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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

30
Mar07

A POSTOS PARA AS POSTAS

shark
É incrível como um gajo consegue sempre encaixar uma ou mais postas num dia tão preenchido. No fundo, com vontade e com gosto arranjamos sempre o tempo e a inspiração necessárias para ir rodando a primeira página destes nossos diários de bordo.

Outro aspecto importante é o do pretexto. Um bom pretexto, por exemplo reagirmos a um desgosto ou uma arrelia que alguém nos dá, faz maravilhas pela nossa disponibilidade para blogar. E todos sabemos que isto do tempo é uma coisa muito relativa. Para um sms rápido, um email de bons dias ou uma posta de resposta arranja-se sempre um buraquinho na agenda. Basta querer.

Faz parte dos encantos da blogosfera, essa capacidade de encontrar em nós aquela réstia de energia que damos por perdida quando nos convém preguiçar ou apenas justificar a falta de pachorra. Renascemos num instante, recuperamos as cores, soltamos o verbo que parecia tão perro quando nada nos suscitava um entusiasmo digno desse nome.

As melhores postas até podem sair assim, de repente, num acesso de fúria ou apenas numa displicente exibição de que as nossas desculpas para não fazer algo valem o que valem. O que conta é acima de tudo o motor de arranque certo, o tiro de partida para acordar a lebre sob a pele de tartaruga e num instante termos tudo o que faz falta para o acto de comunicar.

Nem que seja para desatinar com alguma embirração das nossas (nem todas, pois podemos cruzar os braços relativamente às mais sérias e dar-nos para exibir a nossa estaleca apenas em relação às menos indicadas), entre o fax que se envia e as compras de final do dia lá encaixamos a tal posta que estava mesmo a pedi-las.
Provamo-nos capazes de dar mais de nós, mesmo num contexto alegadamente impossível de contornar.

No fundo, a blogosfera pode funcionar como um composto vitamínico, uma máquina do tempo (das que o inventam) ou apenas um ginásio ou um ringue virtual onde treinamos com os nossos sacos de pancada indispensáveis a porrada verbal que depois acabamos por não dar a quem dela mais precisa…
30
Mar07

A POSTA NOS SITES DE ACTUALIZAÇÃO RÁPIDA

shark
Blogues sem actualização ao longo de dias a fio, por vezes semanas. Desabafos constantes contra a falta de pachorra para os espaços dos outros, no ar a queixa de que já não prendem a atenção, andam murchos…
E não faltam nos recantos da blogosfera menos dinâmica os prenúncios do fim. Uma sangria que se denuncia na partilha de tempo com o Second Life, as redes em embrião, a Internet em revolução interior e a blogosfera a preparar a pancada.

Domínios próprios, o passo a seguir, RSS e outras siglas de formas novas de estar nesta cena. Cada vez menos espaço para os blogues tradicionais, cada mais parecidos no visual e na filosofia com sites de actualização rápida.
E cada vez menos interacção. Nas caixas de comentários como na ausência óbvia de motivação para os encontros blogueiros que tanto aconteciam.

Está a acontecer um processo de mudança que até podemos chamar de maturação, nesta nossa comunidade virtual. É fácil perceber as alterações, curiosamente mais vincadas nos blogues veteranos do que nos da nova fornada. Até na atitude, dando a ideia de que são os mais rodados nisto quem está a fazer acontecer algo que se veja. Os mais recentes, como os mais preguiçosos, arrastam-se pelo éter em queixumes de dores várias que são afinal a falta de pedalada para manter o ritmo “ideal”.

Isto não é tão fácil quanto isso quando queremos provar todos os dias que vale a pena clicarem no nosso linque. “Todos os dias” é a primeira expressão que intimida a maioria e poucos aceitam tal imposição. Mas os factos comprovam que nenhum blogue de publicação irregular consegue manter um número razoável de visitas. “Provar” é o outro lado do desafio, ainda mais exigente pelo escrutínio imediato aos olhos de quem vê com olhos de ver como de quem apenas filtra os pontos fracos para os utilizar como arma de arremesso a quem, bem ou mal, arrisca tal exposição.
E “clicarem no nosso linque” é afinal o objectivo derradeiro, pois os que “escrevem para si próprios”, insisto, não precisam de um blogue e não vejo porque não se limitam a conservar esse produto para consumo próprio no domínio das folhas de Word arquivadas nos seus computadores.

