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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

03
Nov06

A POSTA NA BANDALHEIRA À PORTUGUESA

shark
escola basica.jpgFoto: Shark
Por opção consciente, porque não tenciono criar uma “princesinha” burguesa que apenas conheça a vida folgada da classe média com posses, inscrevi a minha filha no Ensino Público. Por isso e porque entendo que o Estado tem a obrigação de gerir os cerca de dez mil euros de impostos que me saca sem apelo em cada ano, criando as condições necessárias para que ela receba uma formação escolar decente.
Não cria.
E as recentes “inovações” que visam assegurar a permanência das crianças nos estabelecimentos de ensino até às 17:30h, aliviando os pais da pressão e do encargo de encontrar soluções para ocupar o tempo dos miúdos, não funcionam.
Pelo menos na Escola Básica que a minha filha frequenta.
Em causa está um período de tempo cuja gestão, antes cuidada pelas Juntas de Freguesia, foi agora entregue às Câmaras Municipais. E a de Lisboa, um buraco negro sorvedouro de dinheiro, não está a honrar o seu compromisso financeiro e deixa os monitores de Educação Física, Música e Inglês sem receberem os seus vencimentos. O resultado é óbvio. Os monitores não recebem e baldam-se. Mais de cem crianças ficam assim “penduradas” ao longo de mais de uma hora no interior de uma escola, vigiadas por apenas um adulto e sem um espaço coberto onde possam ao menos brincar nos dias chuvosos.
O mais caricato é o facto de os pais, mesmo sabendo que os seus educandos se encontram nessas condições e mesmo podendo observar os filhos a partir do lado de fora das vedações, não podem ir buscá-los à escola antecipadamente pois os responsáveis da mesma recusam abrir os portões de acesso ao longo do período em causa, invocando questões de segurança (alegadamente porque não dispõem de pessoal em número suficiente para acautelarem os acessos) .

Neste contexto, é fácil de entender que professores e auxiliares têm todo o interesse em boicotar a boa intenção do Ministério pois sobram para eles, sem qualquer retribuição, a responsabilidade e o trabalho acrescidos. E no meio estão as crianças, encurraladas num espaço sem condições adequadas para esta época do ano e à mercê dos desígnios da sorte, e os pais, entalados entre a decisão de encontrarem alternativas externas (caras) e baixarem os braços perante a inépcia do Estado em controlar as autarquias, ou arriscarem deixar as crianças em circunstâncias nada tranquilizadoras.
A terceira alternativa, a mais correcta e que tem em conta os pais cuja situação financeira e/ou laboral nem lhes permita escolhas, é pressionar o Ministério da Educação e todas as entidades ligadas a mais esta exibição do país de treta que estamos a permitir, no sentido de assumirem os seus compromissos ou, no mínimo, de imporem às Câmaras Municipais o honrar daqueles que em má hora lhes delegaram.

Não é fácil pugnar por quaisquer direitos numa nação de irresponsáveis, de muros de betão que delimitam os seus feudos e as suas regalias por detrás de uma postura que nunca tem em conta os interesses alheios. São instituições e pessoas herméticas, sempre lestas a sacudirem a água para o capote alheio enquanto se aguarda que o pior aconteça para alguém ter que tomar decisões drásticas nas quais, por norma, nunca cabe a punição exemplar dos verdadeiros culpados dessas broncas que podem custar muito caras a crianças entre os seis e os dez anos de idade.

Contudo, como encarregado de educação e como pai, não posso confiar a terceiros desta laia a segurança da minha filha e resta-me, no âmbito da Associação de Pais ou por iniciativa própria, encostar à parede todos quantos possuam a autoridade para resolver a situação, ainda que isso me possa custar muito tempo e neuras constantes a que os meus impostos deveriam bastar para me pouparem.
Os impostos e a seita de incompetentes que minam pela raiz o futuro que os nossos herdeiros merecem num país onde cada vez menos há esperança num amanhã em condições.

E isso explica em boa medida o facto de nos últimos anos serem mais as saídas do que as entradas nas estatísticas dos fluxos migratórios nas fronteiras portuguesas.
03
Nov06

A POSTA NUMA BOA NOTÍCIA

shark
olhospartilhas.bmp
É uma colega, é uma amiga. Tem um filho pequeno para criar.
Apanhou o susto de uma vida e ao longo das últimas semanas todos quantos gostamos dela temos aguardado com expectativa o resultado dos exames ao tumor que acabam de lhe extrair do corpo.

Foi a melhor notícia que recebi nos últimos tempos, Partilhas.
Não é maligno!

