Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

08
Fev08

BERÇO DE OURO

shark
O espaço está criado.
Agora deixem-se de merdas e mesmo que não queiram mandar-me emails porque não me gramam ou estão zangados/as comigo mandem por terceiros. Trata-se de uma realidade inevitavelmente colectiva e nenhum umbigo pode prevalecer no contexto em causa. Vá, é só para arrancarmos uns sorrisos uns aos outros.

Vão lá ver a ideia e depois digam-me se não é um blogue que só pode ter boa onda. :-)
08
Fev08

HOTEL RUANDA

shark
total caos.jpg
Vi ontem pela primeira vez, em versão cinematográfica, apenas uma mera representação do horror de que se fez aquela história. A realidade, aquela que a outra História conservará para um dia nos esfregar nas ventas da memória uma vergonha das que julgávamos contemporâneas dos nossos pais e avós, fez-se de uma explosão de barbárie que só surpreende quem nunca olhou os olhos de uma multidão descontrolada. Basta somar o ódio à receita e temos o caldo entornado sobre a bonomia humana que deveria bastar para que estas coisas jamais acontecessem.
Estas coisas continuam a acontecer e no nosso tempo de vida adivinho sequelas deste filme naquele ou noutro ponto qualquer do planeta que aos poucos se divide em dois. Ricos e pobres, "bons" e "maus", brancos e outros, ocidentais e esfomeados. E sedentos, e desesperados. E, como o filme em causa evidencia, entregues à sua sorte sempre que a desdita os privar de petróleo, de ouro, de qualquer riqueza ou simples relevância conjuntural que impulsione a vontade de intervir por parte de quem pode mas só faz quando calha.
Quando convém.

Agitar consciências.
É uma expressão que antes me dizia tudo e hoje diz quase nada. As consciências moribundas apenas se agitam em pequenos estertores oportunistas de quem inclina o corpo, desconfortável, para o outro lado do sofá enquanto rumina o pequeno drama do quotidiano de quem não possui moralidade para queixume algum perante o somatório de exemplos que este mundo, a metade dos que se choram sem motivo e a metade dos que já não dispõem de lágrimas para chorar, nos disponibiliza como termo de comparação.

Num modelo social a que chamamos ocidental e que nos ensina a sentirmo-nos príncipes da terra, importantes, determinantes, especiais, grassam os factos que nos provam apenas números na gigantesca contabilidade da máquina que ignora ou trucida quem deixa de fazer parte do tecido produtivo, da roda dos milhões que alimentamos sem cessar apenas para evitar que ela nos morda as mãos. Somos números, apenas, por quanto nos esforcemos para o desmentir até que a falência, a doença, a velhice ou outra fragilidade qualquer nos exponha a fractura sem clemência.
A factura da evidência que os do outro lado do mundo global conhecem à nascença e que os arrasta pela miséria perante a nossa indiferença até o problema se fazer sentir de forma tão descarada que ninguém o pode ignorar.
Quase sempre tarde demais.

Os interesses, não os nossos - gente comum - mas os de quem decide porque pode ou porque a apatia generalizada o permite, sobrepõem-se cada vez mais ao valor de qualquer vida, de muitas vidas até.
Somos apenas aquilo que a sorte deixar e enquanto o nosso caminho não se cruzar com o de um poder sem rosto que nos mima se o servirmos, que nos despreza se o deixarmos e que nos esmaga se o tentarmos contrariar.

E sorte a nossa, a de podermos ainda assim obliterar numa qualquer forma de alienação a responsabilidade passiva pela perda de um milhão daqueles que no outro lado do mundo, quase tão distante como o falso planeta chamado Plutão, servem de figurantes mudos nestes filmes para os cegos e os surdos que apenas aguardam na plateia a sua vez de se sentirem tão supérfluos como aqueles que a sua indiferença abandona, cobarde, à certeza de uma morte que se podia evitar.

Ou de uma sobrevivência cujos termos tornam essa realidade num pesadelo ainda pior.

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

Arquivo

    1. 2022
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2021
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2020
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2019
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2018
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2017
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2016
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2015
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2014
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2013
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2012
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2011
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2010
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2009
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2008
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2007
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2006
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2005
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2004
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D

Já lá estão?

Berço de Ouro

BERÇO DE OURO