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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

28
Jun07

UM MUNDO SÓ SEU

shark
degelo.jpg
Aos poucos o nevoeiro a levantar.O sol a abrir caminho por entre o manto incolor da cegueira temporária, faz-se luz em cada recanto da ilha deserta e tudo o que não se via parece agora ao alcance da vista outra vez.
O navio lá adiante, pintando o horizonte com a sua presença visual. Apenas um barco, afinal, vontade alguma de embarcar para longe daqui.

Aos poucos o fim da bruma e um rasto de espuma que desponta logo ali onde a areia se deixa beijar pelas ondas do mar e a terra acaba. Engolida pela água cada vez mais manchada por pedaços de azul. Do céu que se percebe destapado e envia um recado que brilha nas penas daquele bando de gaivotas que voam a liberdade e transportam a verdade aos olhos de marujos e de náufragos sem uma rota para a fé.

Como estrela polar, a luz a brilhar de passagem nas asas de uma viagem silenciosa no reflexo dos olhos de alguém. E nem interessa quem, entregue a si próprio, sentado nas rochas a soprar o nevoeiro e a descobrir o mundo inteiro nas intermináveis horas de meditação.
Lições do passado, no presente avisado acerca do futuro que um mago lhe revelou. No dia em que naufragou, abalroado de surpresa por um torpedo na proa. O fim inesperado de uma embarcação condenada ao estaleiro pela falta de dinheiro de um arruinado armador.

Aos poucos a visão cristalina de um mundo só seu. Perdido por entre o breu o furor cosmopolita, abandonada em definitivo a vontade de acreditar no milagre a ressuscitar nado morto. Aquilo que nasce torto e jamais se pode endireitar.
A sensação de acordar no final do sonho e passar o testemunho ao próximo corredor, um momento de libertação indolor que sabia necessário.
O reencontro com algo que o nevoeiro tapava e agora se mostrava ao brilho da luz.

A saudade esquecida no meio da euforia pelo regresso da paz.
27
Jun07

JUSTIÇA ÀS DIREITAS

shark
O ilustre D. Pacheco Pereira, sumidade em matéria de blogosfera que de vez em quando produz umas atoardas como a da “percentagem de lixo” que os seus estudos de mercado mentais definem, voltou a dizer de sua justiça.
Repito: de sua justiça (e da justiça de alguns seus correligionários entusiastas), pois no meu conceito de justiça não se encaixa de forma alguma um disparate como a responsabilização legal dos editores de blogues pelo conteúdo das caixas de comentários.

Ou seja, provavelmente inspirado na pureza da sua caixa de comentários (inexistente) no Abrupto, JPP encontrou a fórmula teórica para arrastar a interactividade nula do seu espaço aos dos outros por via de uma interpretação curiosa do conceito de blogue.
Em causa está a possibilidade de qualquer editor de um blogue arcar com as consequências legais de uma intervenção infeliz por parte de um visitante do seu espaço.

Calculo que seja fácil a quem abdica da principal distinção entre um blogue e um vulgar site da Internet (a caixa de comentários) acreditar que qualquer editor de blogues pode manter vigilância 24 horas/dia sobre as asneiras que algum palerma possa deixar no seu espaço para o entalar.
Mais concretamente, o editor de um blogue só pode ir de férias depois de fazer como os estabelecimentos comerciais e fechar as caixas nesse período ou arrisca-se a regressar a casa e ter a Judite à porta por causa de um insulto deixado por um inimigo qualquer.

Isto para mim é um absurdo sob qualquer perspectiva. Criminalizar quem bloga pelas intervenções dos outros, presumindo que o foi o editor quem as publicou? Mas que raio de presunção é essa?
Quer dizer, um gajo deixa um livro em branco na sede da associação de moradores para a malta dizer de sua justiça. Vem o vizinho malandro e bota lá uma calúnia anónima contra o JPP ou algum dos seus incondicionais e o culpado é o dono do livro porque o deixou em branco ao dispor do maralhal?

O editor de um blogue publica posts e publica comentários de sua autoria. Quem comenta (“publish”, isto faz lembrar algo?) num blogue alheio é que assume a publicação, aproveitando a goela da liberdade de expressão que JPP não aceita na versão “liberdade” da coisa tal como um blogue a representa, quando não confere o direito de resposta/contestação no espaço virtual soberano. E quem o apoia acaba por denunciar o mesmo desconforto (quando anui à criminalização de quem permite a divulgação pública das palavras de outrem em respeito ao formato que a blogosfera privilegia).

Mas de um gajo que considera lixo o trabalho de noventa por cento dos seus colegas (maioria na qual terão que se integrar necessariamente muitos dos que subscrevem as suas ideias peregrinas) espera-se o quê?
27
Jun07

SEXTO SENTIDO

shark
som de mulher.jpgFoto/Imagem: Shark
Desenhar um corpo com o olhar, contornos percorridos aos poucos para forçar na memória os traços permanentes de tão magnífica visão.
Moldar um corpo com as mãos, a carne pressionada pelos dedos que a agarram como um náufrago abraça uma tábua de salvação e depois passeiam, em dedinhos de lã, pela linha costeira da beleza traseira que se arrepia como se beijada por uma brisa fresca no final de uma tarde de Verão.

Aspirar um corpo com o olfacto, a variedade de fragrâncias que se espalham no acto de libertação de uma pele dos trapos que a impedem de respirar. Essência de desejo num perfume intenso de mulher.

Saborear um corpo com a língua, a pele macia em emissão contínua nos transmissores que enviam à mente e seus sensores as ondas de choque variáveis, pois nos pontos mais sensíveis cada toque desperta no corpo a energia contida de duas placas continentais.

Ouvir um corpo gritar ainda mais o prazer na voz alterada de uma mulher quando nela se produz algo parecido a uma explosão interior. O som de quem faz o amor mais ardente a um ritmo alucinante e se entrega por inteiro a um momento irrepetível na pauta das emoções.

Amar um corpo com o coração e estimular-lhe a tesão mais completa na humidade espontânea de uma mente erecta pela paixão que o romance atiça.

No fogo que se espreguiça pelo olhar até o vento soprar de uma boca que beija aquele corpo que deseja deixar-se consumir pelas chamas crepitantes, o cheiro a queimado dos amantes no lençol encharcado pelo rescaldo que o reacendimento implicou.

E mesmo assim não se apagou.

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