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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

29
Ago07

O CAMINHO DAS ESTRELAS

shark
constelação liberdade.jpgImagem: Shark
Deixaram-se ficar, lado a lado, cada corpo encostado ao de outra pessoa afinal tão próxima que se sentia como um prolongamento natural.Dos corpos como das almas, abraçadas as existências num instante do tempo tão agradável que se deseja imutável e não se quer de todo parar. Um só, naquela dupla fundida pela pele como pelo olhar. Apenas um a deslizar pela caxemira, perdidos os dois na sensação partilhada tão perto, tão dentro, tão intenso o momento que desaparecem as barreiras e são abolidas as fronteiras naqueles corpos como nas almas que se unificam quase, quase, até ao ponto de fusão.

Deixaram-se ficar, lado a lado, cada amor demonstrado com as mãos que tocavam a carne e com os olhos que beijavam ardentes a sua componente imaterial.
Um momento imortal nas memórias conectadas pela sensação comum, interligadas pela partilha de emoções libertadas pela suave fricção de dois corpos nus e os olhares meigos trocados, cada vez mais incendiados pelo calor.

As gotas de suor misturadas também, apanhadas pelo caminho de descida nos corpos de mãos dadas, as gotas igual, molhado o lençol pela transpiração de um crescendo de tesão que os poros libertavam como gueiseres minúsculos nos corpos incapazes de conter aquela força subcutânea, como uma lava subterrânea em busca da saída em cada cone de vulcão.
O acelerar da respiração, ar quente soprado da boca ardente de cada um daqueles amantes tão próximos da ignição. Como bocas de dragão, lança-chamas, e os olhos doces transfigurados, aos poucos, semicerrados pelo conjunto de alterações naquele par de expressões indistintas na sua vontade de transmitir o prazer e a ânsia de um querer tão poderoso que os colava, magnetismo, até nenhuma célula permanecer resistente ao fenómeno de atracção.

Inexorável, a mudança de posição repentina sob a luz filtrada pela cortina brilhando nas gotas sobre os corpos em pequenos pedaços de luz. Como estrelas instantâneas na pele, reproduzido o cenário espacial por onde deambulavam agora as consciências dos dois.

Passageiros sem destino, unidos numa viagem pelo universo paralelo a bordo de uma estranha embarcação baptizada com o nome “Paixão” soprada pelo espaço fora sem rumo, ao sabor de ventos cósmicos que podem de repente parar de soprar, como podem indefinidamente arrastar os corpos para fora da vida terrena e as almas para o interior de um planeta chamado “Amor” de onde poucos pretendem regressar.

E eles deixaram-se ficar, lado a lado, a alma feliz e o corpo cansado, as peles convertidas num firmamento e as almas perdidas algures numa outra dimensão do sentir.

A viagem de exploração inacabada na leitura dos mapas estelares desenhados nos olhares em lume brando cuja fervura iminente anuncia que a qualquer instante chegará, de novo, a hora de partir.
28
Ago07

A POSTA NO FOGO QUE ARDE SEM SE VER

shark
Ontem escrevi acerca de como o Mário Crespo se mandou ao seu entrevistado ambientalista para o pintar como um mau daqueles que incentivam ataques à propriedade alheia para fomentarem o debate (acerca de karaté biológico ou coisa assim).
E pensei com os meus botões: este tipo de “guerrilheiros” ambientalistas não tem qualquer hipótese de impor o uso da força perante o poder, qualquer poder, ao que acresce o triste facto de a sua cruzada comprometer o objectivo global dos restantes movimentos, os não adeptos da defesa do ambiente ao pontapé e à chapada.
Se a Imprensa que o Mário Crespo representa pende para a colagem da iniciativa farsola a termos como eco-terrorismo, os poderosos a quem possa interessar a fragilização do ambientalismo não podem perder a janela de oportunidade que isso representa.

Hoje o entrevistado era outro, tal como o tom quase servil do MC se distinguia à légua do que ontem empregou na sua infeliz arremetida contra os malandros dos vândalos dos campos de milho, coitados, transgénicos.
Mas antes de vos apresentar o protagonista esclareço que a peça anterior à entrevista de hoje foi um pungente corta e cola da tragédia grega incendiária.
Morte, dor, incêndios, questão ambiental.

E entra o convidado da noite, na qualidade de responsável por um daqueles projectos cor-de-rosa que blá blá mostram o lado bom e preocupado do tecido empresarial, blá blá, e reúne empresas portuguesas em torno de um esforço (titânico, com toda a certeza) para combaterem os incêndios em Portugal.
Quer dizer, não é bem combater pois ao que sei nenhum dos quadros da tal associação é bombeiro. Dão assim uma ajuda indirecta e tal, a preocupação dos cidadãos, blá blá, coitadinho do planeta que arde e que preocupação tão ambientalista que a nossa organização possui.

O convidado de hoje, que por acaso é logo a seguir a ontem (dia da chacina premeditada do ideal ambientalista dos “pequenos accionistas” deste planeta envenenado que tanto incomodam, sei lá, a indústria petrolífera), foi (coincidência, claro) o Dr. Murteira Nabo.

O Dr. Murteira Nabo, um eco-anjo, convidado na qualidade de responsável pelo tal eco-não-sei-o-quê para as empresas preocupadas com os incêndios e tal, falou um nadinha acerca do fogo, esse terrível flagelo, blá blá, e depois transitou sem querer para a costela ambientalista destes soldados da paz corporativos (coincidência, claro, esta de aproveitar a boleia dos incêndios para salientar a preocupação profunda, blá blá, com o ambiente, blá blá, e temos todos que despertar para o tema, blá blá) é o presidente da GALP.

(…)

Digam lá se isto não dava uma teoria da conspiração muito combustível?
28
Ago07

SEI BEM DO QUE FALO

shark
Não há como uma teoria da conspiração à maneira para desviar a atenção das nossas culpas no cartório, para transferir para os outros a responsabilidade pela nossa conduta errónea e mesmo da estupidez que possamos revelar em determinados momentos da nossa existência.

O problema é que essa abordagem funciona como uma anestesia e nunca como uma cura para a praga de ervas daninhas que por vezes toldam o discernimento e amesquinham quem abraça uma salvação impossível quando a respectiva tábua não passa afinal de uma miragem produzida pelo delírio da inevitável solidão interior que é, no final das novelas, a sua única consequência visível.

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