E agora vais ver a vida (e amá-la) com os olhos de quem, mais do que nunca, lhe sabe dar o devido valor.
02
Nov06

A POSTA NA SONSA DESTEMIDA

shark
Nesta posta, hoje citada como um exemplo da cobardia que grassa na blogosfera, desabafei uma situação que me desagradou. Não é a primeira vez que o faço, pois quem não se sente não é filho de boa gente e tal, e porque tenho esse direito enquanto todo-poderoso editor deste espaço.
Esse texto, que serviu de base para uma “corajosa” acusação por parte de uma jovem colega de Beja cujo nick acaba por reflectir a postura, menciona os paladinos (sobretudo paladinas) que acorrem em defesa de terceiros sempre que eu escrevo algo que possa visar alguém das suas simpatias. Claro que a reacção destas cruzadas pela harmonia na blogosfera nunca tem em conta a motivação subjacente aos meus desabafos. Ou se calhar até tem, pois não há coincidências e a própria reacção da colega prova-o.
Ela tem muita razão, quando me acusa de não escarrapachar de caras as identidades (os linques) dos alvos da minha ira verbal. Calculo que ela tenha baseado este desconforto no facto de eu aqui, por exemplo, não ter lincado o fomentador de racismo como devia. Mas fez de conta que esqueceu, por exemplo, uma posta minha (Farsa da República em Beja) que apontava claramente o destinatário das minhas palavras. Eu retirei essa posta porque troquei impressões por email com o visado e entendi que a sua atitude cordata justificava esse gesto. Por cortesia. Mas serve como exemplo de que quando é indispensável chamo mesmo os visados pelos nomes.
Nunca será o caso relativamente a quem motivou a posta que indignou a rapariga, pois a insistência das suas invectivas subtis (que nunca me foram directamente dirigidas, mas nisso a colega não reparou) não basta para que lhe confira neste espaço uma projecção de que não julgo ser merecedor.

Eu não preciso de dar explicações a ninguém acerca do que faço ou do que escrevo, mas quando me acusam de cobardia é-me difícil ficar indiferente. Porque confundem cobardia com desprezo, que é o caso, e esse manifesta-se da forma em causa (não lincando os visados). Por outro lado, a ausência de uma menção directa só incomoda os/as cuscos/as que ficam assim sem saber a quem se destinam as carapuças. É que os meus textos não lincam mas também não deixam dúvidas aos interessados/as de que são eles/as os leitores preferenciais, os protagonistas da prosa.
E é apenas a esses que me dirijo e não à plateia de mirones que devia rachar lenha quando os assuntos não dizem respeito senão a quem eu direcciono os desabafos nos termos que eu defino como os mais adequados.

Assim sendo, a jovem colega alentejana revelou de novo a sua propensão para a tolice, presumo que motivada pelo seu apreço ao palerma que insiste em picar-me e pelo linque que a posta que a desagradou inclui, direitinho ao seu ódio de estimação que, por coincidência, é uma pessoa de quem gosto imenso. Em ambos os casos, valeu a pena acicatar a sua vontade de tomar partidos para assim a ver exposta na verdadeira essência que tenta ocultar com palavras nuas e fotos despidas que apenas disfarçam o rancor que a move contra todas/os quantos na sua cabecinha ociosa constituem adversários a abater.

Não será o caso, pois nem visto a pele de oponente da figurinha cada vez menos aliciante que me escolheu hoje como alvo da sua corajosa menção. Aliás, vou reincidir na cobardia de que ela me acusa não retribuindo os seus linques viris, outro gesto indigno da minha parte (na sua iluminada perspectiva) mas cuja motivação explico umas linhas mais acima.

E concluo mais esta exibição do medo terrível das repercussões dos meus desabafos, brrrrrr, com um agradecimento à colega (e minha parceira num blogue colectivo, o que deveria bastar para optar pela elegância em detrimento do ataque despropositado que me fez) pela referência ao facto de ser uma leitora assídua e de, pelo menos isso, considerar publicamente a minha escrita como merecedora da sua admiração.

Agradeço, mas em face do exposto, não sei se tenho motivos para validar o elogio e a respectiva proveniência.
01
Nov06

ESCOLHO A VERDADE

shark
Podia optar pela hipocrisia, fazer de conta que não vejo e calar o desconforto. Mas não sou homem para pactuar com essa forma de estar, prefiro assistir ao inevitável colapso da minha capacidade de integração num grupo qualquer.
Falo demais. Não consigo calar as emoções, as boas e as más, não consigo reprimir a ira como não consigo renegar a paixão.

Exijo demais das outras pessoas, mesmo quando a minha conduta não o justifica. Isso torna-me um alvo fácil para a represália, sempre que as minhas falhas e limitações, imensas, se revelam na minha incapacidade para as camuflar. E essa incapacidade deriva do facto de não ser minha intenção ocultar os pontos fracos que me traem. Nem as pessoas que optam por esse caminho, de forma consciente ou involuntária, que ignoram tudo o que tenho de bom para oferecer e enfatizam os aspectos que me inferiorizam ao ponto de sustentarem a minha condenação no implacável tribunal das escolhas.
Já por diversas vezes aqui elogiei a lealdade de pessoas que me atacaram em defesa dos “seus”, e não está em causa a razão e quem a possua, ninguém é razoável quando disputa seja o que for. Eu aprecio a lealdade e acho que ela se manifesta com a mesma espontaneidade de tudo quanto faz parte da amizade e do amor, emoções endiabradas mas genuínas que nos arrastam como locomotivas para as mais disparatadas decisões.
Nem sempre estou à altura perante os outros nesse particular.

