Faz de conta que temos um gajo muito obeso, demasiado até, a olhar muito guloso para um fruto proibido para a sua saúde física e, pior ainda, mental (que se agrava a cada nova dentada no prato alheio).Podemos mesmo conceber esse apetite como algo de compulsivo, descontrolado, induzido no gajo por factores endógenos mas também pela pressão de tentações exteriores à sua gula inata.
Uma combinação explosiva que o tenta, que o domina, que o leva a inventar desesperado os pretextos mais idiotas, aldrabices, para deitar a mão ao que cobiça sem hostilizar a sua consciência e a dos que tentam em vão evitar-lhe essa repetição de erros potencialmente fatais.
E ele trinca e cospe depois, indigestas na maioria as refeições, essas obsessões de menino mimado, arrogante e malcriado que não aceita entraves aos seus caprichos de glutão. Acaba por se tornar manipulador de quem o apoia, chantagista, vergado sobre si próprio pelo peso de uma responsabilidade que assumiu pela saúde de todos os outros antes de saber tomar conta da sua.
Nessas circunstâncias, o nosso protagonista desenvolve uma agressividade mal contida que se alimenta de paranóias que o passado lhe justifica e assim acredita piamente na permanente absolvição, qualquer que seja a sua culpa.
Envolve-se em milhentas escaramuças e arrasta aliados de circunstância para as vitórias aparentes que no final aditam mais um foco de tristeza e de frustração, remorsos tardios e traumas inultrapassáveis que regista e expõe na sua memória cinematográfica.
Ninguém consegue ter mão num indivíduo assim, poderoso na compleição, teimoso na atitude, convicto das suas razões para lá dos limites do razoável, simplesmente imparável no seu desejo de tudo e todos controlar ou castigar (ou mesmo devorar).
Agora faz de conta que esse gajo é um país e decide enviar porta-aviões para perto de um outro país que toda a gente sabe ser alvo da sua hostilidade que se adivinha desastrosa para o mundo inteiro se (quando?) vier a concretizar-se numa agressão.