05
Jul06
DE CABEÇA ERGUIDA
shark

Acabou o lindo sonho. Saímos do palco principal e baixamos em definitivo a fasquia, magoados pela derrota mas sem motivo para nos sentirmos humilhados ou com vergonha.
A alta competição é assim mesmo, não há perdão para certas falhas, para deslizes que são castigados com crueldade na verdade do marcador.
Não há coração que resista a desgostos tão profundos, mas o futebol, como a vida, é mesmo assim. Há que dar a volta por cima e ignorar o sentimento de revolta, a desilusão, as cenas foleiras que nos invadem quando atribuímos demasiada importância ou criamos demasiada expectativa relativamente ao que, afinal, não passa de um jogo.
Por vezes o jogo é mal jogado, por desgaste dos jogadores ou apenas porque nem sempre eles enfrentam dias bons. Mas em momentos decisivos isso pode hipotecar um sonho, um objectivo ambicioso. É que o adversário não perdoa, como a França provou. Fria, cínica, implacável, impiedosa. E letal.
A esperança trucidada num momento infeliz. À bruta.
Agora, no próximo jogo tanto faz ganhar ou perder. É quase como se fosse a feijões. E o país regressará ao seu ritmo normal, aos poucos, depois de recuperar o chão que fugiu sob os pés. Entristecido, sem dúvida, mas convicto da sua capacidade para surpreender pela positiva. No mesmo campeonato ou naquele que venha a seguir.
Temos equipa. Faltou-nos apenas um adversário que nos permitisse aplicar o melhor do nosso futebol.
Mas os outros também jogam. Ou não deixam jogar