Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

29
Mar08

PERDIDOS E ACHADOS

shark

Hoje, o programa da SIC que dá título a esta posta pegou num assunto que deveria envergonhar e depois revoltar qualquer português em geral e alfacinha em particular.

O fim da Feira Popular, às mãos das habituais promiscuidades entre o poder autárquico e a seita da especulação imobiliária, foi um rude golpe na alma lisboeta, na nossa componente foliona que assim se viu privada do seu palco de eleição.

 

Sinto a falta das sardinhas, do caldo verde, do algodão doce, do comboio fantasma, da montanha russa, dos cromos, dos carrinhos de choque e de toda a magia de que privaram a minha filha sem uma justificação plausível.

 

Sinto raiva contra os que deixaram acontecer e contra os que não se enchem de brios para desfazer a burrada.

29
Mar08

UMA VÉNIA INVERTEBRADA À ARROGÂNCIA DAS TIBESTAS

shark
O Tibete faz menos parte da China do que Macau fazia parte de Portugal. É que de Macau ainda podemos invocar os séculos que durou o estatuto artificial de território nacional, mesmo constatando agora que pouco ou nada conseguimos lá deixar que se possa considerar como efeito da influência portuga.
As marcas da passagem dos portugueses por aquele território resumem-se às ruínas de meia dúzia de construções e a um escasso punhado de gente que apesar dos olhos em bico tem apelido português e até sabe falal mais ou menos a nossa língua.
 
Contudo, quando chegou a hora de amochar (seguindo o exemplo dos britânicos com o seu enclave de Hong Kong) devolvemos Macau aos chineses com o rabinho entre as pernas e até se fez alarde da cena como um exemplo da maturidade que as relações diplomáticas exigem nestes dias em que Angola não é nossa e o Congo belga até mudou de nome.
Nada a obstar quanto a isso, pois é claro que se trata de um processo histórico inevitável e o patriotismo não se exibe pela reclamação de territórios a milhares de quilómetros da casa-mãe. Olivença, por exemplo, até fica mesmo aqui ao lado e a malta encolhe os ombros…
 
Mas o Tibete, apesar de paredes-meias com o grande papão amarelo, pouco ou nada tem a ver com a nação invasora e disso dá conta o seu povo que se faz imolar nas ruas às mãos dos soldados que impõem à bruta o domínio chinês em vez de, por exemplo, virem para Portugal abrir restaurantes ou lojas dos tlezentos que lixam muito mais o chamado comércio tradicional do que as grandes superfícies abertas aos domingos mas ao menos não matam nem oprimem pessoas.
 
Isto tudo para manifestar a minha estranheza perante a prontidão com que os governos do Reino Unido e de Portugal afastaram a hipótese de qualquer tipo de boicote às Olimpíadas com que a República Popular da China desviará as atenções dos seus muitos atropelos aos direitos humanos dentro e fora de portas.
No mínimo, estranha-se a celeridade de uma tomada de posição quando ainda não passou assim tanto tempo relativamente às Olimpíadas de Moscovo, não sei se estão a ver o paralelo…
 
As tibestas, como apelido a China invasora, são vitais para evitar que o sistema financeiro capitalista se devore a si mesmo por falta de espaço para crescer. Só isso justifica a hipocrisia dos Estados que fecham os olhos e até alinham na dança perante os Iraques, os Tibetes e outros países que parecem valer menos aos olhos dos britânicos, por exemplo, do que as Polónias e as Checoslováquias que os arrastaram para uma guerra mundial pelo mesmo motivo (serem invadidas pela força por potências vizinhas).
 
Só muda o facto de no Iraque haver petróleo e de no Tibete haver apenas uma cultura milenar que os chineses destroem aos poucos para quebrarem a espinha da resistência de um povo que nem um boicotezinho justifica. É isso que explica a passividade (eu chamo-lhe cumplicidade) destes países onde o expansionismo capitalista os verga a todas as barbáries e injustiças que gerações atrás serviam de mote para pegar em armas contra os malvados usurpadores em que hoje até se transformam, se estiver em perigo a sustentabilidade da máquina que nos trucida quando deixamos de a servir.
 
E há dias em que não me deitam serradura suficiente para os olhos.
 
