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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

11
Out06

DOENÇAS BLOGUEIRAS

shark
1 - Sonambulismo Virtual.

O diagnóstico obtém-se a partir de alguns contadores de visitas. É excelente para evitar contactos indesejados sem ficar mal visto perante os mesmos e os efeitos secundários são do tipo descartável.

Os sintomas não impedem o blogueiro de manter uma vida normal e muito preenchida, acabando até por resultar em benefício da pessoa afectada como uma espécie de terapia do sono invertida.

A doença não é contagiosa.
11
Out06

DANTE RELOADED

shark
o verdadeiro cerne da questao.JPG
O Mundo está cada vez mais perigoso. Apesar de o espectro de um terceiro conflito mundial (e certamente nuclear) ter sido “erradicado” com o fim da guerra fria, a tensão entre Estados, ideologias e até religiões é crescente e o calibre dos líderes actuais não deixa margem de manobra para a fé no bom senso.
Basta imaginar uma Baía dos Porcos gerida por George Bush no lugar de John Kennedy. Ou um Chernobil controlado por Putin.

A ONU, desacreditada, de pouco vale em caso de ameaça séria à estabilidade mundial. O desequilíbrio latente de forças (ainda faltarão uns anos para que surja uma nova super-potência capaz de ombrear de igual para igual com o gigante americano) cria receios naturais que as recentes intervenções no Afeganistão e no Iraque consolidam e que a perspectiva dos que, como o professor Marques Bessa (docente no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas - ISCSP), defendem - só existe a política externa quando se possui o poderio militar para a impor – justifica.

No meio deste cenário, nações como a Coreia do Norte podem constituir o rastilho para situações impensáveis à luz da aparente acalmia que se vive nos países ocidentais e que, por via dos interesses económicos e das alianças firmadas, inevitavelmente os arrastarão para o centro de qualquer conflito seja este convencional ou não (como os atentados terroristas em solo europeu bem o demonstram).
Mas mesmo a China, o eterno papão, poderá a qualquer momento anunciar ao mundo a sua tomada de posição mais temida, aplicando em Taiwan a receita tibetana.
E a Rússia de Putin, mantida a recato por via da paupérrima situação económica em que o país mergulhou, cedo ou tarde voltará a querer afirmar-se no contexto internacional. À bruta, como estas coisas costumam acontecer naquelas paragens.

Por outro lado, a clivagem cada vez mais acentuada entre hemisférios não dá mostras de tirar o sono aos mentores da nova ordem mundial mas revela-se cada vez mais trágica, cruel e potencialmente geradora de alguns dos episódios mais indignos que a Humanidade já conheceu.
O ataque às torres gémeas, o massacre de Beslan, a chacina do Ruanda e a agonia em Darfour são a ponta de um icebergue que ninguém saberá ou poderá controlar se alastrar como a negligência e a arrogância actuais permitem.

O clima está muito denso nos bastidores das Relações Internacionais e estupidamente elevado nos oceanos e nas calotas polares. O ambiente ainda é o parente pobre das preocupações modernas mas já revela (Nova Orleães constitui um sólido exemplo) o quanto os habitantes de qualquer nação da Terra estão à mercê de tragédias a que os Estados não estão preparados para dar resposta.

E por fim, neste rosário pessimista que o Mundo me inspira, existe a infelicidade latente na sociedade que estamos a construir. A que se vê nas ruas e se lê nos jornais, traduzida num aumento da criminalidade protagonizada por cidadãos pacatos que sem causa aparente atacam escolas e na realidade dos factos representada pelo número impressionante de um milhão de mortes anuais por suicídio.

A sensação de impotência perante todos estes factores é imensa e leva-me a temer um futuro pouco risonho se nada acontecer que altere de forma drástica a atitude global, mesmo que isso possa custar uma catástrofe económica cuja contenção é prioritária (obsessiva?) nas decisões de quem as pode tomar por nós.

E não vejo motivos para as acreditarmos acertadas.

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