De cada vez que encalho na escolha do tema para uma posta acabo por dar comigo a estudar as tendências do momento nos outros blogues, precisamente para as evitar e assim reduzir o leque das minhas opções.
Porém, com a proliferação de espaços, de pessoas e de interesses, torna-se cada vez mais difícil produzir algo de novo e/ou de útil para distinguir o charco pelo ineditismo da sua abordagem versátil e desbocada.
Custa-me cruzar os braços ao som da velha (do Restelo) máxima de que já ninguém inventa nada. Pois. Diz-se que já ninguém dá nada a ninguém e olhem para mim a esforçar-me por vos dar algo de meu inteiramente de borla (já vai sendo tempo de os Sapos e os Vodafones e afins começarem a baldar-se a quem tanto lhes estimula a navegação da clientela, mas enfim
).
Assim sendo, embico para os temas mais estapafúrdios, banais, (muitos deles directamente ligados ao meu insaciável umbigo, o que nem é o caso do tema em apreço) e tento abordá-los de uma forma original ou, no mínimo, que possa ser útil a quem aqui dispensa parte da sua atenção.
Um grupo cada vez mais representativo e que justifica o nosso empenho redobrado é o dos nossos irmãos (e irmãs, e irmãs
) do Brasil. A língua aproxima-nos (soa bem, dito assim) mas existem expressões que podem confundir o leitor (e a leitora, e a leitora
) brasuca.
Hoje decidi pegar numa dessas expressões para tentar clarificá-la,
my way, por forma a evitar eventuais erros de interpretação que, de resto, podem igualmente acontecer a portugas menos esclarecidos.
Tesão do mijo não é uma expressão agradável e o seu uso é desaconselhável diante de gente sem poder de encaixe para o vernáculo. Contudo, trata-se de um recurso excelente para identificar uma actuação concreta (ou a sua ausência) por parte de alguém.
De acordo com a minha interpretação pessoal, a tesão do mijo (em sentido literal) é uma erecção involuntária associada à vontade de fazer uma mijinha. Ou seja, um tipo acorda de manhã à rasquinha para ir ao wc e em simultâneo descobre-se numa condição que, para muitos, raramente se verifica.
O problema dessa tesão em particular é que costuma terminar mal um tipo suspira de alívio, antes mesmo de fechar a tampa da sanita para evitar chatices com a patroa.
E é neste cariz temporário e associado a uma vontade que não a indicada pelo aumento da volumetria que reside a ideia da coisa. A tesão do mijo (em sentido lato) consiste num entusiasmo visível mas passageiro e manifestamente enganador (devido às expectativas frustradas).
Um exemplo deste conceito é o daqueles blogues que começam com uma grande fanfarra, cheios de pujança, e desaparecem de cena ou estagnam pouco tempo depois. O simbolismo da tesão aplica-se à fanfarra, naturalmente, e o fim do blogue corresponde ao meter a viola no saco que isto não é para todos e requer, no mínimo, entusiasmo para dar a segunda (a segunda reabertura do blogue ou a segunda versão do mesmo ou até o seu segundo ano de existência).
Assim sendo, a tesão do mijo costuma implicar uma conotação pejorativa para quem a exibe e pode até constituir um mote para a galhofa relativamente à pessoa visada. O humor da situação (que em determinadas circunstâncias pode não ter piada alguma) passa pelos contornos efémeros do tal entusiasmo e que o transformam num embuste para quem leve a sério o sinal transmitido por essa manifestação anatómica ou a sua versão idiomática.
Talvez derivado a esta expressão, costuma dizer-se por paródia que quando um tipo é jovem mija para o tecto e depois de velho já só molha as pantufas (um exagero, pois qualquer jovem atesoado sabe que nessas circunstâncias um gajo não tem outra hipótese senão substituir a posição vertical do corpo pela oblíqua, sobretudo se o alvo for uma sanita e não um urinol).
Não me ocorre neste momento uma expressão alternativa à que hoje abordo (convido a deixarem as vossas sugestões, se vos ocorrer alguma, na caixa de comentários), mas todas são preferíveis à que titula esta posta