Em que me sinto menos instalado no conforto proporcionado aos que se disponibilizam a fazer de conta que valores mais altos se podem erguer e nos forçam a ceder perante a ignomínia, onde quer que ela aconteça, sob o fraco pretexto que só nos envergonha.
28
Mar08

MAU FEITIO? NÃO TOU A VER...

shark
É raro pedir conselhos aos outros. E isto não tem nada a ver com a minha certeza no cagar, mas apenas com o facto de não arriscar a deselegância de fazer precisamente o contrário do que me recomendam.
É que colocando-me na pele dos outros, os poucos a quem poderia recorrer para o efeito, sinto sempre um estranho desconforto quando os imagino nesse papel confrangedor de terem que especular acerca da minha decisão oposta.

E no lugar deles, confrontados com essa forma de desautorização, com esse atestado de irrelevância, jamais voltaria a disponibilizar-me para tal função.

28
Mar08

NORTE E SUL

shark
De vez em quando, para não forçar o processador, deambulo pelas outras blogosferas.
Falo delas como as outras porque dá-me sempre a sensação de não fazer de todo parte do filme, quando percorro o olhar pelos posts de quem parece estar noutra dimensão do fenómeno que, sem mágoa, me escapa.
É a blogosfera dos que a conhecem, ou pelo menos dão a pala de conhecer a fundo (que eu, seguramente, não conheço o bastante para lhes contestar as certezas).
E fico maravilhado com tudo o que é possível aprender e depois teorizar em posts, livros e colóquios acerca deste mundo de que faço parte há quatro anos mas sempre no hemisfério sul da coisa.
 
Ao contrário dos que são reconhecidos como entendidos na coisa (excepção feita ao Pacheco Pereira, esse acto falhado de José Magalhães da Direita), eu sou daqueles leigos que acreditam na progressiva segmentação da blogosfera.
Existem os blogues de referência e existe a esmagadora maioria, no qual se inclui esta teimosia minha que nunca me catapultará para uma ribalta de que não sou merecedor.
Essa ribalta faz-se de blogues de figuras públicas, como o Markl, o Francisco José Viegas, o Pedro Rolo Duarte e outros/as que agarraram a janela de oportunidade nesta terra de cegos onde os poucos notáveis que blogam são, alegadamente, reis.
 
Outro sector em nítida ascensão para o topo desta pirâmide não invertida é o dos colegas que efectivamente adquiriram outra dimensão por via do seu jeito para a coisa ou apenas da sua habilidade para gerirem influências (leia-se para se colarem aos de cima e seguirem a reboque como seus iguais). São casos raros, mas vão acontecendo e constituem o exemplo a seguir para uma corte bajuladora de aspirantes a essa nobreza blogueira que se destaca de entre as dezenas de milhar de espaços que, num dia bom, conseguem registar mais de cem visitas no seu Sitemeter.
 
E depois vêm os anónimos como eu que constituem a massa heterogénea que, na prática, faz acontecer a cena mas sempre alheados aos holofotes mediáticos que, a custo, pousam às vezes nesta realidade que ainda atormenta o sono de muitos cronistas (e jornalistas) medíocres da Imprensa dita séria (e que, de resto, não percebe um boi de blogues).
 
É esta a minha blogosfera, a verdadeiramente democrática e onde só nos destacamos um nadinha se não escrevemos com os pés ou se possuímos algum trunfo na manga sobre os demais nesta guerra de audiências que ninguém assume mas a constante citação das estatísticas comprova. Por trunfo entenda-se, por exemplo, a habilidade para aglutinar um “núcleo duro” de persistentes anónimos/as que mantêm entretidos os contadores mas, não faltam exemplos (ò pró charco de há dois anos atrás), constituem uma plateia volátil, muito sensível às “modas” e tendências que também acontecem na blogosfera.
Basta reparar no declínio acentuado de blogues sistematicamente lincados apenas porque fica bem na coluna lateral mas depois não registam nem um terço do número de visitas que ostentam em quantidade de linques por essa blogosfera fora.
 
