De vez em quando, para não forçar o processador, deambulo pelas outras blogosferas.
Falo delas como as outras porque dá-me sempre a sensação de não fazer de todo parte do filme, quando percorro o olhar pelos posts de quem parece estar noutra dimensão do fenómeno que, sem mágoa, me escapa.
É a blogosfera dos que a conhecem, ou pelo menos dão a pala de conhecer a fundo (que eu, seguramente, não conheço o bastante para lhes contestar as certezas).
E fico maravilhado com tudo o que é possível aprender e depois teorizar em posts, livros e colóquios acerca deste mundo de que faço parte há quatro anos mas sempre no hemisfério sul da coisa.
Ao contrário dos que são reconhecidos como entendidos na coisa (excepção feita ao Pacheco Pereira, esse acto falhado de José Magalhães da Direita), eu sou daqueles leigos que acreditam na progressiva segmentação da blogosfera.
Existem os blogues de referência e existe a esmagadora maioria, no qual se inclui esta teimosia minha que nunca me catapultará para uma ribalta de que não sou merecedor.
Essa ribalta faz-se de blogues de figuras públicas, como o Markl, o Francisco José Viegas, o Pedro Rolo Duarte e outros/as que agarraram a janela de oportunidade nesta terra de cegos onde os poucos notáveis que blogam são, alegadamente, reis.
Outro sector em nítida ascensão para o topo desta pirâmide não invertida é o dos colegas que efectivamente adquiriram outra dimensão por via do seu jeito para a coisa ou apenas da sua habilidade para gerirem influências (leia-se para se colarem aos de cima e seguirem a reboque como seus iguais). São casos raros, mas vão acontecendo e constituem o exemplo a seguir para uma corte bajuladora de aspirantes a essa nobreza blogueira que se destaca de entre as dezenas de milhar de espaços que, num dia bom, conseguem registar mais de cem visitas no seu Sitemeter.
E depois vêm os anónimos como eu que constituem a massa heterogénea que, na prática, faz acontecer a cena mas sempre alheados aos holofotes mediáticos que, a custo, pousam às vezes nesta realidade que ainda atormenta o sono de muitos cronistas (e jornalistas) medíocres da Imprensa dita séria (e que, de resto, não percebe um boi de blogues).
É esta a minha blogosfera, a verdadeiramente democrática e onde só nos destacamos um nadinha se não escrevemos com os pés ou se possuímos algum trunfo na manga sobre os demais nesta guerra de audiências que ninguém assume mas a constante citação das estatísticas comprova. Por trunfo entenda-se, por exemplo, a habilidade para aglutinar um “núcleo duro” de persistentes anónimos/as que mantêm entretidos os contadores mas, não faltam exemplos (ò pró charco de há dois anos atrás), constituem uma plateia volátil, muito sensível às “modas” e tendências que também acontecem na blogosfera.
Basta reparar no declínio acentuado de blogues sistematicamente lincados apenas porque fica bem na coluna lateral mas depois não registam nem um terço do número de visitas que ostentam em quantidade de linques por essa blogosfera fora.
A outra, a tal que só consigo digerir em doses moderadas, é uma blogosfera séria onde as figuras (mais ou menos) públicas se desdobram em opiniões incontestáveis acerca das opiniões incontestáveis dos outros ou apenas fazem alarde da sua visão de longo alcance acerca de um fenómeno do qual faço parte mas, quando os/as leio, vejo-me forçado a assumir que percebo tão pouco como os de fora, os tais que nos analisam como percentagens e se expõem ao ridículo de quem lê tudo isto à luz de uma cátedra de experiência feita.
Feita de certezas absolutas que eu, alheio à dinâmica da coisa, compro com frequência como válidas até ao dia em que outra sumidade qualquer as escavaca à bruta, a partir do seu hemisfério nortenho, com a afirmação da sua incomensurável sapiência.