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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

08
Mar08

A LÓGICA FUTEBOLÍSTICA

shark
Sempre que uma equipa de futebol exibe piores resultados, todos os restantes intervenientes no processo apontam o dedo ao bode expiatório e é do treinador a cabeça que rola.
A lógica subsequente é a de responsabilizar apenas quem delineia a estratégia e não quem a executa, a de fazer rolar a cabeça de um "culpado" de circunstância, mesmo que seja ponto assente que só não se mexe em equipa que ganha.

Ou seja, os jogadores de futebol, a quem compete levar a cabo a concepção do treinador, continuam a ser mimados pelo público mesmo quando se torna gritante a sua falta de talento e/ou de motivação e/ou de falta de disciplina táctica.
Para a lufada de ar fresco que se impõe há sempre uma cabeça que rola, a do mister, havendo casos em que a mesma equipa é treinada por três ou quatro pessoas diferentes numa mesma época.
Às vezes até acontecem milagres, os jogadores que nada rendiam com o treinador A transfiguram-se sob a batuta do treinador B e o mínimo que se pode presumir é que andavam a fazer ronha, apesar das suas principescas regalias (sobretudo por comparação com as de outras classes profissionais, mesmo no âmbito da prática desportiva).
Contudo, na maioria dos casos os clubes esbanjam milhões em acordos de rescisão resultantes das ditas chicotadas psicológicas (que custam caro, essas decisões levianas) e os substitutos contratados raramente conseguem impor a sua visão a tempo de evitarem o descalabro na tabela classificativa.

Tudo isto faz parte de uma lógica de funcionamento à escala planetária que acredita na substituição dos estrategas como solução para os rendimentos mínimos de um colectivo qualquer.

Mesmo que, como o caso de Mourinho ilustra, não existam de facto melhores alternativas.
08
Mar08

MANIAPIX, A GAULESA - Capítulo I

shark
anjinho musico.gif
Por ocasião da importantíssima aquisição da minha actual Canon (a defunta também o era) desabafei aqui contra uma empresa chamada Pixmania e que em Portugal é representada por uma sociedade unipessoal (o que transmite enorme confiança à clientela).Em causa estava o facto de eu ter abdicado do privilégio do sofá que qualquer compra pela Internet garante, preferindo dar corda aos sapatos e deslocar-me em carne e osso à loja lisboeta daquela empresa virtual, para me certificar que tudo corria em conformidade.
E não correu.

Resumindo, para não vos maçar com as peripécias secundárias associadas, encomendei uma máquina e juntei-lhe uma série de mariquices que fazem falta mas nunca integram a compra “principal”.
Estamos a falar de uma máquina nova a estrear, pelo que julguei estatisticamente improvável que tivesse problemas e arrisquei pagá-la antes de a experimentar.
Experimentei-a, ou melhor, tirei-a da caixa para descobrir que nem dava sinal de vida mesmo depois de esgotadas todas as soluções de caca constantes do troubleshooting nas últimas páginas do manual em várias línguas que não a do país onde comprei o dispendioso brinquedo.
Essa foi a primeira surpresa desagradável.

(Continua abaixo, senão o lençol punha a malta toda a roncar...)
08
Mar08

MANIAPIX, A GAULESA - Capítulo II

shark
Regressei ao estabelecimento onde não haviam faltado sorrisos e palavras tranquilizadoras (devia ter-me lembrado do último candidato partidário que apoiei, mas escapou-me), um nadinha chateado com a contrariedade mas calmo o bastante para me concentrar no objectivo principal: poder tirar fotografias com a máquina fotográfica que adquiri.
Pensava o bom do Shark: “Bem, isto é uma multinacional e tal, não podem “queimar-se” pois vivem da confiança de quem compra pela net e coiso, o problema resolve-se num instante. Basta trocarem esta máquina nado morta por uma idêntica”.
Esta foi a segunda exibição de ingenuidade deste consumidor idiota.

Que não, as condições de compra (as letrinhas pequenas) explicavam os termos em que a coisa se processava.
E a coisa processa-se assim: um gajo encomenda, paga e se houver azar o equipamento é recambiado para França e até daqui a 15 dias se Deus quiser.
E o bom do Shark: “Então vocês não têm uma máquina igual para eu levar enquanto ficam entretidos a ressuscitar a que paguei porque dela preciso para depois a impingirem ao papalvo seguinte na lista?”Que não, as condições de compra tá a ver?

