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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

28
Fev07

DE SÃO E DE LOUCO (2)

shark
ate os passarinhos gostam.jpg
O sexo é muito importante, especial, xpto e tem o seu quê de sagrado por tudo o que implica, nomeadamente a intimidade que pressupõe. E não pode ser tudo à baldaMas porquê tanto alarido e complicação em redor de uma cena tão porreira e que uns anos mais tarde, pela relativização das coisas que o tempo impõe, acaba por muitas vezes nem fazer história na nossa memória mais nítida?

Eu confesso que às vezes custa-me a entender e aceitar os “rituais de acasalamento” excessivos que algumas pessoas (mulheres e homens) fazem questão de aplicar como condição prévia para um momento feliz e bem passado. E ainda pior, nos entraves de toda a ordem que se inventam para boicotar algo que se quer mas “não se pode” (por ser pecado, por ser moralmente errado, por ser perigoso, por ser trabalhoso, por ser tudo e mais alguma coisa que não impede que acabe por acontecer de uma forma ou de outra com a mesma pessoa ou outra qualquer – se calhar menos, ou se calhar mais, apetecível e apetecida).
Pode ser tudo isso, mas também é bom e vale a pena o esforço, porra!

É que depois a gente envelhece e morre.
E pronto, a questão já não se coloca…
28
Fev07

DE SÃO E DE LOUCO

shark
hard rock.JPGFoto: Shark
Li naquela expressão um desespero abafado pelo orgulho de quem não pode nem quer dar o braço a torcer. Por isso calei a minha leitura e poupei aquele homem à chuva no molhado que qualquer palavra acabaria certamente por constituir.
Limitei-me a olhá-lo nos olhos e a dar-lhe conta de que entendia a sua tristeza e a melancolia com que enfrentava em silêncio as agressões levianas, psicológicas, que lhe infligiam por actos, palavras e omissões as pessoas que mais vulnerável o sabiam.

Sentei-me ao seu lado nas rochas e fiquei calado a partilhar o horizonte onde ambos navegávamos o pensamento. Imóveis na contemplação, fugíamos ambos de nós mesmos e do castigo velhaco da malfadada lucidez.
Os factos que nos doíam, reprimidos dessa forma, anestesiados pelo impacto forte de todo aquele azul e do som poderoso do duelo de titãs que a natureza recriava mesmo abaixo dos nossos pés.
A vitória da paciência, milímetros conquistados à bruta pela passagem do tempo simbolizada pelas ondas que fustigavam sem descanso a terra que tão dura parecia e afinal sempre cedia à pancada sistemática de um elemento de aparência tão macia que até as mãos insignificantes de um homem conseguiam moldar.

A força da persistência contra a teimosia da resistência sem sentido algum. A erosão garantida e a terra envergonhada pela soberba que o tempo sempre cuida de desmentir. Os dados adquiridos que acabam por fugir, que se escapam por entre os dedos tão estúpidos como os rochedos que alimentam a ilusão de capturar ou de resistir, a fúria das marés mais o vento e a gravidade que tudo quanto suba devolve ao chão.
O respeito perdido pelo excesso de confiança, o final da esperança concretizado em mais um pedaço de rocha sólida que o mar engoliu, a areia na praia que afinal é o seu pó.

E eu ali tão só, ao lado de outro homem sem vontade de o dizer. Calados os dois até ao momento de alguém decidir que era tempo de partir para outra etapa na luta pela sobrevivência da fé. Missionários sem orientação.

Levantei-me então e sem me despedir voltei as costas à água que espelhava o céu mais a minha silhueta minúscula, sozinha naquele paredão.
27
Fev07

A POSTA QUE ERA MUITO BOA PESSOA

shark
era muito boa pessoa.JPGFoto: Shark
E de repente alguém morre.

Gente relativamente próxima mais ou menos afastada, familiar ou vizinho, mais para lá do que para cá e que não consta de todo das nossas preocupações diárias ou se calhar das de ninguém, algures na multidão de um lar dos esquecidos ou na solidão de uma casa envelhecida num ermo qualquer.
Uma maçada, afinal. Um velório e um funeral quase por obrigação, tem que ser, parece mal.

E um gajo lá vai prestar a derradeira homenagem a alguém que há muito deixara de existir na verdade dos factos mas agora a coisa torna-se oficial com registo numa pedra e anúncio num jornal.
Os pêsames à família enlutada, óculos escuros para esconder o olhar que não chorou e roupa menos colorida para dar o ar.

E depois um gajo põe-se na pele do defunto e antevê-se, nesta sociedade que nos despreza depois de velhos, o transtorno futuro para um reduzido núcleo de sobreviventes que apenas aguardam na fila de espera a sua vez de justificar uma inoportuna reunião que afinal apenas celebra o final da sua presença discreta mas, pelo sinal de alerta que constitui para “os que cá ficam”, inevitavelmente incómoda.

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