O ilustre D. Pacheco Pereira, sumidade em matéria de blogosfera que de vez em quando produz umas atoardas como a da percentagem de lixo que os seus estudos de mercado mentais definem, voltou a dizer de sua justiça.Repito: de sua justiça (e da justiça de alguns seus correligionários entusiastas), pois no meu conceito de justiça não se encaixa de forma alguma um disparate como a responsabilização legal dos editores de blogues pelo conteúdo das caixas de comentários.
Ou seja, provavelmente inspirado na pureza da sua caixa de comentários (inexistente) no
Abrupto, JPP encontrou a fórmula teórica para arrastar a interactividade nula do seu espaço aos dos outros por via de uma interpretação curiosa do conceito de blogue.
Em causa está a possibilidade de qualquer editor de um blogue arcar com as consequências legais de uma intervenção infeliz por parte de um visitante do seu espaço.
Calculo que seja fácil a quem abdica da principal distinção entre um blogue e um vulgar site da Internet (a caixa de comentários) acreditar que qualquer editor de blogues pode manter vigilância 24 horas/dia sobre as asneiras que algum palerma possa deixar no seu espaço para o entalar.
Mais concretamente, o editor de um blogue só pode ir de férias depois de fazer como os estabelecimentos comerciais e fechar as caixas nesse período ou arrisca-se a regressar a casa e ter a Judite à porta por causa de um insulto deixado por um inimigo qualquer.
Isto para mim é um absurdo sob qualquer perspectiva. Criminalizar quem bloga pelas intervenções dos outros, presumindo que o foi o editor quem as publicou? Mas que raio de presunção é essa?
Quer dizer, um gajo deixa um livro em branco na sede da associação de moradores para a malta dizer de sua justiça. Vem o vizinho malandro e bota lá uma calúnia anónima contra o JPP ou algum dos seus incondicionais e o culpado é o dono do livro porque o deixou em branco ao dispor do maralhal?
O editor de um blogue publica posts e publica comentários de sua autoria. Quem comenta (publish, isto faz lembrar algo?) num blogue alheio é que assume a publicação, aproveitando a goela da liberdade de expressão que JPP não aceita na versão liberdade da coisa tal como um blogue a representa, quando não confere o direito de resposta/contestação no espaço virtual soberano. E quem o apoia acaba por denunciar o mesmo desconforto (quando anui à criminalização de quem permite a divulgação pública das palavras de outrem em respeito ao formato que a blogosfera privilegia).
Mas de um gajo que considera lixo o trabalho de noventa por cento dos seus colegas (maioria na qual terão que se integrar necessariamente muitos dos que subscrevem as suas ideias peregrinas) espera-se o quê?