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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

01
Fev08

A POSTA COM OS MEUS BOTÕES

shark
Apesar da minha condição de macho da espécie e, mais ou menos por inerência, tendencialmente gabarola em matéria de desempenho sexual, confesso que não me sinto orgulhoso pelo facto de ainda gostar tanto de sexo e, acima de tudo, por manter uma capacidade de resposta nesse domínio que jamais ousei vaticinar no passado quando pousei a ideia neste estatuto quarentão.
Ou seja, não me envaideço quando constato essa realidade. Antes me delicio com a sorte que isso representa para um gajo como eu que sempre afirmou gostar da fruta.

E eu gosto da fruta, tal como aprecio cada vez mais tudo o que lhe está associado por natureza. A corte, a fantasia, o clima que se instala entre as pessoas quando se sintonizam em simultâneo nesse canal, são argumentos que me fascinam, que me deliciam em cúmulo com o inexcedível prazer carnal que o sexo representa.
De resto, já várias vezes referi que entendo a carcaça como uma fonte inesgotável de dores e de desconforto e que só isso bastaria forçar o contraditório.
O prazer é quase obrigatório para nos compensar dessas pequenas (ou grandes) partidas que o corpo nos prega, num dente, nas costas, na sequência de um acidente ou de uma doença ou de qualquer outra das muitas mazelas a que se oferece tão frágil material.
Não dura para sempre, tal como não a possuímos na primeira etapa da existência, a nossa capacidade para usufruir da sensibilidade pela positiva. Precisamente aquela que o sexo sublima, quando corpos e mentes se predispõem às sensações.

Sempre que penso acerca deste assunto confronto-me com uma lógica que já julguei inabalável e que me empurraria para conclusões fáceis e de aparente incontestabilidade.
De entre estas, destaco a que parece mais óbvia quando se conjuga em teoria a apetência pela coisa com uma coisa saudável e funcional: não escapa uma (hipótese de).
Contudo, na prática não funciona de forma tão linear.

É corrente o pressuposto de que a (matur)idade nos vai, digamos, refinando os gostos e mesmo que assim não fosse tratar-se-ia de um busto excelente para justificar o crescendo de negas que o envelhecimento e consequente perda progressiva de, digamos, entusiasmo costuma acarretar.
E nesse contexto, os que temos a sorte de conservar por mais uns anos um tempo de resposta quase juvenil deveríamos ter dedo leve no gatilho do engate e, como se diz no meu bairro, não perdoar nem ao menino Jesus.

Fico sempre surpreendido quando me vejo desmentir essa conclusão, desperdiçando momentos e pessoas mesmo a jeito para o usufruto que acima refiro da fezada de ter a máquina em perfeitas condições. Soa-me quase pecaminoso, passe a heresia.
Porém, acabo sempre por interiorizar esses alegados desperdícios como manifestações da tal refinação que, de resto, acaba por constituir uma vacina contra a vulgarização do acto e das pessoas envolvidas (se aviarmos pila a granel).
Eu não me gabo das quecas que dou, saboreio o conjunto das suas memórias e, nalguns casos, das respectivas repercussões na minha ligação com as pessoas visadas ou nas que eu próprio reconheço em mim.
Não procuro o Guiness nem colecciono troféus. E não preciso de provar nada seja a quem for enquanto dispuser da certeza (e dos factos que a sustentam) de que na hora da verdade e dentro das condições que eu entendo indispensáveis não falta nada ao tubarão nem a quem o procura.
Por isso me sinto na boa quando declino uma hipótese que, por este ou aquele motivo, não preenchem os requisitos que me dou ao luxo de exigir. Como uma espécie de filtro para a distinção entre a rapidinha eufórica no vão de uma escada e uma tesão prolongada pela conjugação de factores mais próxima da ideal como a sinto e a defino.

Esta é uma das vantagens de podermos olhar a vida em ambas as direcções, passado e futuro, resultando desse miradouro uma serenidade e uma confiança que nos permite aumentar a fasquia da exigência nas pessoas e nos rituais.

E essa exigência, longe de se tornar um impedimento em termos quantitativos, acaba por se tornar num selo de qualidade na nossa percepção e um reconhecimento implícito do valor que atribuímos às pessoas e/ou às situações que, sob o crivo deste critério, ainda assim nos envolvem.

Sempre, e por isso também, muito especiais na nossa percepção individual.
E no fundo é só essa que conta.

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