Talvez a blogosfera esteja mesmo a estratificar-se, a segmentar os “mercados” em função dos objectivos de quem bloga e do grau de exigência de quem nos quer visitar.
E embora isso seja o que gostamos de chamar progresso, uma onda na qual surfamos ou mais vale enfiarmos a tola debaixo de água num mergulho que nos poupe à chapada, ainda estou a tentar perceber se encaixo nos novos moldes que vejo desenharem-se para esta actividade que, confesso, ainda me cativa.
30
Mar07

A POSTA NÃO PLANEADA

shark
planos para o futuro.jpg

Fazer planos é algo que só conceberia na óptica dos assaltos a bancos. E mesmo aí, tenho a nítida impressão que me acharia estúpido por dedicar (boa) parte dos meus dias a estudar meticulosamente um passo a dar, no mínimo, uns dois anos depois.
Parte de vós que me lêem poderão agora interrogar-se como posso eu saber quanto tempo é o razoável para planear tal coisa e eu lamento deixá-los na expectativa.

O cerne da questão é mesmo a onda dos planos, assim tipo aqueles contos de fadas do “o que vou ser quando for grande?” e do “se me saísse o totoloto fazia isto e aquilo”. Porque o são, quase todos. Por inerência, na arrogância de nos presumirmos vivos e cheios de saúde daqui a não sei quantos dias ou semanas até. E por ingenuidade, pois nunca incluímos nos planos os factores variáveis, os imprevistos que nos apoquentam nos momentos menos adequados e nos alteram o esquema por muito bem pensado.

Claro que é importante como factor de orientação, pelo menos julgo que o será para os mais atinados de entre vós, mas não passa de um tiro no escuro. Tanto mais fora do alvo quanto maior for a complexidade da previsão. E a distância no tempo dos factos planeados.

Fazer um plano equivale a uma leitura míope da bola de cristal. Sem óculos. Uma pessoa senta-se diante de um bloco de apontamentos e diz para si própria: “vejo no futuro um fim-de-semana sensacional com uma gaja interessante e boazona”. Ou vice-versa, tanto faz.
E uma pessoa desata a verificar o saldo do crédito nos cartões, as reservas disponíveis num hotel (ou em alternativa as limpezas de última hora no apartamento do caos), a limpeza a seco do casaco mais baril, onde deixar o cão, meter gasolina no carro, encontrar um miminho quebra-gelo para encantar a dita gaja boazona (ou vice-versa outra vez, que os factos assentam na mesma).

Isso mais uma série de previsões, conjecturas e outras bruxarias bué optimistas mas condenadas ao fracasso potencial por causa dos tais filhos da mãe de contratempos que nos apanham mesmo com as calças pelos joelhos e sem hipótese de refazer o esboço tão em cima da hora. Cada plano uma bem possível desilusão, mesmo os de curto prazo.
É tão realista expor as debilidades de uma vida “planeada” em função de calendários fantasma, os tais dias encaixados numa lógica vidente e falível, como aceitar o planeamento pessoal enquanto indispensável para a tal orientação a que muitas pessoas se obrigam.

Eu confesso a minha inépcia como planeador. Prefiro ir fazendo a coisa em doses pequenas, o que farei daqui a uma horita ou duas. Adoro surpresas, situações espontâneas e acima de tudo coisas que de facto acontecem tal como (e quando) as queria e não porque é “naquele dia” que tem de ser. Estava marcado. Com antecedência. Logo para o dia em que não adivinhei a entorse marada, a enorme gripalhada ou a simples falta de tempo (€) que não planeia a hora de se esgotar.

Plano sim acima da esmagadora maioria das horas investidas em planeamento seja do que for.

Mesmo que às vezes dê com a cabeça no vidro do planador, quando aterro no solo firme das surpresas desagradáveis que uma vida sem planos nos pode oferecer.

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