Ontem escrevi acerca de como o Mário Crespo se mandou ao seu entrevistado ambientalista para o pintar como um mau daqueles que incentivam ataques à propriedade alheia para fomentarem o debate (acerca de karaté biológico ou coisa assim).E pensei com os meus botões: este tipo de guerrilheiros ambientalistas não tem qualquer hipótese de impor o uso da força perante o poder, qualquer poder, ao que acresce o triste facto de a sua cruzada comprometer o objectivo global dos restantes movimentos, os não adeptos da defesa do ambiente ao pontapé e à chapada.
Se a Imprensa que o Mário Crespo representa pende para a colagem da iniciativa farsola a termos como eco-terrorismo, os poderosos a quem possa interessar a fragilização do ambientalismo não podem perder a janela de oportunidade que isso representa.
Hoje o entrevistado era outro, tal como o tom quase servil do MC se distinguia à légua do que ontem empregou na sua infeliz arremetida contra os malandros dos vândalos dos campos de milho, coitados, transgénicos.
Mas antes de vos apresentar o protagonista esclareço que a peça anterior à entrevista de hoje foi um pungente corta e cola da tragédia grega incendiária.
Morte, dor, incêndios, questão ambiental.
E entra o convidado da noite, na qualidade de responsável por um daqueles projectos cor-de-rosa que blá blá mostram o lado bom e preocupado do tecido empresarial, blá blá, e reúne empresas portuguesas em torno de um esforço (titânico, com toda a certeza) para combaterem os incêndios em Portugal.
Quer dizer, não é bem combater pois ao que sei nenhum dos quadros da tal associação é bombeiro. Dão assim uma ajuda indirecta e tal, a preocupação dos cidadãos, blá blá, coitadinho do planeta que arde e que preocupação tão ambientalista que a nossa organização possui.
O convidado de hoje, que por acaso é logo a seguir a ontem (dia da chacina premeditada do ideal ambientalista dos pequenos accionistas deste planeta envenenado que tanto incomodam, sei lá, a indústria petrolífera), foi (coincidência, claro) o Dr. Murteira Nabo.
O Dr. Murteira Nabo, um eco-anjo, convidado na qualidade de responsável pelo tal eco-não-sei-o-quê para as empresas preocupadas com os incêndios e tal, falou um nadinha acerca do fogo, esse terrível flagelo, blá blá, e depois transitou sem querer para a costela ambientalista destes soldados da paz corporativos (coincidência, claro, esta de aproveitar a boleia dos incêndios para salientar a preocupação profunda, blá blá, com o ambiente, blá blá, e temos todos que despertar para o tema, blá blá) é o presidente da GALP.
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Digam lá se isto não dava uma teoria da conspiração muito combustível?