Começo a semana profissional a braços com um dilema ético daqueles que no meu ofício são corriqueiros. É uma sensação desconfortável, percebermos que estamos encurralados entre decisões que implicam consequências foleiras.
O meu papel consiste precisamente em contornar essas manifestações do carácter mesquinho e desapiedado da esmagadora maioria das organizações e das pessoas que as fazem, invocando por vezes apenas o senso comum que desmascara pelo óbvio a indignidade de algumas posições assumidas.
O problema é que não sou gajo para pactuar com a insistência de alguns no caminho que se prova errado e a essa teimosia corresponde sempre um conflito e respectivas repercussões no meu estatuto junto das entidades em causa. E na minha vontade de manter o meu nome ligado a uma actividade que me embaraça cada vez mais em lugar de me proporcionar orgulho e realização pessoal.
O dinheiro não paga a minha resignação. Nem a favorece sequer. Recuso a cedência a princípios sem os quais não me reconheço nesta vida.
Não sou um falso moralista mas apenas um fulano que se empoleira no topo da sua carreira para contrariar uma tendência que lhe é hostil.
Sou um gajo baril, mas não me revejo numa atitude passiva perante gestos que revelam falta de consideração pelas pessoas e pelo que elas (nós todos) representam. E já deu para perceber que não sou boa onda quando os calos se fazem sentir pela pisadela.
Começo a semana a braços com mais um excelente pretexto para lhe saborear o fim por antecipação.
Às vezes sinto as segundas-feiras como nada menos do que uma maldição.
Mas depois passa (por norma às sextas
).