De repente toca o telefone e do outro lado uma professora primária denuncia algo que verbaliza como "muito grave" na sua percepção.
Um seu aluno, reincidente nos insultos a uma colega de turma, foi metido na ordem literalmente à biqueirada e isso chocou imenso quem testemunhou o acontecimento.
O rapaz, certamente muito traumatizado pelas pantufadas recebidas fora do campo da bola (aí doem menos), é filho de alguém que não o ensinou a respeitar as garotas e a ter tento na língua. Não recebeu sequer uma reprimenda, mas certamente não insistirá na graçola.
A miúda, habitualmente cordata, viu-se alvo de um castigo que durará até ao final do mês e ganhou uma reputação semelhante à do progenitor, ele próprio suspenso por três dias na primária mais ou menos com a mesma idade da pequena amazona a quem, se não lhe recomendou o recurso à violência física, tratou pelo menos de a ensinar a defender-se dos de fora e a impor o respeito pela via diplomática (mas apenas até onde esta se justifica).
E vê-se constrangido agora, pela necessidade de poupar a guerreira a mais reacções de desagrado por parte de pais, alunos, docentes e auxiliares, de lhe evitar a pele de delinquente juvenil em potência, a aconselhá-la a engolir o orgulho e a abdicar da razão que lhe assistiu e ninguém cuidou de avaliar, obrigando ambos a darem-se às boas perante a plateia "horrorizada" com a potencial má companhia para os seus anjinhos de fachada.
Só posso dizer que conheço bem as pessoas envolvidas...