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CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

CHARQUINHO

Sedento de aprendizagem, progrido pelos caminhos da vida numa busca incessante de espíritos sábios em corpos docentes. (sharkinho at gmail ponto com)

04
Jul06

E AMAR BASTARIA

shark
alter ego.jpg

Todo o ciclo tem um fim. Que pode apenas ser um reinício, noutros moldes, como pode revelar-se um complicado processo de transição. A mudança e a esperança num ciclo melhor. Ou no mínimo igual.
O preço da readaptação a novos espaços, a novos ritmos, a novas pessoas até. A incógnita. A insegurança. E o desafio de fazer melhor, aprendida a lição.
Ou não, prisioneiros que somos da teimosia na aposta que fazemos num determinado perfil. Ou numa dada opção. As escolhas que nos competem no pouco que decidimos do que o futuro trará.
Ou não, outra vez. Porque não existem duplicados ou repetições.

E porque algo que se fez pode estar errado apenas em função da conjuntura e ser perfeito na que vier a seguir. A dúvida que se impõe. A incerteza. E a garantia de que vale a pena tentar outra vez, ultrapassada a desilusão. Coisa pouca, feitas as contas, quando o saldo se revela ganhador.
Aquilo que nunca se perde porque nada existe de nosso afinal, senão as memórias da interacção com as coisas e com as pessoas que nos moldam a existência que retocamos com pinceladas vaidosas de um ego castigador.

Dos outros, o nosso, e o contrário também. Conflito de interesses nas rotas de intersecção e o sentimento de posse sem sentido algum. Das pessoas, sobretudo. Estapafúrdio. Porque a vida é um estúdio onde apenas figuramos e nem todas as cenas partilhamos pois é único o papel que o acaso atribui a cada um. A sorte e outros factores, aleatórios, que nos incutem castrantes no âmbito do que chamamos educação. A moral e a religião, mais a opinião dos vizinhos. Aquilo que nos é imposto menos tudo o que alguém entendeu proibir. A sociedade, enfim, o grupo anónimo onde descartamos as culpas para os outros que passaram e as consequências para aqueles que virão.

A força da tradição, obsoleta, mas consagrada nos costumes que repetimos sem questionar. A herança da geração anterior, que nos confunde, até abraçarmos um caminho que nos sirva melhor. Atenuantes da treta para as merdas que nos atrapalham e impedem a progressão em mais um ciclo que assim se completa, inibido. O futuro interrompido pelas questões de pormenor, as mais supérfluas. Sem a nada a ver com as emoções. Apenas os feitios, preponderantes, mais as tais cenas “marcantes” que sobrevalorizamos em busca de justificações disparatadas para a nossa estupidez.

Tentar outra vez. Falhanços esquecidos, perdões garantidos pelas desculpas de conveniência que o ego sabe sempre providenciar. Esquecemo-nos de amar, no meio da confusão. De estar presentes sem apresentar facturas das nossas amarguras provocadas sem querer.
Esgotamos a paciência em exercícios inócuos de esgrima mental e a única resposta é tão simples de descobrir.

Mas as nossas contas, tão complicadas, são sempre de sumir.
04
Jul06

BOCA DO INFERNO

shark
rumo a ti.jpg

Escuto o vento e vibro por dentro com o arrepio desse calor. Intermitente, ofegante, o sopro que me agita os cabelos à sua passagem, o prazer de uma aragem que anuncia a tua presença em mim. Distante, mas logo ali.
A brisa do levante na minha garganta, o som que me encanta, os pássaros anunciam estridentes mais um dia a morrer. E eu a tremer, pela iminência da acalmia, escuto o vento que há pouco gemia como se temesse parar de soprar.

Enche-se o peito do céu com a fúria desvairada de um furacão, a tua emoção tempestuosa, na boca das nuvens um grito que impeço de soar. A minha mão na tua boca e o vento entre os dedos, tão quente, escapa imprudente para a periferia do meu coração.
O desejo reanimado pelo sopro encantado de um suspiro teu, guloseima. Para o meu corpo que teima em quedar-se inerte nas rochas, alheio ao frio, cativo da imaginação soprada e pelo vento transportada até junto de mim.
Sentada a meu lado, feliz.

E eu sonho acordado pelo vento despertado pelas palavras que lhe sussurras, ao nosso carteiro secreto que agita os arbustos ali atrás. Sei que sou capaz de te decifrar em cada mensagem escrita na folhagem em forma de som. Identifico-o sem custo, o tom, e interpreto a melodia empolgante que me soa a tua voz.

Existe em nós um vento interior que sopra rebelde com a força do amor.
E eu sinto-me atraído pela fúria de um tornado de Verão.

Para os braços feitos asas da emoção descontrolada que te reclama, marioneta arrastada em espiral pelo louco vendaval da minha paixão insana.

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