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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

11
Jul06

ORGULHOSAMENTE NÓS

shark
novo rumo.jpgFoto de autor desconhecido, recebida por email
O orgulho é uma característica simultaneamente rígida e flexível. Verga mas não parte, acompanhando-nos até ao fim e mesmo quando somos enterrados e nos tornamos esqueletos cheios de certezas e de convicções, com um metatarso orgulhosamente erecto a apontar para o céu onde esperamos encontrar tudo menos setenta e duas virgens à nossa espera como prémio para um comportamento exemplar (nos termos d’Ele e não de outros como nós, ou piores).

Quem não se olhou já ao espelho, cheio de orgulho por este ter prevalecido sobre todas as insofismáveis perdas associadas à sua preservação? Que atire a primeira pedra a este incréu.
É visto por uns como um acto digno, corajoso, esse assentar arrais do nosso amor-próprio em detrimento de tudo aquilo de que mais precisamos e nos dispomos a abdicar quando o nosso orgulho está em causa. E por outros como mais uma deplorável manifestação da estupidez humana, responsável por conflitos evitáveis e antagonismos estapafúrdios.
É polémico, então.

Mas consensual nalgumas matérias. É sabido que nós, gajos, somos quase unânimes na forma como sobrevalorizamos o orgulho em temas como o sexo (só para citar um exemplo qualquer que me ocorreu). E depois na vida profissional. E talvez no amor.
Ser desprezado pela amada é péssimo, ser menosprezado pelo chefe é horrível, falhar na cama é uma tragédia de dimensão colossal.
Coisas nossas, nas quais abrimos poucas excepções e sempre nos arrependemos.
Orgulhosos, prezamos a nossa dignidade e tentamos defendê-la das mazelas a que o triunvirato acima nos expõe.

Ficamos uns fulanos sem jeitinho nenhum, quando deixamos vergar demais (e aqui já tou a tomar partidos pela surra, não sei se tão bem a ver…) esse limite para o poder de encaixe de que a natureza nos dotou. E também tem a ver com o resto com que essa Mãe Gaia nos ofereceu na lotaria genética que determina se somos parecidos com o George Clooney, divertidos como o Woody Allen ou simplesmente uns trambolhos que não interessam a ninguém. Assim, na proporção directa dos atributos que nos reconhecem ou acreditamos desesperadamente possuir.
Vergam mais os que precisam, nesta estranha cadeia alimentar de egos e de consciências onde ninguém se assume presa e não faltam candidatos a predador.

O orgulho cega. Eu seja ceguinho se assim não é. Não raras vezes me perdi pelo meio dos intrincados raciocínios e dos comportamentos idiotas que se desenvolvem de forma autónoma como mecanismos de protecção do queixo para a cabeça nunca parar de se erguer. O sexo, outra vez, mas em sentido figurado. A nossa principal ralação. E o chefe, cabrão, a impor-me os galões? Mas eu sou muito homem e não me deixo vergar. E pela companheira também não, era só o que faltava...
Flop, despedimento e divórcio (ou separação). São esses os preços a pagar por alguns excessos nesse particular.
É que ninguém se condói nestes dias por um falso invisual.

E por isso, em jeito de conclusão, afirmo-vos com natural satisfação que me orgulho do gajo que às vezes consigo ser e outras vezes não. E basta-me assim, capaz de fazer elevações sem mãos com o toalhão de banho em dias bons e calar a proeza num sorriso imbecil e solitário ou de me deixar enxovalhar durante algum tempo pelos contornos intensos de um amor sem explicação. Rígido e flexível, em simultâneo, o orgulho tal como o defini mais acima. E eu.
Somos parecidos, afinal.

Não é um bom augúrio…
11
Jul06

A POSTA PICTÓRICA

shark
No futebol nunca me destaquei, pois apesar da entrega e da emoção era desastrado e capaz do melhor e do pior. Mas ninguém podia acusar-me de não me bater por melhorar e de não insistir até ao limite para justificar a minha inclusão na convocatória.
Como em tudo o resto na vida, sempre detestei jogar a suplente e lutei muito pelo meu lugar na equipa principal.

