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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

13
Mar08

"OS BANCOS PRECISAM DE AUMENTAR OS SEUS LUCROS"

shark
Se é inegável a preponderância da banca enquanto pedra basilar do funcionamento da economia que temos, sobretudo no que respeita ao tecido empresarial e à oscilação bolsista, está a tornar-se demasiado óbvia a pele de carrascos que os bancos começam a vestir relativamente ao que definimos como classe média.
De carrascos e de coveiros, pois o aviso de que o título deste texto dá conta prenuncia o apertar do seu poderoso torniquete nas depauperadas (endividadas) condições financeiras das famílias que o negócio do crédito foi aos poucos tornando reféns.
A contradição entre os resultados fabulosos que em cada ano transpiram a saúde da banca (mesmo o BCP, em plena convulsão, mantém um nível de lucro apreciável) e o aparente desplante (vulgo lata) com que se defende a necessidade de os consolidar (leia-se esmifrar ainda mais o cidadão sem excedentes nem poupanças) salta à vista de qualquer leigo.
Para a generalidade da população mobilizada para combater a cada vez mais difícil batalha contra o fim do mês, o reclamar de lucros por parte das instituições bancárias que se traduzirá na revisão em alta dos spreads (os mesmos que baixaram ao ponto de viabilizarem compromissos hipotecários a um prazo de cinquenta anos, garantindo o endividamento antecipado da próxima geração) soa insultuoso.
E ameaça fazer disparar o número de vidas escangalhadas pela parceria entre a ganância bancária e a mania portuga de insistir em correr mais depressa do que os próprios pés o permitem.

De pouco adianta imputar responsabilidades a qualquer dos Governos que permitiram o fartar vilanagem da sedução consumista, sem qualquer controlo sério que pudesse evitar a proliferação dos excessos no contexto de uma luta desigual entre gestores ambiciosos, estrategas habilidosos e publicitários cada vez mais eficazes e o mexilhão do costume, o Zé Povo, incapaz de resistir à tentação perante o carro novo, o plasma ou a crónica de férias do vizinho.
E de nada vale denunciar a irresponsabilidade (na maioria dos casos simples ignorância ou incapacidade de lidar com as novas regras deste jogo sem lei) das famílias que aos milhares se foram empenhando e deixando arrastar pela enxurrada da euforia que a Europa dos ricos e a tentação a cada esquina facilitaram.

Os números não mentem e muitos pescoços já sentem a pressão da corda. E com famílias aos milhares a verem-se privadas dos bens que tinham como indicador do nível de vida que julgavam possível, os bancos não podem continuar a esticá-la.

É que o medo que se vai instalando aos poucos destas garras inflexíveis da dinâmica sanguessuga, o boca a boca dos caídos em desgraça cada vez menos envergonhados de a assumirem por existirem culpados flagrantes a apontar está em vias de criar uma reacção alérgica ao negócio desalmado que a banca cada vez menos conseguirá desmentir com a cosmética publicitária e outras.

A cama que os bancos farão se insistirem neste divórcio com a componente humana da actividade financeira, a voragem do lucro, será aquela onde se irão deitar não tarda.
É que cada vez mais se sente o apelo de trocar a ameaça dos balcões pela relativa segurança dos colchões.

E nessa cama específica não há lugar para caixas desempregados e para gestores de conta às moscas...

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