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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

07
Jan08

BANDA DESENHADA

shark
compadres e comadres.gif
Há pessoas na blogosfera cuja coragem verbalizada, a frontalidade pura e dura e o oportunismo irreprimível (killer instinct) dos mais bem informados os colocam aos meus olhos como verdadeiros ninjas da palavra.
São guerreiros, são justiceiros, são viris na linguagem e mestres na arte de esgrimir argumentação às cegas, mantendo-se sempre ocultos numa penumbra protectora contra possíveis efeitos bumerangue analógicos dos seus cutelos virtuais vencedores.
E são muito anónimos também.

Fazem-me lembrar super heróis, daqueles da Marvel Comics, antigos, (como o Homem-Aranha ou assim) que só exibiam os super poderes quando vestiam as fatiotas ou colocavam as máscaras.
Sempre escudados por detrás das identidades secretas que lhes garantiam a impunidade na merdosa realidade das suas vidinhas civis.

Há pessoas assim, mas eu nem posso nomeá-las aqui para lhes louvar os feitos.
Porque nunca consigo associar o seu nick a uma cara.

Ou um super vilão em concreto a cada acto (escrito) da sua bravura aos quadradinhos.
07
Jan08

PAGO MAS NÃO CALO

shark
Em termos práticos o que distingue um casino de uma discoteca no que concerne à nova lei anti tabagista? Nada, por muito que isso dê jeito ao presidente da entidade a quem compete fiscalizar (e não interpretar) a aplicação do preceito.
Mas sinceramente estou-me nas tintas para essas questões de pormenor que apenas servem para evidenciar o cariz excessivo, fundamentalista, desta legislação de merda como quase todas as que me têm servido enquanto cidadão desta Europa purificada à imagem e semelhança do seu invejado mas decrépito modelo americano.

Aquilo que me interessa é o efeito real, a degradação da minha imagem enquanto pessoa por via de um vício a cuja implantação nenhum Estado é alheio. Entre a imagem do criminoso que insiste em fumar no restaurante onde almoça (so far so good) e a do triste que se expõe à intempérie ou ao calor sufocante porque precisa de uma passa a seguir ao café, venha o diabo e escolha.
Incomoda-me, esta soma de marginalizações que o meu país me impõe apesar da sua fama de terra de brandos costumes.
A verdade nua e crua é a que me revela que o mesmo país onde tanto floresce a economia paralela e onde o desrespeito pelas leis se faz sentir nas estradas, nos postos de trabalho, nos anúncios televisivos, na fuga aos impostos, em quase tudo quanto deste Portugal se faz, é aquele onde a bandeirinha da lei “que dá jeito” mais depressa surge hasteada nas mãos limpas das puritanas e dos puritanos que lhe reclamam a eficácia enquanto, pelas costas, fazem vistas grossas a uma infinidade de obrigações por cumprir e a todas as que bloqueiam o seu próprio feudozinho clandestino e, quiçá, ilegal de obtenção de proveitos da mais diversa ordem.

Porque carga de água a lei não permite espaços EXCLUSIVAMENTE dedicados aos fumadores? Sim, espaços magníficos SÓ para fumadores. Onde o não fumador possa sentir na pele o facto de incomodar com a sua rejeição os que lhe são hostis, os fumarentos, e anseie pela saída desses locais. Que o não fumador se sinta constrangido de frequentar, proibido, a mais.

Porque é que na trampa de um aeroporto grande a perder de vista não existem salas próprias para os viciados que aguentam horas de espera apenas para mudarem de avião?

Porque é que esta lei parece talhada para transformar um vício num pecado sem absolvição aos olhos de uma população maioritariamente hipócrita que até há pouco tempo preferia que as suas mulheres abortassem em Espanha ou às mãos de carniceiras, pela surra, do que conceder-lhes esse direito na sua própria terra?

São estas, entre outras, as questões que me fazem engolir a custo os argumentos “razoáveis” dos passivos que estão fartos dos abusadores. Porque só falam mais alto (os argumentos) porque os alvos estão à mercê dessa hipótese de exercer algum poder sobre o próximo, ainda que alguns em situações pontuais se possam ter sentido incomodados por uns quantos distraídos, abusadores ou simplesmente imbecis.
Não vejo o português comum chamar a polícia porque alguém está a privá-lo de outros direitos num restaurante que não os do ar tão limpo como o da sua consciência (em boa parte dos casos)…

Esta lei, pelos seus contornos excessivos que se reflectem nas reacções extremadas, está a fazer-me sentir ainda mais ultrajado do que outras que me marginalizam e me empurram para filmes que, por exemplo, um holandês não precisa viver.
Eu não sou um atleta, já fui. E duvido que as probabilidades do usufruto do meu fumo causarem danos nos fulanos sentados a 40 metros da minha mesa num restaurante arejado sejam muito maiores do que a de um piloto de uma avioneta me aterrar na sopa.
Mas ele pode voar, apesar dos riscos para a minha integridade. Como outros podem fazer corridas na Ponte Vasco da Gama, eu vejo-os e ouço-os, apesar de ser proibido e de o risco ninguém poder negá-lo.

E por isso, enquanto cidadão livre e sem anotações no registo criminal ou acusações pendentes, não preciso de considerandos éticos, morais, fiscais ou jurídicos para ter a certeza absoluta de que se trata de uma lei que tenta impor uma conduta com base numa motivação (falsa) moralista, caprichosa, e com objectivos que soam claros a quem os sente na pele.

Isso basta-me para a saber errada.
07
Jan08

MIND GAMES

shark
Fascinam-me os livros e os filmes que abordam dois tipos de tema: as dimensões paralelas e os finais apocalípticos.
Uns e outros recordam-me o quanto está muitas vezes nas minhas mãos a escolha do melhor caminho a seguir para embicar por um futuro como o anseio.

E lembram-me também o quanto pode ser idiota planear o futuro, sobretudo quando esse plano arrisca influenciar de forma negativa escolhas tão determinantes como a que referi.

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