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Dez06
A POSTA NA TEMÍVEL CRÍTICA BLOGUEIRA
shark
Isto um gajo quando posta é sempre preso por ter cão e preso por não ter.Se falamos de nós e da nossa santa vidinha somos uns vaidosos, umbiguistas, só temos trampa na carola, mania que somos bons e o camandro. Olhó gajo, anónimo da treta, deve julgar que interessa a alguém se foi à bola ou se gostou de dormir com uma fulana ou o raio que o parta. Bom, vocês já sabem do que estou a falar.
Por outro lado, se tentamos evitar a raiva de quem nos detesta tanto que nem consegue deixar de clicar no linque odioso só para poder chamar-nos nomes ou escrever muito depressa (para publicar uns dias depois para evitar dar nas vistas) um post a insultar a nossa mania das grandezas e a reduzir-nos a pó virtual, se fugimos a essa tentação de usar o nosso blogue para falar do dono e enveredamos pelos temas de noticiário, coisas triviais, cai-nos logo em cima uma meia dúzia de coléricos/as.
Olhó gajo, sem piada nenhuma, a falar de cenas de treta. Sonífero, sem interesse, corriqueiro, só banalidades, a refugiar-se prá malta não lhe topar as emoções.
Pila mole, cobardolas.
Sobra-nos, e muitos/as adoptam essa saída de recurso, buscar na Cultura o refúgio sagrado para postas agradáveis e que até nos permitem angariar uma reputação muito intelectual. Ninguém tem pachorra para os nossos espichos (que os intelectuais a sério, as pessoas cultas, têm mais o que fazer do que escrever blogues) e temos o contador às moscas, mas sempre se aproveitam os linques nos blogues como o nosso (muito cultos) e aproveitamos para encafuar mais uns pós de sabedoria de algibeira na nossa cachimónia e nas dos básicos que blogam acerca de si próprios ou de temas sem nexo como política, gajas ou futebol.
Mas nem assim nos livramos de uma trollitada de um/a colega daqueles/as que nos detestam tanto que têm mesmo que acompanhar o nosso percurso para poderem depois denunciar a arrogância com que enveredamos pelo armar ao pingarelho.
Olhó gajo a citar o Kafka e a dissertar acerca de um quadro do Van Gogh. Deve ter a mania que é o Abrupto dos pequeninos
Claro que um tipo fica a bater mal e sem saber como ocupar o tempo de antena minúsculo (cerca de um minuto por visita, em média) que meia dúzia de pessoas investem na apreciação do que nos dá uma trabalheira do caraças e milagres como o do Gato Fedorento só acontecem aos muita bons e às muita amigas das pessoas certas.
Muitos/as de nós ficam tão desprovidos/as de opções que investem na citação sistemática do que outros fizeram. Letras de canções, fotografias, poemas, frases célebres, vale tudo para manter entretida a audiência sem termos que nos entalar perante a temível crítica blogueira.
Esta é a abordagem mais sensata, no meu entender, pois defende-nos de todo o tipo de ataque pessoal (nada de nosso transparece no blogue) e profissional (se o que publicamos é da autoria dos outros até os lincamos ou citamos se estiver mal feito a culpa é deles).
Contudo, e gajos estupidamente teimosos reservam sempre um porém, um todavia ou um contudo na manga, uma das poucas coisas de que um gajo se pode gabar quando cria e mantém activo um blogue é precisamente ser ele a mandar na cena. Podemos não mandar na mulher, nos filhos, no chefe, no patrão, na assembleia de condóminos ou seja no que for. Mas no blogue podemos exercer o poder, somos os editores, mandamos à brava e ninguém pode fazer nada para nos impedir de fazermos o que nos dá na gana.
É uma sensação magnífica, esta de escrever uma posta e zás! Ou de tirar uma foto e zás outra vez!
Umas atrás das outras, tudo nosso, bom ou mau, toma qué práprenderes ò pessoa que me detesta mas tá sempre caídinha no charco, ah poizé, ou pessoa que até me grama mas tem que se achantrar quando a cena não tá muito baril pois esta treta é oferecida, completamente grátis, e a posta dada não se olha o dente, a vida é mesmo assim.
Claro que a pessoa, nem que seja para dificultar a vida à temível crítica blogueira, esforça-se para fornecer (totalmente à pala, de bórliu) material em condições, dentro da medida do possível.
E essa medida só é possível se for a nossa, o que verdadeiramente valemos e o que bem ou mal somos mesmo capazes de fazer. Se for a menos, não enchemos as medidas a ninguém. E se for a mais transborda, como um lençol deste tamanho (por exemplo) ou uma treta muito elaborada mas que toda a gente percebe (consultando os arquivos, por exemplo outra vez) que ou foi plagiado, ou foi adaptado, ou foi outra coisa qualquer que não nós mesmos (a bagagem não aparece de repente à porta dos/as incapazes e a malta estranha logo os rasgos isolados de génios por descobrir).
Mas mesmo esta paupérrima reflexão acerca de um tema pacífico (porra, se um gajo não pode escrever sobre a blogosfera ) é susceptível de despoletar o rancor da temível crítica blogueira.
Olhó gajo a escrever uma carrada de linhas acerca de coisa nenhuma. Tanto paleio, tanta converseta e afinal nicles. Nem uma conclusão para o (alegado) raciocínio que nos ocupou praí uns dois minutos e picos. É mesmo uma nódoa, a mim nunca enganou
É verdade. Com um décimo das palavras podia ter dito a mesma coisa e encerrar com chave de ouro com a tal conclusão que nos confere legitimidade blogueira perante a temível crítica da especialidade.
Até o fazia com menos, querem ver:
É só para dizer que o Charquinho é o meu blogue, publico o que me apetecer, só aceito críticas fundamentadas no que faço e não no que sou e nunca sob o manto cobarde do anonimato de quem, bem vistas as coisas (e essas coisas vêem-se), se estivesse ocupado/a a fazer melhor do que eu não teria tempo para vestir a pele da temível crítica blogueira e escarnecer o trabalho dos outros para disfarçar a sua confrangedora inépcia de gente que não interessa nem ao menino Jesus.
Dizia o mesmo, mas dava-me menos gozo. E sem esse, então é que esta cena não tem mesmo ponta por onde se pegue.