E encosto à parede quem me estima quando os meus fantasmas uivam rumores de traição, quando a minha visão dos factos denuncia o que entendo como uma falta de solidariedade escusada.

Eu vejo e eu percebo e nem sempre estou equivocado nas minhas conclusões. Quando alguém me ataca, denunciando o seu desprezo, o seu ódio, a sua inveja, o seu despeito ou a sua mera embirração, aceito essa postura como natural. Não somos obrigados a gostar seja de quem for e cada um é livre de agir como o seu impulso ou a sua motivação pensada imponham.
Regra geral reajo na proporção, fundamentado no conceito de legítima defesa que na maioria dos casos não justifica a estupidez das minhas reacções que afinal se baseiam apenas no instinto do chavalo que fui e que nunca podia virar a cara para o lado sob pena de se tornar no bombo da festa pela cobardia na reputação.
Neste meio, esse é um instinto fatal. Ninguém aceita que alguém enfie um murro verbal bem assente na tromba virtual de quem apenas lhe deu uma tímida estalada. E surgem logo os paladinos em defesa dos coitadinhos que morderam (mais ou menos) pela surra, tomando partidos em generosa verborreia ou alinhando na paródia (mais ou menos) explícita e assim concedendo o seu beneplácito à atoarda desnecessária.

Na minha concepção maniqueísta e mesquinha da solidariedade entre amigos, esse alinhamento passivo nos ataques que me desferem, nas provocações medíocres de quem poderia utilizar o talento e a sagacidade para suscitar reacções agradáveis e positivas por parte dos outros, essa presença (mais ou menos) deliberada constitui para mim um sinal inequívoco da falta de consideração para com quem se vê atingido por um texto concebido com o único objectivo de me achincalhar.
Mas afinal o que me achincalha, e já dei provas cabais de que sou gajo para nunca me ficar, qualquer que seja o plano em que me ataquem, é precisamente a leviandade de quem nos bastidores me manifesta independência e alheamento ou mesmo proximidade à “causa” de mim próprio que represento e depois dá a cara em apoio de quem demonstra o seu desdém por tudo aquilo que sou.

Na minha lógica simplista de gajo vulgar, a amizade tem regras. E delas faz parte o discernimento das ocasiões em que devemos manifestá-la, nem que apenas com o pudor da nossa omissão. Não falo em tomar partidos, refiro-me expressamente ao oposto. Refiro-me concretamente ao silêncio de quem entende que alguém parodia outro alguém que afirmamos digno da nossa confiança e até de alguma estima e por isso abstém-se de intervir para não conferir a uma das partes a força da sua intervenção e o apoio deliberado que ela denuncia.
Na minha lógica elementar de pessoa sem atributos, isso enquadra-se no que entendo ou pelo menos no que sinto como uma traição. E perco a confiança ou mesmo o respeito por quem me ataca por tabela dessa forma insidiosa, como quem não quer a coisa, fazendo de conta que se está a cagar no problema mesmo quando não pode fingir que não percebeu claramente quem é o destinatário da graçola.

Esta minha visão limitada das coisas está na origem do ostracismo a que me vota, mais cedo ou mais tarde, a maioria das pessoas de quem arrisco aproximar-me mesmo adivinhando o desfecho inevitável dessa frágil ligação. Sou eu quem a fragiliza, com o tal nível de exigência que não perdoa o desleixo e muito menos a palmadinha nas costas de quem me escolhe como alvo quando lhe falha tudo o resto para manter interessados os poucos que lhe prestam atenção.

É disso que trata esta posta descaradamente umbilical. Assumo sem problema as características que me constituem e as consequências das mesmas na minha relação com as outras pessoas. Ou a sua ausência.
E não as escondo, ao contrário do que muita gente neste meio pleno de farsas me aconselhou.
Valho o que valer e não faltarão as evidências que permitam medir esse valor, aqui como na vida lá fora. Valho pouco, se quiserem. Valho muito, se acharem que vale a pena acreditar.

Mas sou eu aqui. Tal e qual. Por escrito, para que nunca possa desmentir-me ou dar a volta ao texto. Com tomates para reagir à bruta e com inteligência para alinhar no joguinho merdoso de meia dúzia de cromos que embirram comigo ou me deixaram cair quando estalou o verniz e deixei de ser o mister perfect que outros se pintam até a maquilhagem se esborratar.
Só me falta o talento para fingir que não percebo o que se passa à minha volta, para transmitir a todo o tempo a imagem de bonzão que nunca serei como nunca o serão os infelizes que investem o seu tempo a desdenhar de quem em nada os pode afectar nem tenciona. Eles e os seus sequazes por inerência, os tais que são “isentos” e “imparciais” mas não reprimem a sua “dentadinha” solidária sempre que surge a ocasião propícia.

Gente pequena aos meus olhos, como eu serei aos seus.

Aceito o meu estatuto. Enfiem também a vossa carapuça e assumam as vossas preferências, as vossas lealdades reais, as vossas solidariedades que ninguém pode ou deve contestar.

E nesse caso, por favor, deixem-se de tretas, não me desiludam que já tive a minha conta.
Desamparem-me a loja e larguem-me da mão.

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