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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

28
Abr07

NA RUA DOS OUTROS

shark
sem abrigo.jpgFoto/Imagem: Shark
À tua volta a cidade que te olha com piedade ou com o desprezo a que se votam os que se colocam ou são colocados do lado de fora por alguma razão.Já nem olhas, saturado, e ignoras esse fado urbano que é o teu, isolado, num oceano cujas ondas te arrastam para a periferia do mundo que te naufragou.

Caminhas por entre as sombras de quem passa ao lado do teu corpo massacrado pelas noites mal dormidas, desprotegido, nas lajes geladas do chão que por castigo a cidade te impôs.
Acreditas que só te resta (sobre)viver assim, sempre próximo do fim que não temes sempre que gemes as dores que ninguém pretende ouvir. Enxotado para um ponto afastado dos sentidos tão sensíveis que protestam contra a fractura exposta que representa essa miséria imposta pelos andrajos que a sociedade te vestiu.
Quando te baniu por alguma razão.

A autoridade na perseguição a esses sinais de perigo, um futuro sem abrigo que pode abater-se sobre cada um de nós. Porque basta sentirmo-nos sós em demasia num mundo que desconfia dos que não conseguem esconder a solidão. Ninguém deita a mão a alguém que assume a desistência quando lhe acaba a resistência contra as agressões do exterior.

A cidade à tua volta e a falta de amor que te isolam como uma peste a evitar. Tu e os outros a caminhar em sentidos opostos, lado a lado no mesmo espaço onde te sentem a mais. E é assim que te entendem os que te olham com misericórdia ou te borrifam com a água benta da sua presunção. Beatas no chão que pisas, esses restos que fumas, esses vícios passados dos outros presentes na tua boca sem voz.
Uma cortina de fumo entre aquilo que te rodeia e a tristeza à vista no teu olhar.

Insistes em caminhar para lado algum nessa cela sem tecto, uma estrela tão perto que quase consegues tocar, cadente, que rasga o céu com o rasto brilhante até a luz desaparecer e o teu olhar se estatelar na gravidade da situação, o rebordo de outra garrafa vazia no frio do chão. A caridade fugaz dos poucos que iluminam o trilho que insistes percorrer sob a luz da cidade que um dia te apagou.

A corrente que arrastou a tua memória para longe do desalento que um dia te desligou.
Da tomada de consciência, irrelevante, daquilo que vi.

Dessa ausência indiferente dos outros como de ti.
27
Abr07

UMA TRABALHEIRA

shark
Com a primeira parte das férias acabadinhas de marcar (beach, beach!) e com a sonolência de quem se deitou apenas duas horas antes de acordar preparo-me para uma incursão pela gastronomia indiana.
Depois é ver no que dá o início do fim-de-semana.

Espero que o vosso seja excelente.
27
Abr07

NÃO OLHES AGORA

shark
alma foragida.jpg
Coisas que não podem ser ditas, angústias proscritas na boca e reclusas no coração. Segredos cativos, talvez ignorados nas masmorras do esquecimento em que se transforma o pensamento quando a verdade nos dói.
À espera de uma ocasião imprevista para se esgueirarem, na ânsia de escaparem para os cenários fantasiados de um crime por cometer.
Só precisam de obter uma fracção de segundo, um instante em que não se conseguem esconder essas coisas que não podem ser ditas mas espreitam pelas janelas abertas no momento de desatenção fatal de um olhar guardião prisional das emoções que alguém tentou ocultar.

Uma alma escondida com sonhos de foragida que sem querer deixou espelhar.
26
Abr07

A POSTA SEM CORANTES

shark
Se tivermos em conta a forma como os próprios definem a sua motivação para blogar, cada cabeça sua sentença, não existe uma definição “universal” para o que nos prende a esta plataforma de comunicação.
Uns dizem que blogam para si, transformando o blogue numa espécie de diário “secreto” sem cadeado que se deixa à porta do prédio para toda a vizinhança o ler (quando até existem formas de bloquear o acesso aos outros com a simples exigência de uma password). Outros dizem que blogam apenas porque não gostam de escrever para a gaveta, o meu caso, ou pela simples sede de comunicar sem arriscar alguns contratempos analógicos a que nos podemos poupar neste meio virtual.
Outros nem sequer oferecem explicações. Mas também blogam e não são poucos.
Contam-se pelos dedos de uma mão aqueles que assumem publicamente a atenção às estatísticas, aos contadores que nos indicam quantas visitas o nosso trabalho angariou e assim permitem avaliar o nosso desempenho, pela evolução dos números, aos olhos dos outros. Sim, sim, quantidade não é qualidade e todos sabemos que a malta nem quer saber destas coisas (mesmo os que têm até mais do que um contador e de vez em quando se descuidam com um post acerca da visita número xis ou com o desabafo acerca da curva descendente que o gráfico das “audiências” não consegue esconder).
Contudo, se os que afirmam blogarem para si incorrem no óbvio contra-senso de tornarem público o que afirmam ser privado, os que invocam o gosto de exibirem aquilo de que são capazes também terão alguma dificuldade em explicar-me a lógica de “não lhes interessar” quantas pessoas apreciaram essa exposição.

Em resumo, há muitos bustos na pala de quem bloga e a maioria dos que apontam o dedo aos que não escondem andarem nisto (também) pela pica de chegar ao maior número possível de pessoas só o fazem para disfarçarem o desconforto de se sentirem a falar sozinhos, incapazes de assumirem com frontalidade que ou até têm jeito mas necessitam de alterar o figurino do seu trabalho ou, truth hurts, mais vale irem tentar o Second Life (onde a malta só precisa de ter palheta e nenhum outro talento – ou respectiva ausência – é necessário para dar nas vistas).

E que entendo eu por figurino do nosso trabalho? O tema dos posts, o estilo das gravuras, a regularidade na publicação (as “pausas retemperadoras” são um convite à desmobilização dos visitantes) e a vontade de fazermos o melhor que conseguimos por respeito a quem nos visita. É nestes aspectos que podemos fazer a diferença que se nota depois nos contadores (aqueles em que ninguém repara e até, quando beliscam o ego, são pintados como uma ameaça cheia de papões informáticos para justificar a sua eliminação).

Torna-se por demais evidente que a velha “mama” da troca de linques como se de cromos se tratassem, o comentáriozinho da treta copiado em doses industriais só para marcar presença no máximo de espaços possível (pela estúpida “obrigação” de retribuir um simples olá) e o “empurrão” recíproco de amigos de circunstância já foram chão que deu uvas. A malta diz que sim, muito giro e tal, mas depois não papa grupos e vai visitar os blogues que verdadeiramente interessam…
O amadurecimento da blogosfera está a conduzir as coisas num sentido que não interessa a quem nada tem de novo para dar, a filtragem de quem vale a pena em detrimento da “popularidade” sustentada numa maior ou menor teia de influências que antes disfarçava nos números as lacunas de quem agora se vê relegado para um plano, nas suas ambições desajustadas, confrangedor.

O tempo da projecção indevida está a acabar para quem anda nisto sem argumentos ou sem estaleca para enfrentar diariamente a pressão de fazer bem para garantir o regresso de quem antes observou.

E isso só pode ser boa notícia para quem leva isto a sério, dá o seu melhor e nada tem a esconder.

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