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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

22
Dez06

SANTINHO! (repost com dedicatória)

shark
Grande Laboratório.jpg
Jurou vingança perante o Conselho logo que lhe confirmaram a sua dispensa do cargo de assistente do departamento de Estudos Galácticos.Acreditava ser o melhor cientista do universo e não tolerava a ideia de ser afastado das suas cobaias, criaturas raptadas em centenas de planetas distantes.
Dedicara a vida ao trabalho e rejeitava a ideia de que tinha de alguma forma sido afectado pelo contacto excessivo com alguns espécimes. Acusavam-no de comportamento agressivo e sabia que isso resultaria em demissão.

Já antevira tal desfecho e tratou de retirar a sua criatura preferida do casulo em que a colocara tempos atrás. Sabia que a cobaia era portadora do vírus mais letal que se conhecia e arrastou-a para um local movimentado de Crion, dentro de um saco isolador. Retirou da bolsa o antídoto, injectou-se e libertou do saco a criatura rosada.

O inferno instalou-se quando o terráqueo espirrou.

-/ /-

O texto acima (que já publiquei aqui, algures) serve como apresentação/recomendação de um dos blogues que mais tem prendido a minha atenção nos últimos tempos.
Escolhi este texto e respectiva ilustração para o efeito e não me perguntem porquê. Ocorreu-me fazer a coisa desta forma.
Se a curiosidade vos vencer, visitem o BITAITES.
Eu acho que é tempo bem empregue.
22
Dez06

O CONTO DE REIS - Uma Novela no Espírito do Quadro

shark
santanu.jpg

O vento soprava a neve lá fora enquanto o velho Nicolau terminava a decoração do seu pinheirinho. Tinha começado a tarefa onze meses atrás, pois a sua provecta idade já não lhe permitia acelerar em demasia e o médico de família até já lhe tinha proibido o consumo dos milagrosos comprimidos azuis.
O tempo não perdoava, Nicolau bem o sabia. E por isso só fazia aquilo que o corpo deixava, nas calmas, pois as costas davam-lhe cabo da boa disposição e a sua maria há muito o havia avisado que os tempos eram outros e se não se punha a pau dava de frosques e ele tinha que se desenrascar na cozinha se quisesse comer uma filhós.

Só ao terceiro berro da esposa o velho Nicolau percebeu que alguém tocara os sininhos da porta.
“A esta hora?” – pensou, enquanto fazia ranger as articulações pelo esforço de se levantar do chão.

- Ò Natália, onde é que está o gorro?E ela lá de dentro resmungava que o gorro sempre ficava no sítio do costume.

- Ò Natália, onde é que puseste o roupão?E ela, possessa, disparava um palavrão. E depois a ladainha habitual, “és sempre a mesma coisa, nunca sabes de nada, deixas tudo em todo o lado, blá blá blá, blá blá blᅔ

Mas Nicolau já não a ouvia e depressa desistia de a questionar acerca dos óculos sem os quais via pior do que uma toupeira. “Já vai, já vai!”, gritava ele enquanto se arrastava até à porta onde os sinos não paravam de tilintar.
Quando lá chegou e finalmente a abriu apenas distinguiu umas manchas à distância, perdidas no meio do breu.
- Afinal é só um pastor, querida, mais as suas ovelhinhas…

- Tás cada vez mais pitosga, méne! Aquilo é o gajo da DHL com os sacos das encomendas…
Estremeceu com o susto e dirigiu o olhar para baixo. Sob um halo de luz, um lindo bebé sorria encaixotado nas palhinhas deitado (que o stock de esferovite esgotou).

- Ò Natália, é um milagre! – dizia o ancião, emocionado pela chegada do filho ambicionado que a vida sempre lhe negou.

“Pitosga e senil, é todos os anos a mesma merda…”. Concluiu em silêncio o bebé, cada vez mais enregelado. Fixou Nicolau nas cataratas e esclareceu:

- Olha lá, méne: E que tal levares-me para dentro que está um barbeiro do caraças e eu não quero passar o Natal ao relento! Ou deixaram-me na sede da CAIS por engano, hã?
(Continua)

Nota: Qualquer semelhança entre os eventos e os personagens de ficção desta novela e quaisquer outros eventos e personagens de ficção resultam apenas dos insondáveis desígnios do acaso, são pura coincidência e não dão abébias para processos judiciais, excomungação por heresia ou outras modernices que só servem para atafulhar ainda mais o Sistema Judicial.

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