Estava atento ao que o “mister” dizia, mas raramente fazia no campo o que lhe prometia em vão. Não tinha “disciplina táctica”, acusava. E punha-me de castigo, na bancada. E eu revoltava-me contra o que considerava uma injustiça, um exagero, considerando os momentos bons que proporcionava à equipa quando um remate à baliza levava a melhor direcção.

Um dia fartei-me de insistir. E entreguei-lhe um cartão, quando me desvinculei do clube e rumei para um de maior nomeada onde vinguei como goleador, que rezava assim:

Isto: . é um ponto final.
Sem… (reticências, queria eu dizer)
11
Jul06

DE OLHOS EM BICO

shark
my name is blue but call me china.gif

Fico eu, de cada vez que leio uma posta da China Blue, no Sociedade Anónima.
É um tratado a escrever e tem uma forma única de ver e de escarrapachar as coisas em que acredita.
O seu último lençol é daquelas peças raras nesta blogosfera feita de lei do menor esforço e de palmadinhas nas costas.

Não há como contornar a cena.
É mêmo boa, a gaja!

(Perdoem-me o excesso eufórico na linguagem. E tou a falar do talento para isto, da colega que respeito, claro, pois nem faço ideia de quem se trata. - embora uma blogueira assim seja boa sob qualquer perspectiva aos olhos de quem aprecia esta arte que, feita assim, é mesmo do que se trata.)
11
Jul06

ATÉ PROVA EM CONTRÁRIO

shark
A audiência não chegou a ter início porque eles não conseguiam chegar a um acordo. O tempo passava (tiquetaque) e agravava a situação enquanto discutiam sem razão, para desespero de quem adivinhava o desfecho pior.
E aconteceu.

Por causa dos "advogados" (que queriam pertencer ambos à acusação) o crime prescreveu, o processo acabou arquivado e só a justiça não saiu absolvida.
11
Jul06

A POSTA NUM HOMEM MELHOR

shark
aldeia global.jpgFoto: Shark
Li há dias que um abastado empresário norte-americano elevou o conceito de generosidade a um plano que já não se usa. Surpreendeu-me até tratar-se de uma das notícias em destaque, no meio das desgraças costumeiras que este mundo dá a noticiar.
Mas este senhor (propriamente dito) não mereceu tal distinção à toa.
Podia ter-lhe dado para doar a fortuna aos famintos de Darfour, para construir um hospital no Quénia ou para outra das façanhas possíveis a quem possui riqueza e sabe geri-la.

Contudo, o seu gesto nasceu de uma simples coincidência, de um impulso de circunstância daqueles que definem o valor intrínseco de uma pessoa.
Já há uns anos que o Dan recorria a um serviço de aluguer de limusinas e aos préstimos de um motorista libanês.
Quis o destino que o motorista tivesse oportunidade de partilhar com o Dan a sua desdita, diabetes, que o amarrava à diálise e ameaçava matá-lo a qualquer hora.
Só um transplante renal poderia devolver ao homem a qualidade e, mais ainda, a esperança de vida.
Mas mesmo na América não sobejam os doadores compatíveis…

O Dan ouviu e o Dan perguntou: qual é o seu tipo de sangue?
Coincidia. E pronto, o empresário de sucesso ofereceu um dos seus rins ao fulano que o conduzia de vez em quando. Para fazer algo de útil na vida, referiu.

Para mim, isto é um conto de fadas moderno.
Parece mentira, não é?
11
Jul06

CARTAS NA MESA

shark
tudo ah mostra.jpg

O que é que um gajo normal pode oferecer às outras pessoas? Amor, amizade, carinho, essas coisas. Pois, mas isso qualquer gajo normal consegue disponibilizar na boa, reunidas algumas circunstâncias.
Então é o quê? Conversa interessante? Bom, isso já não está ao alcance de qualquer um. Mas ainda há os bastantes para toda a gente ter gente interessante com quem conversar. Sobretudo em contactos ou relações fugazes, onde um gajo normal pode sacar dos trunfos todos e fazer um vistaço. O pior vem depois, se a coisa se prolonga e afinal esse gajo normal esgota o manancial de matérias interessantes que domina…

Então, rapaziada? Notem que quando digo gajo também meto gaja ao barulho, não há heróis nos géneros. Não é fácil responder, pois quase todos possuímos características, umas melhores outras piores, que nos distinguem mas não bastam para constituírem argumento de destaque para um gajo normal. Isto, claro, excluindo os ornamentos naturais ou artificiais com que nos esforçamos para sermos agradáveis à vista. Estou a falar do resto, daquilo que nos faz preferir esta ou aquela companhia para investirmos o nosso tempo de uma forma compensadora.

