Existiu uma fase ao longo da qual levava um coice virtual de cada vez que me aproximava de alguém na blogosfera. E digo aproximar no sentido restrito de “prestar atenção”, de investir mais tempo e palavras no espaço (na caixa de comentários) de um blogue qualquer que, na prática, era a pessoa por detrás.
Essa constatação, desconfortável para qualquer pessoa, remeti-a para o plano das diversas paranóias que alimentei quando me levei e a isto sério demais.
Isso permitiu-me afastar-me de uma inevitável propensão para o choradinho, coitadinho de mim que não sei o quê, e encarar as reacções hostis ou simplesmente indelicadas como uma inevitabilidade da comunicação por esta via.
Começaram pois a passar-me ao lado, do ponto de vista emocional (chamemos-lhe assim), todas as reacções que identificava ou presumia ligadas a algum ajuste de contas próprio ou por interposta pessoa (no âmbito da vincada solidariedade blogueira em determinados grupos ou clãs). E foi assim que eliminei dos favoritos quase metade dos meus pousos habituais, a melhor forma de não me ver confrontado de novo com uma repetição do fenómeno, eliminando assim as fontes de neuras ou de simples irritações que surgiam sob a forma de uma boca foleira, de uma resposta à biqueirada ou apenas da deselegância de ver um comentário meu como único sem resposta numa movimentada caixa qualquer (a forma mais ostensiva de “banir” alguém pelo desprezo público que se interpreta nessas omissões).
Contudo, esses convites velados ao silêncio futuro ou mesmo algumas manifestações de hostilidade justificada aos olhos de quem as produziu permitiam-me sempre identificar o momento de desamparar as lojas. Chegava lá por mim e deixava de perturbar com a minha “presença” inconveniente a boa disposição inter pares. Sem espinhas, como está registado em várias caixas por onde passei (as que não foram entretanto suprimidas).
A gaita vinha daquele tipo de pessoas que são incapazes de assumirem de forma directa os seus ódios ou simples embirrações, que se presumem sofisticadas demais (as pessoas) para abdicarem da boquinha “inteligente” e rebuscada que depois é explicada na galhofa que grassa nos bastidores por email, msn ou telemóvel (um ou outro descuido ou inconfidência permitem-nos saber destas coisas) na orgia de grupo para consumo interno ou nem por isso.
Estas tricas entre compadres e comadres, que muitas vezes acontecem também nas caixas, em cifra, resultam muitas vezes de posts carregados de tudo quanto de mau se afirmou anteriormente acerca dos posts de outrem, os pretextos para os jogos de palavras que dizem tudo sem dizerem nada mas que em última análise constituem uma exibição mais de mesquinhez cusca do que do tal requinte chico-esperto que sempre fez escola entre aprendizes de intelectual.
Fazem parte da cena, está visto, mas constituem provavelmente a sua face mais enfadonha (ninguém de fora percebe boi do que se trata nestas charadas sem alvo nomeado).
E hoje apeteceu-me falar do assunto porque aquilo que li em várias caixas é precisamente mais do mesmo que falo acima. As cumplicidades alardeadas em diálogos cheios de referências “discretas” e familiares a terceiros/as ou os comentários brilhantes na dimensão da sua ambiguidade estão a regressar a parte da blogosfera que frequento.
Ou melhor, que frequentei até agora.