Sempre que alguém se destaca da multidão por este ou por aquele motivo existe um grupo que de imediato se ergue, contestatário, e se mobiliza para desmantelar peça por peça o eventual brilhantismo associado a tal distinção.
Nem todos quantos integram estes núcleos de reacção espontânea agem estimulados pela força da inveja ou do despeito, claro. Um ou outra, talvez igualmente dignos de ocuparem o tal pódio, poderão apenas divergir no caminho a seguir para obter os mesmos resultados ou, no seu entender, ainda melhores (quando tentam sequer…).
Infelizmente, esses últimos constituem a minoria. Nas sanhas conspiradoras que quase sempre acabam por unir os second best no objectivo comum de minimizar os feitos de que se ambicionam protagonistas, o mote para o azedume que aflora, encontram-se por regra os medíocres para os quais só é fácil criticar o que outros fizeram porque eles próprios não possuem algo de concreto para exibir.
Ou seja, na maioria dos casos aqueles que criticam provaram-se incapazes de fazer melhor.
E se isso não retira seja a quem for o direito de criticar de forma construtiva ou mesmo no sentido de expor as fragilidades do trabalho ou da atitude dos outros, no mínimo obriga essas pessoas a serem objectivas e a reconhecerem as virtudes naquilo ou naqueles de que se arvoram detractores.
A isenção, parceira indissociável de qualquer opinião que se pretenda rigorosa e credível, passa precisamente pela capacidade de isolar o mérito que assista no todo que se pretende avaliar de forma negativa. Quando tal não se verifica desmascara-se uma postura tendenciosa, maledicente e seguramente parcial. E percebe-se que por detrás da crítica feroz existe uma motivação de índole pessoal, sem nada a ver com o pretexto de fachada que se possa reclamar como o cerne da questão.
É esta a verdadeira dimensão da maioria dos que apontam o dedo a alguém e, por norma, a quem seja reconhecido/a melhor no mesmo domínio dos que afinal indicam o caminho para a sua menoridade por simples comparação.
Existem os que fazem (bem ou mal) e os que ficam de fora a dar palpites ou simplesmente a teorizar as suas versões melhoradas de algo que jamais conseguiriam concretizar. É assim que a coisa funciona na blogosfera como no resto da vida que aqui se acaba por se ver reflectida.
Eu gosto da blogosfera e admiro cada colega que prova com factos gostar tanto ou mais do que eu (a obra feita fala sempre mais alto do que o paleio da treta).
E esta minha admiração, sem rigorosamente nada a ver com ligações pessoais ou mesmo virtuais, redobra quando percebo nesse colega um conhecimento de causa que passa pelo vestir da camisola, pela escolha difícil entre o que sempre fomos e aquilo que a blogosfera, quando nela apostamos demais, nos obriga a ser.
Foi um desses que tive o prazer de aplaudir, depois de ontem assistir à entrevista ao
Paulo Querido no programa Falar Global, da SIC Notícias.
Conheço o homem em pessoa mas nem um café tomámos os dois e trocámos duas frases de circunstância na ocasião, ou pouco mais. Conheço, na prática, a sua dimensão virtual. E nessa, onde eu mesmo, por uns dias, ousei sonhar-me capaz de fazer no mínimo igual (todos temos fases idiotas e nunca escondi as que me tocam), não encontro um paralelo na blogosfera portuguesa em
quantidade ou
qualidade passível de ser atribuído ao esforço e à capacidade de iniciativa de um homem só.
Venha quem quiser contestar o que afirmo e inclusivamente associar o que digo a algum objectivo secreto que o possa justificar, agora ou no futuro (topo-vos bem…).
Perante os factos à vista e sua incontestabilidade, até podem falar pelos cotovelos que eu terei sempre em conta de onde essas palavras sairão.
Precisamente de onde mais lhes dói.