25
Jul06
A POSTA DESIDRATADA
shark
Foto: Shark
O arbusto seco, mirrado pelo calor, soprado pelo vento, rebola sem rumo pelo piso de pó à espera que alguém o siga com o olhar, testemunha, naquela parcela derradeira do caminho que o acaso escolheu.
Cambalhotas sucessivas, mudanças imprevistas de direcção. Está tudo na mão daquele sopro ocasional, no silêncio de um longo funeral que a natureza marcou.
No deserto, a vida das coisas acontece devagar e extingue-se sem dor. O silêncio ao luar e o cheiro da morte que a chuva ausente intensifica, perante a implacável rudeza do sol que não se compadece de ermos assim.
A erva ruim que cresce na saudade da última gota que pingou num pedaço qualquer de chão é o ornamento macabro do inferno ressequido que a Terra oferece como uma visão do futuro global.
O horizonte distorcido pelo efeito das ondas de calor, vida própria animada numa dança colorida de castanho com azul que só vê quem consegue sobreviver. As miragens produzem-se assim, nas mentes sequiosas de imagens milagrosas como oásis verdejantes em pleno nenhures.
A sede de vida a enlouquecer, aos poucos, a alma que pinga pelo suor com os outros líquidos essenciais. Gota a gota no chão, semente escondida de planta bandida e oportunista que as bebe para depois romper de surpresa por entre o tapete de desolação.
E o arbusto que caminha encontra o final da linha com um ramo encravado sob o peso de um calhau. Agita-se num último estertor, ajuda-o o vento, mas a luta é inglória.
E nesse fim da sua história deixa-se ficar com raiz voltada para o céu até um dia se transformar em pó.
O arbusto seco, mirrado pelo calor, soprado pelo vento, rebola sem rumo pelo piso de pó à espera que alguém o siga com o olhar, testemunha, naquela parcela derradeira do caminho que o acaso escolheu.
Cambalhotas sucessivas, mudanças imprevistas de direcção. Está tudo na mão daquele sopro ocasional, no silêncio de um longo funeral que a natureza marcou.
No deserto, a vida das coisas acontece devagar e extingue-se sem dor. O silêncio ao luar e o cheiro da morte que a chuva ausente intensifica, perante a implacável rudeza do sol que não se compadece de ermos assim.
A erva ruim que cresce na saudade da última gota que pingou num pedaço qualquer de chão é o ornamento macabro do inferno ressequido que a Terra oferece como uma visão do futuro global.
O horizonte distorcido pelo efeito das ondas de calor, vida própria animada numa dança colorida de castanho com azul que só vê quem consegue sobreviver. As miragens produzem-se assim, nas mentes sequiosas de imagens milagrosas como oásis verdejantes em pleno nenhures.
A sede de vida a enlouquecer, aos poucos, a alma que pinga pelo suor com os outros líquidos essenciais. Gota a gota no chão, semente escondida de planta bandida e oportunista que as bebe para depois romper de surpresa por entre o tapete de desolação.
E o arbusto que caminha encontra o final da linha com um ramo encravado sob o peso de um calhau. Agita-se num último estertor, ajuda-o o vento, mas a luta é inglória.
E nesse fim da sua história deixa-se ficar com raiz voltada para o céu até um dia se transformar em pó.