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Out06
ASAS NO PENSAMENTO
shark

Ofegantes, chegaram os dois ao cimo da montanha mais alta daquela cordilheira. Contemplaram em silêncio a magia em seu redor.
Os reflexos brancos da luz do sol no seu braço de ferro com a neve teimosa, gelada, resistente ao calor. Imenso céu azul e as nuvens mais abaixo, espreguiçadas sobre o vale.
O desafio, a conquista, a vitória alcançada no objectivo que se cumpriu. Tenaz a persistência daquele par. Outro feito a alcançar, para lá da última elevação no horizonte.
A firmeza na vontade e a certeza no olhar. Os dois, sem conversa, convictos. Saboreavam por antecipação a próxima luta com os elementos que a natureza usava para dizer aos seres vivos que aquele lugar não era seu.
Vento, chuva, frio e nevões ocasionais. Mais a montanha em si, majestosa. O maior troféu que se podia conceber, o topo daquele monstro de rocha e a visão inesquecível do mundo como todo ele deveria ser. Agradável, bonito, sereno, em paz.
Deixaram-se ficar naquele gozo mudo, felizes os dois. O tempo que parecia nunca se esgotar naqueles instantes difíceis de respirar, o sucesso numa missão impossível a que se propunham, insistentes.
Tornavam-se mais exigentes a cada obstáculo ultrapassado, mais difícil o que vier a seguir. Avançavam a custo, cansados. Mas insistiam, amarrados num esforço comum com contornos individuais. Os problemas habituais, equipamento e outros pormenores, tempestades imprevistas e coisas assim.
E o sabor de cada vitória a bailar sobre o gelo da pista, a força da gravidade trocista e a graça nos movimentos ao som de uma melodia sem par.
Abraçaram-se por fim.
E concentraram-se no sopé distante que atacariam de seguida, outro esforço de descida, com a garra dos eleitos.
Para subirem outra vez.