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Abr07
NA RUA DOS OUTROS
shark
Foto/Imagem: Shark
À tua volta a cidade que te olha com piedade ou com o desprezo a que se votam os que se colocam ou são colocados do lado de fora por alguma razão.Já nem olhas, saturado, e ignoras esse fado urbano que é o teu, isolado, num oceano cujas ondas te arrastam para a periferia do mundo que te naufragou.
Caminhas por entre as sombras de quem passa ao lado do teu corpo massacrado pelas noites mal dormidas, desprotegido, nas lajes geladas do chão que por castigo a cidade te impôs.
Acreditas que só te resta (sobre)viver assim, sempre próximo do fim que não temes sempre que gemes as dores que ninguém pretende ouvir. Enxotado para um ponto afastado dos sentidos tão sensíveis que protestam contra a fractura exposta que representa essa miséria imposta pelos andrajos que a sociedade te vestiu.
Quando te baniu por alguma razão.
A autoridade na perseguição a esses sinais de perigo, um futuro sem abrigo que pode abater-se sobre cada um de nós. Porque basta sentirmo-nos sós em demasia num mundo que desconfia dos que não conseguem esconder a solidão. Ninguém deita a mão a alguém que assume a desistência quando lhe acaba a resistência contra as agressões do exterior.
A cidade à tua volta e a falta de amor que te isolam como uma peste a evitar. Tu e os outros a caminhar em sentidos opostos, lado a lado no mesmo espaço onde te sentem a mais. E é assim que te entendem os que te olham com misericórdia ou te borrifam com a água benta da sua presunção. Beatas no chão que pisas, esses restos que fumas, esses vícios passados dos outros presentes na tua boca sem voz.
Uma cortina de fumo entre aquilo que te rodeia e a tristeza à vista no teu olhar.
Insistes em caminhar para lado algum nessa cela sem tecto, uma estrela tão perto que quase consegues tocar, cadente, que rasga o céu com o rasto brilhante até a luz desaparecer e o teu olhar se estatelar na gravidade da situação, o rebordo de outra garrafa vazia no frio do chão. A caridade fugaz dos poucos que iluminam o trilho que insistes percorrer sob a luz da cidade que um dia te apagou.
A corrente que arrastou a tua memória para longe do desalento que um dia te desligou.
Da tomada de consciência, irrelevante, daquilo que vi.
Dessa ausência indiferente dos outros como de ti.
À tua volta a cidade que te olha com piedade ou com o desprezo a que se votam os que se colocam ou são colocados do lado de fora por alguma razão.Já nem olhas, saturado, e ignoras esse fado urbano que é o teu, isolado, num oceano cujas ondas te arrastam para a periferia do mundo que te naufragou.
Caminhas por entre as sombras de quem passa ao lado do teu corpo massacrado pelas noites mal dormidas, desprotegido, nas lajes geladas do chão que por castigo a cidade te impôs.
Acreditas que só te resta (sobre)viver assim, sempre próximo do fim que não temes sempre que gemes as dores que ninguém pretende ouvir. Enxotado para um ponto afastado dos sentidos tão sensíveis que protestam contra a fractura exposta que representa essa miséria imposta pelos andrajos que a sociedade te vestiu.
Quando te baniu por alguma razão.
A autoridade na perseguição a esses sinais de perigo, um futuro sem abrigo que pode abater-se sobre cada um de nós. Porque basta sentirmo-nos sós em demasia num mundo que desconfia dos que não conseguem esconder a solidão. Ninguém deita a mão a alguém que assume a desistência quando lhe acaba a resistência contra as agressões do exterior.
A cidade à tua volta e a falta de amor que te isolam como uma peste a evitar. Tu e os outros a caminhar em sentidos opostos, lado a lado no mesmo espaço onde te sentem a mais. E é assim que te entendem os que te olham com misericórdia ou te borrifam com a água benta da sua presunção. Beatas no chão que pisas, esses restos que fumas, esses vícios passados dos outros presentes na tua boca sem voz.
Uma cortina de fumo entre aquilo que te rodeia e a tristeza à vista no teu olhar.
Insistes em caminhar para lado algum nessa cela sem tecto, uma estrela tão perto que quase consegues tocar, cadente, que rasga o céu com o rasto brilhante até a luz desaparecer e o teu olhar se estatelar na gravidade da situação, o rebordo de outra garrafa vazia no frio do chão. A caridade fugaz dos poucos que iluminam o trilho que insistes percorrer sob a luz da cidade que um dia te apagou.
A corrente que arrastou a tua memória para longe do desalento que um dia te desligou.
Da tomada de consciência, irrelevante, daquilo que vi.
Dessa ausência indiferente dos outros como de ti.