Vou ser sincero: para mim, gajo normal, uma defesa óbvia para evitar perder-me no meio de uma multidão de gajos como eu é a originalidade. Fazer diferente, confundir, surpreender. Nem sempre resulta bem, mas por norma é uma atitude que nos permite manter os outros interessados na nossa presença. Eu gosto de pessoas diferentes, confesso, embora não aplique esse critério nas minhas escolhas. Mas gosto de pessoas que apreciem o meu esforço em fazer e em dizer as coisas de uma forma original.
Nota-se neste blogue esse meu estilo pessoal, essa mariquice com a qual me defendo da alergia a armar-me em intelectual (não sou um rato de biblioteca), em vivaço (sou estupidamente revelador das minhas fraquezas) ou em engatatão (há quem confunda cortesia com “investida”).

Já aqui me denunciei uma data de coisas foleiras, de forma implícita nalguns casos e com uma clareza sem mácula noutros. Mas também deixo transpirar o resto que valho, aquilo que vos traz aqui, gostem de mim ou não. Não vos fico indiferente e essa é talvez das maiores compensações que extraio desta cena de blogar.
Não escrevo com os pés, mesmo dando algumas calinadas, e não vos maçando com teorias, biografias ou citações deixo-vos claro que não sou burro de todo e aprendi algo pelo meio de quase um quarto de século a frequentar escolas em festa. Fica sempre qualquer coisinha, que nos permite não fazer má figura. Mas não chega, eu sei.

A diferença, a que tento fazer, reflecte-se no melhor e no pior de mim. Aquilo que vos dou aqui, sem exigir nada em troca que não uns minutos do vosso tempo precioso. Um pouco da vossa atenção que reclamo assim. E vêm muitos de vós, mais do que alguma vez acreditei ser possível. Porque sou um gajo normal, apenas. Que não quer (ou não gosta de) ser julgado a toda a hora mas não se furta aos testes que fazemos uns aos outros para descobrir o calibre de quem se julga merecedor de alguma importância.
No entanto, muitos ficam, acompanham este diário meu, riem, escarnecem, duvidam, questionam, apreciam, louvam, odeiam até. Porquê? Porque percebem o meu esforço hercúleo para ultrapassar as minhas limitações e presentear-vos com as minhas emoções, as minhas ideias, as minhas contradições, as merdas comuns de um gajo normal embrulhadas com cuidado num texto feito à medida para os vossos olhares. E imagens, quase todas minhas, que são mais um argumento que tenho tentado utilizar em meu abono. Pela vossa preciosa atenção.

É isto o charco e é isto que sou. Sem razão alguma para ter peneiras. Convicto, bem ou mal, que uma forma muito minha de blogar poderá atenuar a minha génese de gajo normal aos vossos olhos. A tal originalidade que empresto à vida lá fora com a minha rebeldia relativa e a irreverência possível a quem tem uma filha para criar e que, para vos cativar, tento espelhar neste suporte virtual. Sou um cromo, se calhar, como alguns me apelidam. Com coisas para dar, chatices também. Arrelias, por eu defender algo em que não acreditam, ou por acreditar em algo que vos insulta, ou apenas por deixar escapar algumas das imperfeições de um gajo normal. O que sou.

Capaz de pedir desculpa a quem a justifica, quando me concedem essa graça. Capaz de reconhecer as minhas merdas e de pactuar com as de outras pessoas. Capaz de ser um gajo normal que dê pica acompanhar desta forma ou mesmo de outra. Só fica quem acredita. E quem quiser fazer melhor, basta-lhe o talento e/ou a sabedoria que tantos/as gajos/as menos normais do que eu invocam.

Não tem nada que saber. E no Blogger até é de borla.

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