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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

22
Jul06

A POSTA QUE HÁ QUEM ME PREFIRA COMO SOU

shark
A partir de certa altura comecei a notar um desfasamento entre a minha atitude e a de muitos dos que me acompanhavam pela vida nos dias da juventude. De repente ficaram mais sérios do que eu, a maioria. Cresceram mais depressa e mergulharam na pose adulta enquanto eu insistia em agarrar-me ao que podia para retardar a minha entrada naquilo que me parecia uma seca de estado de espírito.

Sem deixar de assumir as responsabilidades normais para um gajo como os outros, enveredei sempre por um culto paralelo de traços que apreciava e me recusava abdicar.
A maluqueira, sobretudo. A capacidade de desbundar depois de adulto boa parte das coisas que pintam como impróprias a partir de uma “certa idade”.
Eu não sei que idade é essa e francamente não me interessa.
Honro os meus compromissos “crescidos” mas não deixo de incutir algo do puto em mim em tudo o que faço e em muito do que sou.

Acredito que essa insistência em preservar a irreverência, alguma ingenuidade e disponibilidade para a aventura me torna um tipo diferente para melhor. Menos certinho, menos alinhado, menos cota.
Todavia, tenho consciência de que alguns desses tiques de chavalo me inferiorizam aos olhos de quem prefere pessoas “maduras”, constantes, regulares.

Aliás, desde há muito percebi que o meu feitio imprevisível constitui um barómetro para o quanto alguém gosta de mim.
Enquanto se divertem com as peculiaridades que o meu lado adolescente produz, encantados com essas diferenças, não escondem o seu apreço.

Confirmo o fim do estado de graça quando vejo as mesmas pessoas, carregadas de desdém, a resumirem a sua falta de pachorra no que já se tornou num clássico da minha existência.

Vê se cresces, dizem eles.

Quem me conhece e me estima de verdade sabe que isso corresponderia à morte em vida de um gajo como eu.

Contudo, na maioria dos casos isso pouca relevância assume para quem me tolera enquanto dou jeito, acham piada, é bom prá paródia e tal, e se está a cagar em mim quando as facetas joviais colidem com os seus interesses sempre manifestamente superiores aos de quem, afinal, não passa de um gaiato aos seus olhos onde já espreitam as cataratas de uma velhice prematura.

Mas eu sou teimoso, fico assim.
Só me interessa agradar a quem gosta de mim.

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