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Dez06
A INVENÇÃO DE GARDEL
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Existem pessoas cuja passagem pelo mundo deixa um rasto mais intenso, uma marca indelével que muitas vezes nem associamos a alguém em concreto mas que acaba por influenciar aspectos importantes da nossa vida.
Alguns dedicaram-se a salvar vidas, a mudar o rumo da História ou a contribuir com o seu génio para enriquecer a Cultura.
Outros apenas contaram com a dedicação extrema a uma qualquer actividade humana.
Foi o caso de Carlos Gardel (Charles Romuald Gardés), que se presume argentino mas terá nascido em França (Toulouse). E essa conotação imediata deste nome com a terra das pampas deriva precisamente do facto de ele ser a maior referência mundial quando se fala de tango.
E se é incerta a verdadeira origem deste género musical e de dança dita de salão que se atribui aos prostíbulos de Buenos Aires do início do Séc. XX, ninguém pode negar à memória de Gardel o facto de ter sido sua a invenção do tango tal como hoje o admiramos.
O tango representa acima de tudo romance, paixão intensa, harmonia perfeita entre uma mulher e um homem que se desenham na pista ao ritmo de uma música que fala de sedução. E é aqui que entra a figura do señor Tango, um homem que abraçou esta forma de expressão com um charme latino e com um empenho que o imortalizou por imediata associação de ideias.
Cantor e actor, El Morocho conferiu ao tango a aura romântica que ainda perdura. Se à valsa ligamos a dança nas nuvens sob a luz dos candelabros palacianos, o tango é a expressão mais carnal e intensa da magia que emana de um par mergulhado num ritmo e numa forma de estar.
E por forma de estar entendo aquela que distingue os latinos dos restantes no que concerne ao amor e à sensualidade, reconhecida globalmente, e que urge preservar como qualquer outro traço que nos diferencia de entre a população mundial.
Nessa perspectiva, o tango é um símbolo que se ouve e se dança.
Com um olhar em chamas e uma alma incendiária.