Num país de inocentes onde os processos mais mediáticos acabam sempre por parir um rato, a absolvição dos acusados nunca tem honras de primeira página. E o mesmo não se aplica quando os dedos são apontados em caixa alta aos (poucos) suspeitos que a Justiça consegue sequer levar aos tribunais.
Existem duas consequências possíveis para esta prática da moda. A primeira é o progressivo descrédito do sistema jurídico junto de uma população farta de muita parra para pouca (ou nenhuma) uva e que se reflecte na discrição das notícias que, para todos os efeitos, ilibam os tais suspeitos que quantas vezes parecem pouco mais do que testas de ferro para animar a malta ao longo do caminho até à prescrição.
A segunda, mais hedionda, pode ilustrar-se com as mazelas sofridas ao longo de anos por duas figuras públicas acabadas de inocentar pela Justiça mas de forma alguma pela Imprensa que, na prática, os condenou. Torres Couto e Carlos Melancia não foram considerados culpados dos crimes (alegados) que lhes interromperam os percursos anos atrás enquanto os seus nomes faziam vender jornais.
Se não fosse agnóstico tavas lixado que trocava-te mais o teu saco cheio de inutilidades consumistas, maçadas e correrias desnecessárias pelo menino nas palhinhas deitado que era um descanso...