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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

26
Dez06

BUSH-A-TOON & Cia.

shark
dor ciática.gif
Desde o fiasco das armas-fantasma de destruição maciça que serviram de falso pretexto para um novo Vietname à inépcia para descobrir o paradeiro do novo “hermano” de Ramos Horta (Bin Laden), passando pelas procuradas (wanted) linhas aéreas United Clandestines, a CIA parece empenhada de há uns anos a esta parte em auto-destruir a sua credibilidade.

Agora vem um médico espanhol desmentir o cancro de Fidel e declará-lo quase pronto para regressar dos mortos anunciados pela secreta americana que, de resto, terá prestado um valoroso serviço ao seu arqui-inimigo criando o clima ideal para um retorno apoteótico.

E embora custe relembrar o episódio, dificilmente a CIA não sairá chamuscada pela História quando o atentado ao World Trade Center se revelar ao público em todo o esplendor da cegueira dos espiões mais trapalhões que o mundo conheceu.

Dá a sensação que o presidente Bush himself, pródigo nas calinadas, é o maestro da cacofonia que esta CIA de brincar produz.
Não acertam uma. Ou, para utilizar uma expressão que encaixa como uma luva no desempenho destes sofisticados artolas, é cada cavadela cada minhoca…

Curiosamente, o povo americano não reage a tanta exibição de incapacidade e deixa andar como se nada fosse, mesmo confrontado a toda a hora com o desnorte desta sua derradeira (e única verdadeira) linha de defesa contra as ameaças reais (e fictícias) que a nova ordem mundial criada pelo petro-cowboy texano geram na penumbra da sua desorientação e que tem saído muito cara aos cada vez menos abastados cofres de Washington.

O vespeiro em que o Iraque se tornou, e que os homens da CIA não previram, prepara-se agora para conhecer uma nova acha para a fogueira sob a forma de um líder deposto e já meio esquecido a quem decidiram apressar o estatuto de mártir eterno.
A corda no pescoço de Saddam apertará ainda mais o nó que estrangula a imagem americana a nível mundial, pois ninguém duvide que se tratará de mais um tiro no pé que os nabos sobrinhos do Tio Sam se aprestam a (deixar) dar.

Parece intencional, tanto disparate. Por ser tão descarado, quase infantil, e trazer os operacionais da CIA para as parangonas quase sempre no papel de bobos da corte do rei momo que o seu povo elegeu.
É um fartar vilanagem de erros de cálculo, de inconfidências de bradar aos céus por parte dos seus antigos colaboradores, de falsos alarmes que descontraem em demasia ou de dentadas num traseiro que ninguém cuida de vigiar.
É CIAneto para um presidente em agonia nas sondagens.

E devem ser um dos mais hilariantes motivos de galhofa para um homem “do ofício” como Putin.
Que por acaso, se calhar outro galo cantaria, só aterrou no Kremlin depois da Cortina de Ferro se transformar num véu de (aparente) cetim…
26
Dez06

GOSTAVA DE SABER

shark
sei lá eu.JPGFoto: Shark
Gostava de saber explicar-me. Mais perante mim mesmo do que a todos vós que se constituem testemunhas mais ou menos distantes daquilo que sou.
Mas a sério que gostava de ter certezas tão absolutas como as que exibem a maioria das pessoas que contacto em cada dia. Pelo menos assim o alardeiam, com uma confiança que me desarma e me perturba sempre que tento explicar-me e não encontro uma resposta definitiva. Ou mesmo um simples palpite que não se veja desmentido por uma actuação desconcertante ou por uma evidência irracional.

Gostava de saber o que sou, aos meus olhos. Para entender melhor como se desenham os meus contornos nos olhares de cada um dos que me observam e me criticam a toda a hora as fraquezas, me castigam com a dureza das palavras ou me banem do seu círculo como um pária a evitar. Para adequar melhor a minha natureza por explicar às de tanta gente que soa tão certa de si ao ponto de me definirem com uma clareza de que nem eu sou capaz.

Gostava de saber o que existe em mim de nefasto, de tão prejudicial que me afasta da imagem que cultivo, a de pessoa de bem, e me rotula de indesejável, descartável, perigoso até.
Aquilo que me afasta dos outros por perceber que se afastam de mim e me negam a hipótese de lhes oferecer um simples pedido de desculpa ou mesmo uma explicação para tudo o que não se enquadra no nível de exigência que pareço suscitar.
Como se um homem como eu nunca pudesse falhar, fiável como um autómato e dócil como um animal de estimação.

Isso sei que não sou e sabendo não gostaria.
25
Dez06

O CONTO DE REIS - Epílogo (O Natal já era, tavam à espera de quê?)

shark
final feliz.jpg
Instalou-se um silêncio expectante na casinha de madeira do casal Nicolau e Natália quando o Espírito do Quadro se pronunciou.JC, por seu lado, parecia algo alheado da questão. Como se soubesse por antecipação o que se seguiria. E isso nem espantaria ninguém…

- Trago-vos a Boa Nova! – anunciou o Espírito com voz solene.