A outra, a tal que só consigo digerir em doses moderadas, é uma blogosfera séria onde as figuras (mais ou menos) públicas se desdobram em opiniões incontestáveis acerca das opiniões incontestáveis dos outros ou apenas fazem alarde da sua visão de longo alcance acerca de um fenómeno do qual faço parte mas, quando os/as leio, vejo-me forçado a assumir que percebo tão pouco como os de fora, os tais que nos analisam como percentagens e se expõem ao ridículo de quem lê tudo isto à luz de uma cátedra de experiência feita.
 
Feita de certezas absolutas que eu, alheio à dinâmica da coisa, compro com frequência como válidas até ao dia em que outra sumidade qualquer as escavaca à bruta, a partir do seu hemisfério nortenho, com a afirmação da sua incomensurável sapiência.
26
Mar08

PAGES NOT FOUND

shark
Em menos de um ano mais de um terço dos blogues que lincam o charco fecharam as portas. É confrangedor, um tipo dedicar algum tempo a percorrer os espaços que lincam o seu e constatar mais de três dezenas de óbitos. Deve ser uma sensação parecida com a de quem atinge um patamar da vida em que os convites para casamentos e baptizados se substituem pelas chamadas que prenunciam velórios e/ou funerais.

Existem diversas formas de perceber o encerramento de um blogue.
A mais polida passa pelo anúncio formal da desistência, um último post em que a renúncia se explica e o the end é confirmado pelos agradecimentos e pelo tom de adeus.
A mais frequente, contudo, é a morte súbita (rara nos blogues colectivos, mais vocacionados para a lenta agonia sob os cuidados paliativos de um ou dois dos seus mais persistentes colaboradores). Os autores desses blogues como velas que se apagam de repente sem sequer referirem a existência de uma corrente de ar pura e simplesmente desaparecem, deixando os espaços num vazio de interrogações que um último post como os outros, prevendo-se um post a seguir que não segue, em nada ajuda a esclarecer.
Estes são os blogues que acumulam comentários em forma de pergunta na caixa dessa derradeira manifestação da existência da autora ou do autor, cada vez mais espaçados no tempo, até ao dia em que ninguém coloca sequer a questão.
Também existem os que desaparecem por substituição, transitada a vontade para uma nova casa virtual onde nem sempre os linques se repetem (o que joga certo com a sede de mudança que nos leva a recomeçar quase do zero um destes pequenos projectos pessoais).

E finalmente existem os mais perturbadores, os erros 404, os terríveis page not found que surgem no monitor como buracos negros pintados de fresco, num branco sujo de palavras automáticas que variam de acordo com a plataforma que os alojava até algo ou alguém passarem uma esponja definitiva sobre os registos de tudo quanto ali aconteceu num determinado período, por norma curto, envolvendo um número indeterminado de pessoas que viram pedaços do seu tempo engolidos pela obliteração virtual.
Que se torna bem mais real aos olhos de quem fez parte dessa realidade, posts ou comentários, assim apagada sem apelo. Esbanjada cada intervenção, como se as palavras também pudessem ser cuspidas ao vento em ambiente html.
Que o são, afinal.

Em menos de um ano, uma eternidade em tempo blogado, vi-me privado do contacto com dezenas de pessoas ou apenas com os nicks que lhes vestiam personagens descartáveis, se calhar travestidas noutras designações em espaços que continuo a frequentar. Camaleões que não navegam na blogosfera, sobrevoam o seu Triângulo das Bermudas virtual onde se sabem desaparecidos por antecipação, sem rasto deixado sequer. De si ou dos outros que atraíram entretanto às suas experiências com as cobaias flutuantes em que nos tornamos, sempre que constatamos esse final abrupto de uma realidade que em certa medida constituiu uma traição à imortalidade almejada na posteridade de uma qualquer intervenção.

Na ficção assim desgravada como se amarrotam apontamentos de uma tertúlia para atearem o fogo numa lareira que lhes aqueça os dedos gelados de tanto teclarem em vão uma alma fantasma e um coração sempre frio.

Como se entregam ao vento as palavras e as memórias que ambicionamos levadas para outro lugar qualquer, mas na verdade acabam por se perceber perdidas na mais moderna dimensão do vazio.

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

Arquivo

    1. 2022
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2021
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2020
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2019
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2018
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2017
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2016
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2015
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2014
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2013
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2012
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2011
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2010
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2009
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2008
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2007
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2006
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2005
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2004
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D

Já lá estão?

Berço de Ouro

BERÇO DE OURO