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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

24
Jul06

A POSTA QUE ME CUSTA ESCREVER

shark
escrevo assim.JPG

Como já assumi por diversas vezes mas não me importo de repetir, sou um gajo desconfiado e com tendência para a paranóia. Isso pode explicar-se por diversas razões que se prendem com o feitio mas também com uma sucessão de eventos que me sustenta a fobia da traição.
E não falo (neste caso) da traição em sentido restrito, a cena dos cornos, mas da que está ligada à deslealdade. Laços familiares, emocionais ou de amizade devem ser sagrados e vivo com pesos na consciência por cada gesto que identifico como uma afronta a essas ligações.

Contudo, não é raro ver-me confrontado com a quebra desses vínculos por parte de terceiros, pessoas muito próximas até. E são esses episódios que me vão tornando cada vez menos receptivo à proximidade com os outros.
Ainda assim, não é o acto de traição de que sou alvo que mais me perturba mas sim a injustiça de me ver questionado sem motivo nessa matéria.

Volto a insistir que tenho os meus pecados e não sou um santo (também) nesse aspecto. Todavia, quando dou mais do que devia por um amigo não admito que me apontem o dedo como a um suspeito e ponham em causa a minha lealdade.
Mais do que um insulto, é uma desconsideração e uma injustiça. E fazem-me perder de todo a cabeça com a raiva que toma conta de mim.

São as pequenas merdas de que qualquer pessoa se faz. Cada um tem as suas. E por isso nunca me senti compelido a abdicar dessa revolta instintiva, mesmo sabendo e admitindo que é legítimo da parte dos outros sentirem o mesmo perante as minhas parvoeiras desconfiadas.
É um beco sem saída para as hipóteses de sucesso de qualquer relação de amizade próxima comigo, como é fácil de concluir.
Mas sempre insisti que qualquer pessoa merece um desconto pelas suas fraquezas se em troca oferecer compensações.

A quem as nega não concedo hipótese de retrocesso. Ou seja, se me atingem por sistema com aquilo que entendo como ofensas, desmazelos ou injustiças e nem se esforçam por me dar em troca algo de compensador desse desequilíbrio não há mesmo nada a fazer.
Porque em causa está o respeito que merecemos uns aos outros, muito mais importante do que o orgulho imbecil que corrói a estima pelo ar de desprezo que instila.
Até ao ponto sem retorno…

E na maioria dos casos, o pormenor mais estúpido e grotesco, até bastaria um simples pedido de desculpa para encerrar definitivamente a questão.

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