Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

09
Jul06

VOLUNTÁRIOS AMADORES

shark
amor imortal.JPGFoto: Shark
E de repente uma mudança radical no tom do teu olhar. Os olhos feitos bocas que me chamam como sirenes para a emergência de combater o fogo em ti. Deixas arder, aos poucos, até a temperatura subir ao ponto de ebulição.
Labaredas nos teus cabelos que brilham com a luz reflectida pela minha pele que já cobre a tua, pela urgência e pela minha carência do amor que tens para me dar nessas alturas.

Bombeiro me faço, sem a imagem brejeira, que a minha mangueira é um corpo inteiro ao teu dispor. Soldado da paz dentro de ti, fogo posto no desenho do rosto em forma de desejo a sorrir. A chama que chama por mim, apaga-me com o teu calor, assoberba-me de amor num instante incendiário. Consome-te, pirómano, no inferno em que me transformo para te atrair.

E eu vou, como um asteróide arrastado para a órbita do sol, cobrir-te de beijos, derreter os desejos, sem sombra para me proteger da tua luz que me ofusca. Dentro de ti, a combater o incêndio ateado pelas chispas que os nossos olhares disparam entre si, mais a corrente eléctrica da pele incandescente como um tição.

O poder de uma mão, passagem rente na pista de aterragem para o avião imaginário carregado de suor meu. Encharco-te de mim e tu absorves, sequiosa, como a floresta em aflição no meio de um braseiro descontrolado. Pelo vento que fazemos a dois, energia eólica, soprar arrepios pela boca e espalhá-los pelos corpos em pequenos pedaços de gelo partido. Um copo vazio da caipirinha anterior, a tentação dos dedos em buscar o contraste do frio que te arqueia. Pequenos pormenores, as diferenças que se fazem com o poder arbitrário da imaginação.

E de repente o teu olhar diferente, no rescaldo fumegante de um fogo controlado. O desejo convertido na expressão meiga de uma gratidão que não te aceito, pelo muito que me dás. Deves-me apenas uma próxima chamada, a meio da madrugada ou no pino de uma tarde de Verão. E eu devolvo-te o carinho, neste instante, porque me sinto o amante melhor do mundo e arredores na luz desses teus olhos reflectores que transmitem para o céu a emoção que o meu amor te despertou.

Um beijo que não tem fim. O resto de mim que não te entreguei na altura e que sela com lacre vermelho vivo, cor do desejo intenso, a jura repetida em silêncio enquanto fazemos amor.

A próxima vez, garantido, será sempre a melhor.
09
Jul06

A POSTA NO EFEITO BOOMERANG

shark
ok ok ja acordei.jpg

Quem com ferro mata com ferro morre. Não é uma frase bonita, bem sei. Mas reforça a ideia que deixo no título desta posta. Não bastam os exemplos que a História nos dá. Os dos outros e os que acumulamos na nossa experiência pessoal.
Eu somei alguns, pois nunca escapei impune dos meus momentos menos bons. De uma forma ou de outra, a vida encontrou sempre um meio de fazer chegar às minhas mãos a notificação do castigo. Nem assim aprendi a lição. Insisti. E paguei, quando chegou a hora.

Acredito que esse é um reflexo do equilíbrio que as coisas procuram. Ou talvez um sinal para que evitemos cometer imprudências que depois se viram contra nós. Como os excessos (e os abusos) de confiança, por exemplo. Ou qualquer acção incorrecta para com terceiros, desproporcionada, indevida, ou mesmo indigna.
Às vezes vamos longe demais...

Hoje, como referi abaixo, tive do meu lado o pragmatismo e a lucidez de quem me abriu os olhos para mais um erro imbecil que andei a cometer. Que teve um preço, claro, mas poderia vir a custar-me muito mais. E esta é a parte bonita desta posta, numa fase em que vos prometi incidir sobre a beleza das coisas. Quem me ofereceu o safanão de que precisava para despertar duma estranha letargia em que mergulhei tempos atrás vai merecer o meu reconhecimento para a vida inteira (e espero que estejas a ler estas linhas, pois é com gratidão genuína que o afirmo). Porque me poupou a uma perda imensamente maior que o futuro certamente reservaria, caso eu insistisse em trilhar o caminho com os olhos fechados à razão.

Eu optei mal, apostei no cavalo errado da minha consciência, da minha paupérrima inteligência emocional. E isso conduziu-me a actos indignos de mim cujo troco a vida me foi dando aos poucos, em crescendo, até ao ponto em que só uma intervenção enérgica impediria de se transformar num martírio ou num final infeliz para algo que muito prezo.
Tive a sorte de ter alguém que o tomasse a seu cargo, essa atitude necessária. Outros não têm a mesma sorte que eu, ou não prestam a devida atenção aos tais pequenos avisos (profecias?) que a vida nos entrega.

Devolvida ao remetente, cada uma das nossas acções (as boas como as más), cada uma das nossas intervenções é uma pedra lançada ao céu que depois pode tombar na nossa cabeça. Maior quanto pior seja a vilania e as respectivas consequências. E essas permitem avaliar o quanto fomos ou não longe demais num conflito, numa teimosia ou numa simples embirração. Há desfechos que não se podem permitir, são excessivos relativamente ao que quer que esteja em causa. O tal momento de dizer basta que descobri e gostaria que toda a gente fosse capaz de ter em conta, no momento de ir (ou não) um nadinha mais além num qualquer assomo ou crise de estupidez como as que protagonizo em demasia.

Eu lamento muito as consequências de tudo quanto faço (e reconheço) errado. Não pelo que isso implica de peso na minha consciência (que a tenho), mas pela evidência que constituem de que não soube quando parar e isso repercutiu-se na sensibilidade ou mesmo na vida de alguém. E mereci cada um dos castigos que chegaram, quase masoquista, tal como me sinto merecedor da oportunidade que me chegou por voz amiga.

É talvez a única forma de aprender este tipo de lição, olho por olho, até abrirmos a pestana de vez e nos metermos no nosso devido lugar. A humildade em vez da arrogância, o arrependimento em vez da euforia, as voltas trocadas pela moeda (de troca) forte da vingança que a vida nos retribui, de uma forma ou de outra.
É feio, à partida, mas faz todo o sentido quando nos vemos atingidos ou atingimos alguém com o mal que qualquer um pode fazer.

Gostava que estas minhas conclusões tivessem chegado mais cedo, para me poupar (e a terceiros) a uma data de desgostos evitáveis.

E lamento muito que sempre haja algures quem possa partilhar comigo o arrependimento de descobrir o mesmo.
Mas tarde demais para evitar piores consequências.

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

Arquivo

    1. 2022
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2021
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2020
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2019
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2018
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2017
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2016
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2015
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2014
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2013
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2012
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2011
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2010
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2009
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2008
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2007
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2006
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2005
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2004
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D

Já lá estão?

Berço de Ouro

BERÇO DE OURO