Regressei ao estabelecimento onde não haviam faltado sorrisos e palavras tranquilizadoras (devia ter-me lembrado do último candidato partidário que apoiei, mas escapou-me), um nadinha chateado com a contrariedade mas calmo o bastante para me concentrar no objectivo principal: poder tirar fotografias com a máquina fotográfica que adquiri.
Pensava o bom do Shark:
Bem, isto é uma multinacional e tal, não podem queimar-se pois vivem da confiança de quem compra pela net e coiso, o problema resolve-se num instante. Basta trocarem esta máquina nado morta por uma idêntica.
Esta foi a segunda exibição de ingenuidade deste consumidor idiota.
Que não, as condições de compra (as letrinhas pequenas) explicavam os termos em que a coisa se processava.
E a coisa processa-se assim: um gajo encomenda, paga e se houver azar o equipamento é recambiado para França e até daqui a 15 dias se Deus quiser.
E o bom do Shark:
Então vocês não têm uma máquina igual para eu levar enquanto ficam entretidos a ressuscitar a que paguei porque dela preciso para depois a impingirem ao papalvo seguinte na lista?Que não,
as condições de compra tá a ver?
Nesse caso devolvam-me o dinheiro que eu vou ali e já venho e vocês depois tratam do VOSSO problema.Querias, tubarão
Devolvemos com certeza, mas só daqui a 15 dias (depois dos técnicos residentes em França confirmarem o óbito da maquineta).
E vocês não têm aqui alguém que possa ver a máquina? Pode ser uma coisa simples e já não me deixavam agarrado.Pois, mas não.
Já tivemos mas deixámos de ter.
Deixaram de ter porque custa dinheiro e não passa de um argumento de venda imbecil, presumo eu, pois apenas serve para atender às reclamações de clientes necessariamente descontentes com a pane do seu equipamento e que, por esse motivo, dificilmente voltarão a comprar ali seja o que for.
Isto, claro, disse eu para mim próprio enquanto o jovem funcionário me olhava resignado com a máquina nas suas mãos inúteis naquela situação concreta.
E entretanto tentava com os meus botões raciocinar depressa (ia ficando pior do que a defunta, com o esforço) a ponto de perceber se estava a viver uma situação normalíssima ou se era uma vítima dos apanhados e todas aquelas máquinas de filmar nas prateleiras estavam a gravar a cena para me exporem mais tarde em horário nobre para a malta se rir.
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