisista pedófilo, muito solitário e com tendências bombistas.
E ignorante é mesmo o mínimo que posso afirmá-lo, considerando o que para mim está verdadeiramente em causa nas entrelinhas e nas possíveis repercussões das suas mal informadas e levianas afirmações.