...Da Segunda Circular. Sporting e Benfica defrontam-se para o tira-teimas da época relativamente ao único título que verdadeiramente interessa aos portugueses, numa jornada muito apreciada por todos nós, adeptos dos grandes de Lisboa.
É que pelo menos quando jogam um contra o outro temos a certeza de que não conseguem perder os dois...
Falas de amor como quem o pinga a conta-gotas, eufórico, convencido de que soltas uma enxurrada no monitor. Mandas recados cifrados, lamentos ganidos como os de um cão muito mimado e um dia abandonado à mais completa solidão. Falas de amor com pala de doutor e afinal passa-te ao lado a essência não lamechas.
Nesse xadrez bizarro as tuas peças são golpes de teatro exclusivamente encenados para peões, desenhas corações à maneira sem teres em conta a piroseira que protagonizas. Jogas sempre a mesma cartada nos recados à namorada cuja ausência suspiras nesses momentos em que transpiras a tua parca inspiração. Patética a emoção maquilhada, cada palavra uma redundância pintada nos textos sem rosto que exibes nesse resto de colecção em saldo.
No alto desse torreão onde te quedas apaixonado pelo ícone do teu passado tão parco em referências, mais ainda em audiências para o teu espectáculo paupérrimo. Hipotecas a dignidade pelo apelo de uma saudade borrifada em lágrimas de sangue no teu pequeno muro privado das eternas lamentações.
Os erros e as omissões que te deitam a perder, nesse amor que finges doer quando inventas os pretextos deploráveis que justificam uma esmola, fazem parte da tua escola onde o drama é a disciplina principal a par com o solfejo.
Mas no princípio como no final só inspira um bocejo, essa música roufenha no disco riscado do coitadinho apaixonado tão baril.