Nesse caso devolvam-me o dinheiro que eu vou ali e já venho e vocês depois tratam do VOSSO problema.Querias, tubarão…
Devolvemos com certeza, mas só daqui a 15 dias (depois dos técnicos residentes em França confirmarem o óbito da maquineta).
E vocês não têm aqui alguém que possa ver a máquina? Pode ser uma coisa simples e já não me deixavam “agarrado”.Pois, mas não. Já tivemos mas deixámos de ter.

Deixaram de ter porque custa dinheiro e não passa de um argumento de venda imbecil, presumo eu, pois apenas serve para atender às reclamações de clientes necessariamente descontentes com a pane do seu equipamento e que, por esse motivo, dificilmente voltarão a comprar ali seja o que for.
Isto, claro, disse eu para mim próprio enquanto o jovem funcionário me olhava resignado com a máquina nas suas mãos inúteis naquela situação concreta.
E entretanto tentava com os meus botões raciocinar depressa (ia ficando pior do que a defunta, com o esforço) a ponto de perceber se estava a viver uma situação normalíssima ou se era uma vítima dos apanhados e todas aquelas máquinas de filmar nas prateleiras estavam a gravar a cena para me exporem mais tarde em horário nobre para a malta se rir.


consumidor portuga.gif
08
Mar08

MANIAPIX, A GAULESA - Capítulo III

shark
Mas os segundos passavam como horas enquanto na fila os oito ou nove crédulos que aguardavam o desenlace do meu drama começavam a bufar, nas tintas para o facto em apreço.Tive então que optar entre:

a) Desatar aos berros e à estalada e partir a loja toda (coisa que o meu seguro de responsabilidade civil não cobre e o meu advogado não aconselha);

b) Ceder à condição de refém (não me devolviam o dinheiro na hora nem me substituíam um equipamento que nem chegou a funcionar) e deixar na loja o artigo e o pilim.

Optei a custo por uma solução híbrida, retirando da primeira opção as partes da estalada e do vandalismo e somando o resto à segunda.
Ou melhor, até consegui nem berrar. Mas elevei o tom de voz o bastante para a minha indignação ser audível até ao final da fila (muito para lá da porta do estabelecimento) e exigi a presença do terrível, do poderoso, do ameaçador livro de reclamações (que o jovem pixmaníaco providenciou com a mesma descontracção com que me entregaria um rolo de papel higiénico emprestado), arriscando ter que repescar um item da opção a) se os patos na minha traseira bufassem alto demais a respectiva impaciência.

Munido com o dito bloco de apontamentos para manifestações de desagrado, saquei da caneta como se de um revólver se tratasse e preenchi o formulário com os dados pessoais mais um resumo bem claro daquilo que motivava a minha indignação.
E essa, recordo-o, passava pelo facto de eu ter desembolsado uma pipa de massa para comprar um equipamento que não funcionava e ser obrigado a regressar a casa com o rabinho entre as pernas, as mãos a abanar e a carteira mais levezinha, até ver…


assine já.gif
08
Mar08

MANIAPIX, A GAULESA - Capitulação IV

shark
Saí nessas condições deploráveis da loja, enfrentando com o ar “tás a olhar com essa tromba de enjoadinho para quem, ò palhaço?” os rostos dos palermas que aguardavam de forma ordeira a sua vez de arriscarem ser embarretados como eu me sentia.
E dirigi-me à Worten, onde comprei outra vez a máquina que pretendia e pude ver a funcionar antes de meter o cartãozinho dourado milagreiro nas mãos de alguém que também bebesse a poção mágica do empréstimo à força.
A partir daí, restava-me esperar (e rezar para que no final dos 15 dias me devolvessem a quantia “capturada” pelo esquema de auto-financiamento sem encargos mais descarado que conheci).
É que multiplicando o montante que me retiveram durante algum tempo por umas dezenas ou centenas de otários (tendo em conta os plasmas caríssimos e outros brinquedos de luxo à vista, a brincadeira terá doído ainda mais a alguns), basta manterem em stock uma unidade defeituosa de cada equipamento para poderem reunir na boa milhares de euros livres de juros durante duas semanas (sim, eles devolvem os sestércios à malta...).
Pelo menos em teoria…

E de forma perfeitamente legal, como acabo de ver confirmado pela resposta definitiva da “autoridade competente” a quem foi encaminhada a minha queixa, da qual retenho a esperança manifestada de que a empresa em causa melhore as suas práticas comerciais no futuro.

They rest my case…


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