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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

25
Dez06

O CONTO DE REIS - Epílogo (O Natal já era, tavam à espera de quê?)

shark
final feliz.jpg
Instalou-se um silêncio expectante na casinha de madeira do casal Nicolau e Natália quando o Espírito do Quadro se pronunciou.JC, por seu lado, parecia algo alheado da questão. Como se soubesse por antecipação o que se seguiria. E isso nem espantaria ninguém…

- Trago-vos a Boa Nova! – anunciou o Espírito com voz solene.

“O Nicolau bem precisava, coitado. E até bastava ser nova…”. JC pensou mas não disse.

E o Espírito prosseguiu com a sua revelação (que por questões ligadas ao Direito Canónico não podem ser expostas num blogue herético), na essência destinada a explicar porque o seu papel no conto consistia apenas em justificar-lhe o fim apressado que o aproximar da meia-noite de dia 25 recomendava.

- Mas não vamos transformar-nos em abóboras, pois não?
Um chiu em uníssono soou na sala quando Nicolau, completamente xexé, abriu a boca para soltar os disparates do costume.

- Não, amigo. Vamos transformar-nos em lixo informático, perdidos nos arquivos mortos de um blogue qualquer. – esclareceu o Espírito, tranquilizador.

- Isso quer dizer que ninguém vai ler esta merda e tudo não passou de um pesadelo saído da mente de um filisteu moderno?- Sim, Natália. Assim consta no que está escrito.- No que se está a escrever…- Sim, mas quando alguém ler já terá acontecido…- Mas enquanto personagem da história não tenho nada a ver com isso. Neste instante ainda não está escrito e por isso não vejo como se justificam de forma lógica essas palavras.
O Espírito já bufava.

- Certo, Natália. Mas a única forma de fazer sentido a minha aparição é justificá-la com a minha omnisciência…- Atão mas o omnisciente não é o puto? Não é o Pai dele que está em todo o lado e tal? E tu, desculpa que te diga, és ainda mais absurdo enquanto personagem de ficção do que qualquer um de nós…
Perante o desespero do Espírito, cuja alteração fisionómica permitia antever (mesmo sem estar escrito) que não tardaria a adornar o pescoço de Natália com uma das suas telas (agora são telas mesmo), JC decidiu finalmente poisar o copo de três no tampo da mesa e acabar com a animada desconversa.

- Bom, como sabem eu tenho uma sólida reputação enquanto orador eficaz…- Vem aí conversa fiada… - Natália não conseguia reprimir os seus ímpetos de amazona verbal.
- Natália, faz-me um favor: vai dar de comer às renas.
- Vai tu partilhar a palha com o burro. E de caminho arranja uns morfes prá vaquinha também. Estou a falar da vaquinha da tua…
Nicolau, muy macho, esmurrou a mesa e impôs a sua voz de trovão.

- Natália, nem mesmo no contexto de uma posta idiota podes sentir-te no direito de ires longe demais. O JC é um amigo desta casa!- Pois sim, por ele já estavas a dar milho aos pombos no jardim da Estrela…- Gosto dele como se de um filho se tratasse, bem o sabes. E há muita gente a sério, potenciais leitores desta palermice, que o respeita e não tolera determinado tipo de liberdades criativas.- Isto agora é o quê? Lá porque usam barbas (o ícone adulto do JC também) vão armar-se em fundamentalistas? Não se pode tocar no menino? Ponham-se com essas tretas e eu, que até tenho jeito para o desenho, dedico-me já às caricaturas!
JC respirou fundo. Sabia que Natália nutria por Nicolau um grande amor que lhe instilava o instinto protector e a fazia proferir tantas ofensas. Era isso mais o impacto da falta de… animação nas noites frias do Alasca (a cena do pólo norte foi apenas um mito americano para desviar as atenções). Mas ele perdoava a quem lhe tinha ofendido desde há séculos atrás e não ia sacrificar a coerência por causa da leviandade de um escriba menor, um reles mortal sem costas para levar duas chibatadas bem aviadas.

- Acalma-te, Natália, que isto é só para inglês ler.

JC aproveitou para fazer uma pausa e acabar com o resto do trotil.

- No fundo, tudo o que acontece é fruto da Vontade do Criador. E isso aplica-se também a este conto, provindo das mãos de um membro do Seu rebanho (aí pára, que eu tou a escrever mas não tou a dormir. Se te esticas corto-te já o pio…).

Nota do autor: o autor também pode intervir nas suas chachadas, ou não? Bom, vamos lá devolver a palavra ao baixinho.

- E por isso não devemos levar demasiado a sério os seus devaneios ou mesmo as incongruências da história. Por exemplo: onde é que estão os reis que dão título ao conto?
Pronto. E agora basta. Querias um conto de reis (mil escudos, para quem já não se lembra da moeda portuguesa)? Toma lá cinco euros, deposita o excesso do arredondamento numa caixinha de esmolas qualquer e pisga-te que esta história acaba aqui.

E vocês, leitores, estavam à espera de quê? Neste blogue o todo-poderoso sou eu.

Mando mais do que o próprio JC!

(E a boa nova que o Espírito da Quadra trazia convidou-me para ir tomar um café…)

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