“O Nicolau bem precisava, coitado. E até bastava ser nova…”. JC pensou mas não disse.

E o Espírito prosseguiu com a sua revelação (que por questões ligadas ao Direito Canónico não podem ser expostas num blogue herético), na essência destinada a explicar porque o seu papel no conto consistia apenas em justificar-lhe o fim apressado que o aproximar da meia-noite de dia 25 recomendava.

- Mas não vamos transformar-nos em abóboras, pois não?
Um chiu em uníssono soou na sala quando Nicolau, completamente xexé, abriu a boca para soltar os disparates do costume.

- Não, amigo. Vamos transformar-nos em lixo informático, perdidos nos arquivos mortos de um blogue qualquer. – esclareceu o Espírito, tranquilizador.

- Isso quer dizer que ninguém vai ler esta merda e tudo não passou de um pesadelo saído da mente de um filisteu moderno?- Sim, Natália. Assim consta no que está escrito.- No que se está a escrever…- Sim, mas quando alguém ler já terá acontecido…- Mas enquanto personagem da história não tenho nada a ver com isso. Neste instante ainda não está escrito e por isso não vejo como se justificam de forma lógica essas palavras.
O Espírito já bufava.

- Certo, Natália. Mas a única forma de fazer sentido a minha aparição é justificá-la com a minha omnisciência…- Atão mas o omnisciente não é o puto? Não é o Pai dele que está em todo o lado e tal? E tu, desculpa que te diga, és ainda mais absurdo enquanto personagem de ficção do que qualquer um de nós…
Perante o desespero do Espírito, cuja alteração fisionómica permitia antever (mesmo sem estar escrito) que não tardaria a adornar o pescoço de Natália com uma das suas telas (agora são telas mesmo), JC decidiu finalmente poisar o copo de três no tampo da mesa e acabar com a animada desconversa.

- Bom, como sabem eu tenho uma sólida reputação enquanto orador eficaz…- Vem aí conversa fiada… - Natália não conseguia reprimir os seus ímpetos de amazona verbal.
- Natália, faz-me um favor: vai dar de comer às renas.
- Vai tu partilhar a palha com o burro. E de caminho arranja uns morfes prá vaquinha também. Estou a falar da vaquinha da tua…
Nicolau, muy macho, esmurrou a mesa e impôs a sua voz de trovão.

- Natália, nem mesmo no contexto de uma posta idiota podes sentir-te no direito de ires longe demais. O JC é um amigo desta casa!- Pois sim, por ele já estavas a dar milho aos pombos no jardim da Estrela…- Gosto dele como se de um filho se tratasse, bem o sabes. E há muita gente a sério, potenciais leitores desta palermice, que o respeita e não tolera determinado tipo de liberdades criativas.- Isto agora é o quê? Lá porque usam barbas (o ícone adulto do JC também) vão armar-se em fundamentalistas? Não se pode tocar no menino? Ponham-se com essas tretas e eu, que até tenho jeito para o desenho, dedico-me já às caricaturas!
JC respirou fundo. Sabia que Natália nutria por Nicolau um grande amor que lhe instilava o instinto protector e a fazia proferir tantas ofensas. Era isso mais o impacto da falta de… animação nas noites frias do Alasca (a cena do pólo norte foi apenas um mito americano para desviar as atenções). Mas ele perdoava a quem lhe tinha ofendido desde há séculos atrás e não ia sacrificar a coerência por causa da leviandade de um escriba menor, um reles mortal sem costas para levar duas chibatadas bem aviadas.

- Acalma-te, Natália, que isto é só para inglês ler.

JC aproveitou para fazer uma pausa e acabar com o resto do trotil.

- No fundo, tudo o que acontece é fruto da Vontade do Criador. E isso aplica-se também a este conto, provindo das mãos de um membro do Seu rebanho (aí pára, que eu tou a escrever mas não tou a dormir. Se te esticas corto-te já o pio…).

Nota do autor: o autor também pode intervir nas suas chachadas, ou não? Bom, vamos lá devolver a palavra ao baixinho.

- E por isso não devemos levar demasiado a sério os seus devaneios ou mesmo as incongruências da história. Por exemplo: onde é que estão os reis que dão título ao conto?
Pronto. E agora basta. Querias um conto de reis (mil escudos, para quem já não se lembra da moeda portuguesa)? Toma lá cinco euros, deposita o excesso do arredondamento numa caixinha de esmolas qualquer e pisga-te que esta história acaba aqui.

E vocês, leitores, estavam à espera de quê? Neste blogue o todo-poderoso sou eu.

Mando mais do que o próprio JC!

(E a boa nova que o Espírito da Quadra trazia convidou-me para ir tomar um café…)

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